A RELIGIÃO
DE UMBANDA E SUA AFIRMAÇÃO
Podemos
inferir, de tudo o que já foi dito, que estamos em pleno período de afirmação
doutrinária da Umbanda. Uma fase como essa
não pode se restringir a negar conceitos.
Sabemos que na primeira fase, a de expansão, as grandes discussões da
Umbanda se prendiam à sua origem (Vedas, Atlantes, Sumérios, etc.) ou da origem
do próprio vocábulo (védico, sânscrito, celta etc.); essas buscas tinham o
sentido de afirmar a Umbanda não como uma religião brasileira, mas, sim, como
uma religião antiga, que voltava até nós, e por esse fato mais confiável. Hoje
sabemos que esta discussão já se tornou ociosa, já não tem mais sentido, pois cada
vertente de nossa Religião, já determinou em que acreditar. Devemos ressaltar
que, mesmo aquelas vertentes que buscam resquícios de nossa Religião em épocas
antigas, no passado milenar, hoje já têm como certo que o atual momento se
iniciou com o seu anúncio pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas. Assim, o período
de afirmação doutrinária iniciou-se a partir do momento em que a evidência, de
que era irrefutável que a origem brasileira da Umbanda. Por isso, como
dissemos, mesmo aqueles que buscam na antiguidade a origem da Umbanda, já aceitam
que a nossa religião realmente teve um renascimento no Brasil.
A base
filosófico-religiosa da Umbanda é, sem nenhuma dúvida, aquela pregada por
Cristo, mesmo aqueles que acreditam no seu aparecimento na antiguidade, não
podem negar essa afirmação, já que além de ser anunciada em uma mesa
kardecista, portanto estudiosa do Evangelho, foi anunciada por um Caboclo que
se identificou como um jesuíta em uma encarnação passada. Além disso, o Caboclo
das Sete Encruzilhadas afirmou que esse movimento se iniciou no plano astral
sob a orientação de Santo Agostinho. Essa fala encontra-se gravada e foi
distribuída por Mãe Maria de Omolu, da Casa Branca de Oxalá, a todos que
solicitaram, juntamente com muitas outras falas do Chefe – como é chamado o
Caboclo na Tenda N. Sra. da Piedade.
Esses
ensinamentos de Jesus Cristo, esposados pela Umbanda, ultrapassam vinte séculos
como a maior força timoneira da humanidade na caminhada espiritual. Na verdade,
antes de Jesus, entre os séculos V e II a.C. vários líderes religiosos essênios
já apresentavam as bases daquilo que posteriormente veio a configurar a
religião cristã. Dentre eles, figura o então chamado Mestre da Retidão, líder
essênio, cujas orientações religiosas já adiantavam quase tudo o que Jesus
viria a dizer.
Se
isso é verdade, porque razão Cristo foi quem marcou nosso mundo? Exatamente por
sua missão Crística. E esta missão foi tão forte, tão inconteste, que a
filosofia pregada por Cristo, do amor entre todos e de nossa filiação direta a
Deus, além de marcar uma Era, marcou o calendário e se espalhou por todos os
cantos do mundo. Do extremo oriente ao
ocidente, Cristo é hoje reconhecido como aquele que veio trazer a mensagem do
Pai. Assim, a Umbanda não deve temer assumir Jesus Cristo como seu maior
orientador. Na verdade, Ele não é
propriedade de nenhuma religião. Se buscarmos em alguns pensadores cristãos
suas bases filosófico-religiosas veremos o quanto elas são compatíveis com a
Umbanda, inclusive no que concerne à definição dada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas,
ou seja, “A manifestação do Espírito para a caridade”. Ao analisarmos com
cuidado esses escritores, religiosos ou laicos, veremos ainda o quanto foi
deturpada a mensagem que foi trazida por Jesus, por algumas Igrejas que hoje se
apresentam como exclusivas representantes de Cristo.
A esse
argumento, somam-se outros de caráter filosófico e histórico. O Caboclo das Sete Encruzilhadas sempre
afirmou a presença na Umbanda da filosofia cristã; sempre se utilizou do
Evangelho como apoio de suas pregações; enquanto o seu médium esteve vivo
manteve a Umbanda dentro de seus princípios incruentos. No entanto, tal como
todas as religiões que não possuem um líder máximo, a Umbanda esteve sempre
sujeita a um processo de corrupção de sua doutrina e de seus rituais por pessoas
mal-intencionadas. No entanto, isso não é exclusividade da nossa religião. Vemos
isso também em várias religiões como o Kardecismo, o Candomblé e muitas Igrejas
Neopentecostais, porque o que realmente acontece é a assunção ao posto de líderes,
Sacerdotes, Pais de Terreiro e de Santo, Presidentes, Pastores, etc. de pessoas
cujo único interesse é tirar vantagem daqueles que incautamente caem em sua
conversa. Neste período de afirmação doutrinária, deveremos nos preocupar com
pelo menos com três linhas de pensamento e atuação.
