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terça-feira, 29 de outubro de 2019

ATIVIDADES EXECUTADAS NO PLANO ESPIRITUAL





ATIVIDADES EXECUTADAS NO PLANO ESPIRITUAL

Em razão das atividades referentes ao trabalho de ensinamento aos espíritos que estão ali em processo de evolução, visando a uma próxima encarnação a Aruanda necessita de ter uma guarda, uma segurança, que impeça a intromissão de espíritos inferiores e de suas gangues. Esta guarda é composta pelos Exus. Lá, como aqui em nossos Terreiros, eles trabalham para evitar que falanges poderosas do mal penetrem naquele lugar. Por isso, lá reina a calma em todos os seus lugares. Quando um espírito chega na Aruanda ele é recebido por espíritos amigos, com uma grande alegria. É o seu renascimento no plano verdadeiro e definitivo. É encaminhado para um hospital se tem seu perispírito destruído por alguma mazela terrena; para uma Casa de Passagem se deve se deslocar para outros locais dentro de Aruanda; se é um Espírito sem maior dano em seu perispírito, passa por pouco tempo em um hospital e logo vai para Escolas e Trabalhos espirituais, para um período de novos aprendizados. Se é um Espírito com luz suficiente, já é engajado em trabalhos de ajuda e de ensinamento.

Naqueles casos em que seu trabalho é dirigido a pessoas determinadas, individualmente, eles as estão ajudando na sua caminhada, fortalecendo-as no enfrentamento de suas dificuldades ou as auxiliando na superação de seus erros, defeitos e vícios sem, entretanto, interferir em seu livre arbítrio e plano de vida. Para isso, trabalham sem necessidade de se manifestarem ou de incorporarem em médiuns. Fazendo uma comparação, para facilitar, eles são os Anjos que nos guardam e ajudam em nossa vida encarnada.

Quando o trabalho, dos espíritos de luz, está voltado para o nosso plano, em atividades que beneficiarão a humanidade, eles estão também, indiretamente, ajudando-nos em nossa caminhada terrena ou trabalhando pela paz e pelo avanço espiritual e tecnológico do mundo. Não são trabalhos destinados a um indivíduo, mas sim a todos os homens e mulheres de nosso mundo. Assim, eles procuram agir sobre os líderes da humanidade numa tentativa de evitar guerras; existe uma passagem no livro Nosso Lar, onde André Luiz percebe uma grande “agitação”, se pudermos usar este termo, e pergunta ao seu mentor o porquê daquilo e ele lhe responde que, apesar dos intensos trabalhos sobre os líderes mundiais, a espiritualidade não conseguirá evitar a segunda guerra mundial.

Além dessas tarefas, existem ações sobre espíritos encarnados, que já reencarnaram com tal missão em seu planejamento de vida e que colocam toda sua vida no trabalho de pesquisas que auxiliam no avanço tecnológico, nas artes, na medicina, etc. A finalidade deste trabalho é o de inspirar a esses espíritos escolhidos, em todos aqueles setores de interesse da humanidade, para que tenhamos maior tempo nessa terra e melhor qualidade de vida, trazendo, com isso, mais tempo para nossa caminhada evolutiva.
Com isso, vemos que todos os avanços que a humanidade consegue, são, em princípio, originários do plano espiritual. Lá se descobre, cria e elabora e aqui um ser encarnado, já preparado para isso, é inspirado para reproduzir, em nosso plano, aquilo que foi feito pelos espíritos. No entanto, muitos desses avanços são posteriormente transformados em instrumentos de destruição em massa ou para o enriquecimento de alguns poucos neste mundo. Neste caso, a espiritualidade nada pode fazer, pois aqui, na terra o que prevalece é o livre arbítrio de cada um.

Finalmente, esses espíritos dos planos superiores também se manifestam em nosso plano, através de diversas religiões, em médiuns para praticar a caridade. É o caso daqueles que se manifestam em nossa Umbanda, buscando ajudar aos filhos e fiéis de nossa religião. Estes Espíritos, com nível de desenvolvimento superior ao nosso, buscam sempre praticar a caridade em suas diversas formas. Estamos aqui, falando de nossos amigos, os Pretos Velhos, os Caboclos e todas as entidades que se manifestam procurando ajudar a cada um de nós, principiando pelo seu próprio médium.