A
primeira, é a afirmação dos princípios cristãos da Umbanda; a segunda, é um
processo de afirmação do seu rito, depurado de todos atos que, por uma mistura
indesejada, vieram descaracterizar a Umbanda; a terceira é a criação, naquelas
Casas da verdadeira Umbanda, que ainda não o possuam, de um ritual de formação
sacerdotal, visando ordenar sacerdotes que se comprometam com as duas primeiras
vertentes. Aquelas Casas que tenham já o seu ritual, deverão mantê-lo e, se possível,
aprimorá-lo, no sentido de formar sacerdotes que, além da espiritualidade e da
religiosidade, se aperfeiçoem intelectualmente e que se comprometam com essas
três linhas de afirmação doutrinária.
No
tocante à primeira – afirmação dos princípios cristãos da Umbanda – devemos executar
um trabalho de avaliação dos inúmeros livros com base na filosofia cristã para
que, após um acurado estudo, assentarmos[1]as
bases cristãs da Umbanda. É claro que outras doutrinas religiosas, construtivas,
podem ser também aceitas, mas sempre dentro daqueles parâmetros cristãos, ou
seja o amor e a caridade. Aproveito para deixar aqui, alguns princípios que deverão
ser revistos na Umbanda. Não se pode
aceitar as interpretações que foram feitas do Evangelho de Cristo que conduzem
seus ensinamentos a:
- Um
Deus vingativo e punitivo;
- Inexistência
da comunicação com as almas;
- O
carma como punição divina;
- Inexistência
da reencarnação.
Além
disso, temos alguns princípios, verdadeiros dogmas, para que sejam melhor
compreendidos pelos praticantes umbandistas:
- A
autodeterminação: existência de “dois momentos” de livre arbítrio, um no
preparo da nova encarnação e outro quando já encarnado, onde, no primeiro
momento, o ser humano faz opções fundamentais a respeito de sua nova existência
na terra e no segundo, quando já encarnado, seguir ou não o caminho previsto;
- Nós,
como nossos próprios juízes, após nossa morte física: não devemos colocar na
mão de qualquer divindade ou espíritos o nosso julgamento após a morte. Nós
mesmos faremos isso. Quando já desencarnados e com a visão de todas as nossas
existências, inclusive a que acabamos de deixar, faremos um balanço de tudo que
fizemos, daquilo que conseguimos melhorar e de tudo o mais que ainda
necessitamos de evoluir.
- A existência
de um caminho de evolução para cada ser humano: a compreensão de que nosso
espírito é portador de uma centelha divina que vai se iluminando, tal qual um
diamante que vai sendo lapidado até se tornar um brilhante;
Esses
três princípios, quando perfeitamente compreendidos pelos filhos de Umbanda,
servirão de base a programação de suas próximas vidas encarnados.
Se nesses
princípios se baseia a nossa programação de encarnações futuras, eles significam
também que haverá um aperfeiçoamento permanente do espírito até chegar a um
plano de desenvolvimento tal que não necessitará mais reencarnar-se na Terra.
- "Amai
a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo" como os
mandamentos que definem a Umbanda; estes mandamentos representam a base cristã
da Umbanda. Como definiu o Caboclo das Sete Encruzilhadas, a Umbanda é a
manifestação dos espíritos para a caridade e somente seguindo esses dois
mandamentos, definidos por Cristo como os maiores e mais importantes de todos,
é que estaremos cumprindo nossa missão na Umbanda e em nossas vidas. Lembremos
uma definição de Chico Xavier, quando lhe perguntaram o que era a caridade. Ele
a definiu de modo muito simples: é o amor em ação.
Estas
e outras questões devem ser buscadas tanto nos livros já existentes como, se
nos for consentido, através de comunicações do Astral. Sabemos o quanto foi
deturpada a pregação do Cristo; sabemos também o quanto o poder temporal
superou a pregação da doutrina que nos foi trazida por Cristo, quando da
formação da Igreja Católica; sabemos quantas “reformas” foram feitas nos
Evangelhos em nome do fortalecimento desta mesma Igreja. Sabemos também o
quanto o Evangelho segundo o Espiritismo traz no seu bojo a influência da
comunicação de Almas que tiveram sua formação dentro do catolicismo. Por isso,
pode parecer difícil esse processo de separação daquilo que foi verdadeiramente
trazido por Cristo e aquilo que foi inserido em função de interesses da Igreja
ou de seus codificadores. No entanto, já existem estudos feitos ao longo desses
vinte séculos que permitem, enfim, fazer a separação do joio e do trigo, em
grande parte das escrituras cristãs. Existem versões feitas diretamente do
aramaico, do grego e do hebraico. Devemos estudar muito, mas, temos certeza de
que a Umbanda, que é uma religião que possui muito poucos dogmas, terá a ajuda
de seus guias e a sua doutrina aparecerá limpa, transparente, libertadora e,
por fim, se afirmará.
[1] Não se
trata de uma mera cópia ou da adoção de livros inteiros como representativos da
filosofia umbandista, mas, sim, da produção de obras religiosas inspiradas pelo
plano espiritual.
Muito obrigado pai Solano...A cada ensinamento mais FÉ e conhecimento...Sem dúvida os essênios estiveram com o Cristo ou o Cristo esteve com os essênios...E a UMBANDA é a essência da ligação entre ambos...
ResponderExcluirQue Oxalá os abençoe, Paulo Vitor.
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