No entanto, se nos fosse dado observar os planos inferiores, veríamos que tudo funciona do mesmo jeito. Às ações de bondade, caridade, adiantamento científico,  artístico e esclarecimento mental que os planos superiores fazem para nós, as dimensões inferiores contrapõem ações de maldade, egoísmo, atraso científico, distorção de objetivos dos conhecimentos adquiridos, atraso político e social. Muitas vezes atentam contra os encarnados que estão destinados a receber as intuições para a reprodução em nosso plano daquilo que o plano espiritual nos manda, desde o simples desviar dos seus espíritos através de vícios e más ações, até mesmo atentando contra suas vidas.

Além disso, procuram prejudicar os espíritos encarnados e desencarnados, que não estejam atentos à sua caminhada de evolução, com orientações perversas, que direcionam as atuações destes para caminhos que os distanciam daquelas que seriam suas tarefas. Aproveitam-se de desentendimentos passados para, através de um trabalho de convencimento, tornar um espírito desencarnado em obsessor de um espírito encarnado; transformam espíritos desencarnados em perseguidores de outros desencarnados, visando obstruir, com a raiva de ambos, ou com a raiva de um e o medo do outro, sua possibilidade de redenção e a perdurar, por longo tempo, essa desarmonia que na maioria das vezes passa a outras encarnações; também, desorientam os líderes para que tomem decisões que podem, em última instância, gerar até guerras.

Entre os planos superior e inferior estamos nós, nosso plano físico. Entretanto, existem diversos outros que à medida em que estão localizados acima ou abaixo do nosso dizemos que são mais evoluídos ou mais atrasados.
No entanto, essa explicação é meramente didática, já que muitos desses planos, na verdade, ocupam diferentes espaços, no mesmo plano, nos quais convivem ao mesmo tempo. Na verdade, alguns são localizados em dobras do espaço, ao mesmo tempo. Portanto, estamos em uma dobra do espaço e para entender isso imaginemos que dobramos uma cartolina ou um papel. Se atravessarmos uma agulha ou um prego nessa cartolina ou no papel, dobrados, quantas dobras quisermos fazer, podemos ter uma vaga ideia do que aqui foi dito. A agulha ou o prego estarão em diferentes dobras de espaço ao mesmo tempo.

Por isso dissemos que a colocação do nosso plano no meio é apenas uma forma didática de explicar já que, no geral, existem superposições e intercessões de planos que não estão ainda, agora, ao nosso alcance compreender ou entender a sua dinâmica. As escolas espiritualistas e ou esotéricas, normalmente, utilizam essa divisão em planos, na maioria das vezes em sete planos; a Teosofia ensina que além desses sete planos, cada um se divide em outros sete sub planos, conformando um total de quarenta e nove planos. Algumas outras colocam sete para baixo do nosso e sete acima. No entanto, não devemos entrar nesse tipo de discussão, já que não é esse o objetivo desse nosso texto. Por outro lado, também não nos é dado em plena consciência vê-los ou visitá-los, por isso, àqueles que isso é permitido, o é apenas em desdobramentos ou sonhos. Essas explicações têm apenas o objetivo de gerar algum entendimento, de algo que ainda é muito difícil para nós compreendermos totalmente.



terça-feira, 22 de outubro de 2019

O QUE É O MUNDO ESPIRITUAL




O QUE É O MUNDO ESPIRITUAL

Para nós, os fiéis de religiões espiritualistas, a dificuldade máxima que encontramos é, na maioria das vezes, conseguir compreender como o mundo espiritual funciona. Alguns imaginam que esse plano é absolutamente não compreensível, para nós os espíritos encarnados. Outros possuem ideias mirabolantes, imaginando um mundo pós cibernético onde as coisas funcionam de maneira automática. Outros imaginam um mundo como o nosso, mas dedicado apenas a atividades espirituais de socorros, ensinamentos, aprendizados, etc. Enfim um terceiro grupo simplesmente não pensa sobre isso. Como então podemos ser espiritualistas se não temos nem sequer ideia de como é a esfera espiritual.

Como temos visto, através das inúmeras obras psicografadas, a dimensão espiritual possui diversos níveis de vibração. São faixas vibratórias para onde se dirigem os espíritos após a morte do corpo físico. Cada um será conduzido para aquela com a qual se harmoniza. Apenas para um exemplo de outras concepções, algumas escolas esotéricas atuais e muitas de origem mais antiga e mesmo imemoriais, definem sempre como sete os planos de vivência do ser humano, variando do plano físico até o plano divino.

As primeiras perguntas que devemos nos fazer é que caminho iremos tomar após a nossa passagem, o que nos espera no chamado mundo espiritual e o que estamos fazendo para merecer um caminho de despego material, de mais luz e de maior crescimento espiritual. Estaremos em uma dimensão serena e imperturbada? Ou estaremos em um plano de perturbações e dores? Respondidas essas primeiras perguntas, devemos nos preocupar em como viveremos em cada faixa existente. Estaremos nela sem nada fazer ou existirão lá atividades que deveremos desempenhar? Estaremos felizes? Teremos amor? Como será? Chegaremos a um lugar de trabalho ou de ócio. Tudo dependerá de nós mesmos. Nós definiremos, aqui mesmo, o caminho que vamos seguir.

O mundo espiritual nada mais é do que o mundo físico aperfeiçoado. Existem cidades, colônias, hospitais, escolas, residências, trabalho, cultura, plantas, flores, rios e tudo o mais que existe nessa nossa Terra, porém em nível muito mais sutil, construídos e nascidos de forma muito mais tênue e menos bruta que a nossa matéria. Existe um enunciado esotérico que nos diz que: “assim como é embaixo é em cima”. Isto se dá porque o que se constrói, o que se cria embaixo também se plasma em cima, e o que se descobre, os novos conhecimentos na Terra, antes são plasmados no espaço.

O que deve ser enfatizado é que a matéria prima de tudo que lá existe é muito diferente daquela que conhecemos aqui em nossa dimensão. Para entender esse tipo de energia que conforma a Aruanda, assim como todo o espaço, vamos usar como exemplo uma forma de energia da qual a Teosofia[1] nos fala. Se você pensa, por exemplo, em Papai Noel, uma forma pensamento de Papai Noel será formada no espaço[2].  O que a constrói são as ondas energéticas emitidas pelo pensamento e, portanto, são extremamente sutis.

Nos Planos Espirituais, a energia usada é muito mais sutil do que a existente em nosso planeta e, quanto mais elevada é a dimensão, mais sutil se tornam as diferentes coisas que ali são plasmadas. Esta energia conforma, portanto, aquilo que se convencionou chamar de matéria astral ou matéria extrafísica. Com isso, as construções são sutis, diáfanas, translúcidas, mas absolutamente nítidas por aqueles a quem for dada a felicidade de poder enxergar essas dimensões. Um plano onde não há a matéria densa que predomina na terra, mas sim matéria diáfana, como o nosso perispírito e, em alguns casos, até mais sutil.

Pelas comunicações dos espíritos, e por vidências acontecidas, a Aruanda é um local com construções modernas, como se prevalecesse um tipo de vidro que você apenas intui sua presença, por ser absolutamente translúcido. Sua transparência é enorme e o ar límpido torna-a ainda maior. Existe muita água e é tudo extremamente diáfano. Ao seu entorno, muitas plantas e jardins. Ao lado das construções, uma floresta, muito verde e que adentra vários lugares da cidade, Inter penetrando-a e formando um conjunto único e harmônico. A floresta parece mais verde e mais viva, é o efeito da matéria não densa. Essa floresta é a Mata da Jurema, que tanto cantamos em nossos terreiros, quando homenageamos os nossos Caboclos. Ao olharmos aquilo que na terra é matéria densa, se tivermos a oportunidade de ver Aruanda, descobriremos que lá as cores são mais belas e sua consistência mais delicada. Isto não quer dizer que a Aruanda seja assim, mas é a forma que nos é mostrada para que consigamos entender. 

Em um dos livros de André Luís ele narra, através de seu médium Chico Xavier, um fato ocorrido em uma de suas viagens astrais demandando a Terra. O grupo de Espíritos, com o qual estava, parou em uma Casa de Passagem. Lá ele viu um quadro e comentou que ele já conhecia o original dele, na Terra, da época de sua última encarnação e que a única diferença é que este, o que ele agora via, tinha cores mais fortes, mais brilhantes. O Espírito chefe da Casa lhe respondeu que o original era este que ele via agora e que o outro era uma reprodução que havia sido intuída pela espiritualidade ao pintor. Esse fato nos mostra que todas as obras inventadas ou criadas pelo homem, para o bem, para a beleza, para o enlevo dos espíritos encarnados partem do plano espiritual e são recebidas pelos que serão, aqui na Terra, seus autores, pois estes já vieram preparados para isso. Quanto ao conhecimento e as tecnologias, o ser humano, pelo seu livre arbítrio, os utiliza da forma como queira, por isso, muitos conhecimentos científicos são transformados em armas letais contra o próprio ser humano. Porém, o plano espiritual nada tem a ver com isso. São invenções que provêm da inteligência humana e nada mais do que isso.

Na Aruanda, os espíritos trabalham nas mais diversas ocupações. Suas tarefas estão voltadas ou para sua própria dimensão ou para o nosso plano. Quando trabalhando em missões voltadas para seu mundo, eles estão socorrendo os recém desencarnados, ensinando nas escolas, trabalhando em artes, ciências, hospitais e outras atividades.


[1]A origem da palavra Theosophia é grega e significa primária e literalmente Sabedoria Divina. Foi cunhada em Alexandria, no Egito, no século III d.C. por Amônio Saccas e seu discípulo Plotino que eram filósofos neoplatônicos. Fundaram a Escola Teosófica Eclética e também eram chamados de Philaletheus (Amantes da Verdade) e Analogistas, porque não buscavam a Sabedoria apenas nos livros, mas através de analogias e correspondências da alma humana com o mundo externo e os fenômenos da Natureza. (Definição da Sociedade Teosófica no Brasil)

[2]Segundo a teosofia formas-pensamento são criações mentais que utilizam a matéria fluídica ou matéria astral para compor as características de acordo com a natureza do pensamento. Deste ponto de vista, encarnados e desencarnados podem criar formas-pensamento, com características boas ou ruins, positivas ou negativas

terça-feira, 15 de outubro de 2019

RELIGIÕES DO RIO 1904 Sexta Parte


·        O Espiritismo

O Iluminismo é, em essência, o fim do período em que o homem viveu sem perceber que não só ele podia, como devia buscar o seu próprio eu. Até então, o homem era voltado somente para seu ego, ou seja, sua parte material.  O cuidado com seu espírito, sua alma e seu corpo não era uma incumbência dele. De certa maneira, ele se beneficiava com isso, já que ser responsável por si implica uma grande parcela de riscos e muito trabalho. O espiritismo vem colocar essa questão em outro patamar: nós somos responsáveis por nosso processo evolutivo.

O iluminismo, conhecido como século das Luzes, apareceu entre os pensadores europeus, em meados do século XVII e teve uma vida prolongada até início do século XIX. Esse movimento propunha reformar a sociedade, levando o homem a um maior conhecimento e interação com a natureza. Defendia o intercâmbio cultural e posicionava-se contra as intolerâncias da Igreja e do Estado. Um de seus iniciadores, Baruch Spinoza (1632-1677), tem uma concepção de Deus que mostra com clareza a liberdade desejada pelo Iluminismo para os homens. O Iluminismo vem colocar em cheque o que se chamava a idade das trevas. Foi na esteira deste movimento político e cultural que veio à luz o Espiritismo, através das obras de Kardec.

O espiritismo teve como precursor mais importante, conforme dissemos anteriormente, Emanuel Swedenborg, sábio, cientista e médium sueco, nascido em Estocolmo, em 1688  e falecido em Londres, em 1772. Foi seguramente um dos maiores médiuns de todos os tempos, pois, além de clarividência, vidência e audiência, possuía também a de efeitos físicos.

Em 1846 nasceu Leon Denis, aquele que é considerado o filósofo da doutrina espírita, escritor com várias obras a respeito do espiritismo.

Em 1857 foi lançado O Livro dos Espíritos, primeira obra em que se estabelecem os princípios do Espiritismo. Em 1861 veio à luz O Livro dos Médiuns que traz explicações necessárias para esses fenômenos, àquela época, novos para o mundo. Em 1864 foi a vez da humanidade conhecer O Evangelho segundo o Espiritismo, livro baseado na Bíblia, com a finalidade de definir os padrões morais do Espiritismo. Dentre as obras, mais importantes dessa doutrina, vem a público, em 1865, O Céu e o Inferno,  onde Kardec analisa criticamente a visão da doutrina católica sobre o plano a que chegariam os espíritos quando desencarnados. Finalmente, em 1868 foi publicada A Gênese, uma obra em três partes, que trata da Gênese, da formação dos mundos e da criação dos seres animados e inanimados em sua primeira parte; na sua segunda parte trata dos milagres de Jesus e como podem ser explicados, à luz da doutrina espírita; a terceira parte explica como e porque podem se dar as previsões de coisas futuras, os pressentimentos, as intuições, e outros fatos relacionados aos assunto.
O primeiro Centro Espírita no Brasil foi criado em 17 de setembro de 1865, na Bahia, por Luís Olímpio Telles de Menezes. No Rio de Janeiro, o primeiro Centro Espírita fundado foi a Sociedade de Estudos Espiríticos – Grupo Confúcio, em 2 de agosto de 1873. Em 01 de janeiro de 1884 foi criada no Brasil, a Federação Espírita Brasileira e eleita sua primeira diretoria. Seu primeiro presidente foi o major Francisco Raimundo Ewerton Quadros.

Como adiantamos ao início desses textos, que postamos a respeito do livro Religiões do Rio, de João do Rio, em nenhum momento o autor encontrou qualquer ritual que fosse parecido ou tivesse o nome de Umbanda. Muitos confundem o mediunismo, que, obviamente, era praticado naquela época, anterior a 1908, e em épocas muito mais remotas da humanidade, com o Culto de Umbanda. O mediunismo existe desde os primórdios da humanidade, mas sempre foi usado com outras finalidades que não a da Umbanda: A Manifestação do Espírito para a Caridade.



terça-feira, 8 de outubro de 2019

RELIGIÕES DO RIO 1904 Quinta Parte





·        Os Maronitas

O Patriarcado Maronita remonta aos primeiros séculos depois de Cristo, mais precisamente aos séculos IV e V. Teve sua origem na Antioquia, lugar da primeira sede do Catolicismo, fundada por São Pedro; este fato explica a concessão exclusiva ao Patriarca de acrescentar o nome Pedro ao seu próprio nome. O mosteiro de São Maron, eremita, fundador dessa Igreja, influenciou profundamente hábitos e comportamentos religiosos dos fiéis, fortalecendo a causa para o nascimento da Igreja Maronita durante a ocupação árabe no Oriente Médio; sua língua litúrgica é o aramaico, a mesma que Jesus Cristo falava.

O Imperador Marciano, no século V, ordenou a construção do Mosteiro de São Maron, berço da Igreja Maronita, logo depois do Concílio Ecumênico de Calcedônia, evento que determina a rejeição ao monofisismo Cristão – posição teológica que concedia a Jesus somente a natureza divina – fazendo-se reconhecidas e incontestáveis as naturezas divina e humana de Jesus Cristo.

Convidados pelo bispo D. Sebastião de Paes Leme, chegaram ao Rio e ao Brasil os primeiros padres missionários libaneses maronitas, em19 de junho de 1891, quando então começaram sua atividade religiosa no Brasil. A paróquia Nossa Senhora do Líbano em São Paulo foi a primeira paróquia maronita no Brasil. O primeiro pároco foi o Padre Yacoub Saliba que veio de Miziára, norte do Líbano, e chegou em São Paulo no início dos anos de 1890. A paróquia situava-se então no atual Parque Dom Pedro; foi destruída em função dos planos urbanísticos realizados na região.

Atualmente o bispo maronita no Brasil, e esse é o maior posto hierárquico da Igreja no Brasil, é o Bispo libanês D. Edgard Madi, sagrado na Catedral do Líbano, em 2006(1)Seu líder maior é o Patriarca da Antioquia e de todo o Oriente. Sediado no Líbano, tem, por isto mesmo, seu principal grupo naquele país. Apesar de estar no âmbito da Igreja Católica Apostólica Romana possui um rito e uma liturgia diferentes dela.


·        Igreja Positivista

“O Amor por princípio, a Ordem por base e o Progresso por fim”[2].

A Igreja Positivista do Brasil, fundada em 11 de maio de 1881 - por Miguel de Lemos, na Rua do Carmo, 14, no Centro do Rio de Janeiro. A instituição foi criada a partir da reformulação da Sociedade Positivista que ali funcionava. Em junho do mesmo ano, a Igreja Positivista do Brasil se instalou na Travessa do Ouvidor, 7, também no centro da cidade do Rio de Janeiro. Em 1890, a instituição foi para uma sala na Rua do Lavradio, 126, onde aguardou a construção de sua sede própria, o Templo da Humanidade, na então chamada Rua Santa Isabel, hoje Rua Benjamin Constant, na Glória. Em 1891, a Igreja Positivista do Brasil mudou-se definitivamente para o Templo da Humanidade (1890-1897), ocupando então apenas a parte frontal do prédio, onde foi instalada uma pequena capela. O prédio completo foi finalmente inaugurado no dia 1 de janeiro de 1897.Foi o primeiro edifício construído, no mundo, para difundir a Religião da Humanidade, no dia 08 de Arquimedes do ano 88, - 08 de abril de 1888- de acordo com o calendário Positivista(3).

Surgia a sociedade estabelecida nos padrões da filosofia positivista, passando a denominar-se em 1878, Sociedade Positivista do Rio de Janeiro, filiada à Igreja Positivista da França. Entre as teses do Apostolado Positivista estavam a instalação e imposição da república, a elaboração de um novo projeto constitucional, a separação da Igreja do Estado, uma ampla reforma no ensino e a liberdade como princípio universal, fundamentado no princípio da ordem e do progresso. Os princípios básicos dessa igreja eram: o amor por princípio; a ordem por base e o progresso por fim. Defendia também que se devia agir por afeição e pensar para agir. O positivismo e os positivistas tiveram uma enorme influência na instituição do sistema republicano no Brasil, daí o lema da nossa Bandeira, Ordem e Progresso.

·        Culto aos Mortos

Dentro da cultura de quase todas as raças primitivas, em seus remotíssimos agrupamentos, os cultos aos mortos atingiam proporções espantosas. Inúmeras eram as tribos que se entregavam às  invocações de seus antepassados por meio de encantamentos e de cerimônias de magia. 

0 Egum não é o morto que volta à terra em forma espiritual e visível aos olhos dos vivos. Ele não renasce, mas na verdade ele não parte, ficando vagando em nossa dimensão. Corresponderia àquilo que popularmente chamamos de almas penadas.

Na matriz africana, normalmente, aqueles que cultuam os espíritos dos mais velhos de diversas formas, o fazem de acordo com a hierarquia que tiveram dentro da comunidade e com a sua atuação em prol da preservação e da transmissão dos valores culturais. Só os espíritos especialmente preparados para serem invocados e materializados é que recebem o nome de Egungun, Babá Egun ou simplesmente Babá (pai), sendo objeto desse culto todo especial. Na África, alguns Orixás já viveram na terra, como Xangô, Oyá, Ogum, Oxossi e outros, e são provenientes da ancestralidade de cada tribo, vila, cidade ou mesmo país, e como tal são cultuados. Do culto a Xangô nasceu o culto aos Egungun, na África, e que até hoje é praticado na Ilha de Itaparica, na Bahia.

O objetivo principal do   cultos aos Eguns, no início do século XIX, era tornar visível os espíritos dos ancestrais, agindo como uma ponte, um veículo, um elo entre os vivos e seus antepassados. E, ao mesmo tempo que mantinha a continuidade entre a vida e a morte; o culto também mantinha estrito controle das relações entre os vivos e mortos, estabelecendo uma distinção bem clara entre os dois mundos, o dos vivos e o dos mortos – ou seja, os dois níveis da existência.

Assim, os Babás, desse culto, trazem para seus descendentes e fiéis suas bênçãos e seus conselhos, mas não podem ser tocados, e ficam sempre isolados dos vivos. Sua presença é rigorosamente controlada pelos Ojés - sacerdotes do culto – e ninguém pode se aproximar deles.

·        Nova Jerusalém

Dante Alighieri escreve na Divina Comédia que todos aqueles que cometem pecados iriam para o inferno.  Swedenborg foi o primeiro a contestar esse conceito que era próprio das religiões judaico-católicas.  Ele afirmava que Deus queria a salvação de todos e não condenava ninguém ao inferno.

Criada no Brasil em 1898, em Lamim, Minas Gerais.  Baseia-se nos ensinamentos de Swedenborg.  Considerado como um dos precursores da filosofia espírita, em suas obras “Céu e Inferno”, “A Nova Jerusalém” e “Arcana Caelestia”. Swedenborg já apresentava em sua infância seus dotes de médium. Foi um dos maiores médiuns entre os videntes, de toda a história do espiritualismo. Pode ser considerado, o pai dos fenômenos supranormais.

O fundador da Nova Jerusalém foi o Sr. de la Fayette, cidadão mineiro, que recebera revelações, em Paris, alguns anos antes. Esse fato tornou-o desejoso de conhecer a verdade espiritual, e, para que a verdade brilhasse, o Sr. de la Fayette observou logo um rigoroso regime de temperança em todas as coisas.

A nova igreja possuía um catecismo que explicava e resumia a Nova Jerusalém e a sua doutrina celeste. Assim o homem foi criado por Deus para amá-lo e fazer o bem ao próximo. O homem, segundo essa Igreja, aprendia a fazer o bem nos dez mandamentos.

O homem devia reconhecer o Senhor, como o único Deus, em que estava encarnada a Santíssima Trindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A Trindade perfazia numa só pessoa a alma, o corpo e o ato da obra. Na Trindade Divina, o Pai é a alma, o Filho o corpo, o Espírito Santo a operação, condensados numa só pessoa – Jesus Cristo. Esta era a sua divergência capital com o Catolicismo já que "Deus não é solitário, Deus é solidariedade! Deus é Pai, é Filho e é Espírito Santo, Deus é família: é Pai e Filho, Ele é o Espírito que existe entre o Pai e o Filho. Deus é Pessoa. A Trindade não é uma composição de três indivíduos, mas de Três Pessoas e uma pessoa somente existe na relação com outra pessoa, ou seja, o Pai é pai porque tem filho, o Filho é filho porque tem Pai e os dois são pai e filho porque tem uma paternidade-filiação garantida pelo Espírito que há entre os dois. Isso é a Santíssima Trindade, uma relação de amor: o Pai é o amante, o Filho é o amado e o Espírito Santo é o amor do Pai e do Filho"[4].

A Nova Jerusalém era o cristianismo primitivo. Os seus membros não tinham ambições e ajudavam-se uns aos outros, praticando a caridade, o único amor capaz de nos desprender de nós mesmos para nos aproximar de Deus. A regeneração vinha da oração. O homem orava só a Jesus, porque o mais é idolatria. Todas as ciências e religiões nada são sem o conhecimento de Deus.



(1)Maiores informações sobre essa Igreja podem ser obtidas em sua página na Internet.
(2) Lema dos positivistas.
[3] Blog da Igreja Positivista do Brasil – IPB
[4]http://noticias.cancaonova.com/brasil/padre-explica-dogma-da-santissima-trindade/ interpretação fornecida pelo Padre João Carlos Almeida (SCJ) ao site acima.

terça-feira, 1 de outubro de 2019

RELIGIÕES DO RIO 1904 Quarta Parte





Missa Negra


A missa negra é a missa católica rezada ao contrário. Tem como finalidade adorar Lúcifer e, supostamente, fazer o mal àqueles que seus seguidores consideravam como inimigos. Era uma variação do satanismo.

As Missas Negras, segundo seus seguidores, eram poderosíssimas e utilizavam, de acordo com eles, terríveis instrumentos para fazerem trabalhos de magia negra. Assim seu principal instrumento era a magia. Como podemos ver, os feiticeiros, a magia negra, o satanismo e a missa negra são cultos idênticos, com pequenas variações. Seus instrumentos são mais a energia individual ou a canalizada por seus praticantes do que a utilização da mediunidade, embora, como falamos anteriormente, ela quase sempre esteja presente em alguns de seus líderes.

O tipo de magia, de acordo com aqueles seguidores, produzido pelas missas negras era imparável, devastador. A sua realização não era celebrada para todo o tipo de situações e a encomenda de uma missa negra somente seria feita expressamente para um fim avassalador. A missa negra popularizou-se no séc. XVII, com as famosas missas satânicas do abade Guibourg. Com elas o abade realizava os desejos de quem o procurava, pagos, com antecedência, obviamente, a peso de ouro.

Ainda existem, em vários países do mundo praticantes deste culto, com o mesmo objetivo. Segundo a doutrina espírita, trabalhos feitos sob encomenda por pessoas que invocam o auxílio de espíritos das trevas e demônios e com eles faz um pacto é considerado Magia Negra.

Após 1908, a Umbanda, por isso mesmo, foi, por alguns autores chamada de Magia Branca, entre eles Leal de Souza, pois seria a única forma de combater a Magia Negra utilizando-se de entidades de luz que se reuniriam com a finalidade de praticar a caridade e livrar aqueles seres humanos de trabalhos que haviam sido feitos contra eles pela Magia Negra.

Devemos reafirmar que quando a pessoa consegue manter sua vibração acima daquela que foi utilizada, nenhuma magia negra se sintoniza com ela pois as ondas vibratórias se encontram em diferentes níveis. Pelo que foi descrito acima vemos que o trabalho do mago ou feiticeiro não conta necessariamente com o auxílio de espíritos inferiores; pode utilizar sua própria força magnética concentrando-se para que o mal aconteça a quem é dirigido.


Os Exorcistas


O exorcismo ainda é praticado na Igreja Católica, mas cada vez menos, e poucos são os religiosos autorizados pelo Vaticano para sua execução – lembremo-nos que estamos falando de uma realidade constatada em 1904. No início do século antepassado – século XIX – muitos padres e leigos, que se sentiam ou diziam que tinham poder para isso praticavam o exorcismo de espíritos vinculados às forças do mal.

Na antiguidade, nas culturas egípcia, babilônica, assíria e judaica atribuíam-se certas doenças e calamidades naturais à ação dos demônios. Para afastá-los, recorria-se a algum esconjuro ou exorcismo. A cultura ocidental recebeu essas ideias por intermédio da Bíblia e do cristianismo primitivo. 

No cristianismo, exorcismo é a cerimônia que visa esconjurar os espíritos maus, forçando-os a deixar os corpos possessos ou eliminar sua influência sobre pessoas, coisas ou lugares. Quando objetiva a expulsão de demônios, chama-se "exorcismo solene" e deve fazer-se de acordo com fórmulas consagradas, que incluem aspersão de água benta, imposição das mãos, conjurações, sinais da cruz, recitação de orações, salmos, cânticos etc.

Foi no judaísmo antigo que se atribuiu ao demônio intervenções muito concretas na vida cotidiana. O livro de Tobias (século II a.C.), de influência assíria, narra um exorcismo praticado mediante a oração e com as vísceras de um peixe. 

No Novo Testamento, que não apresenta modificações essenciais no que se refere ao exorcismo, o Evangelho de Marcos é o que insiste de maneira mais realista nos exorcismos praticados por Jesus e por seus discípulos. Em certos casos, trata-se de expulsar o demônio do corpo de possessos ou desequilibrados mentais e, em outros, da cura de enfermidades atribuídas à ação do demônio.

Os evangelistas se servem dessas vigorosas ilustrações para demonstrar a vitória de Jesus sobre Satanás e também para mostrar como seu povo se libertou do pecado. Assim, esses milagres seriam também um sinal da instauração do reino de Deus.

"Mas, se é pelo Espírito de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus já chegou a vós".[1]

Exorcismos na história, assim como as curas, foram comuns na igreja primitiva. Com o reconhecimento oficial da igreja sob o imperador Constantino, os exorcismos carismáticos – realizados informalmente por qualquer cristão – deram lugar à institucionalização da função do exorcista. O Rituale Romanum reuniu mais tarde diversos ritos de exorcismos para situações variadas. Também as igrejas reformadas estabeleceram tais ritos. 

Os exorcismos solenes, que têm por objeto expulsar o demônio do corpo de um possuído, são uma prática raríssima e só confiada, mediante permissão episcopal, a sacerdotes muito experientes.  Tendo tornado, a Igreja Católica, esse ritual extremamente fechado acabou por transformar-se, principalmente no final do século XIX e início do século XX, em uma espécie de dom, que os exorcistas alegavam ter para oferecer sua prática, seus serviços.  Com isso foi possível que, ele começasse a ser explorado comercialmente por indivíduos que se diziam capazes para tal tarefa. Apareceram então os exorcistas leigos que se ofereciam, a troco de um bom pagamento, para expulsar os demônios que eram falsos ou inexistentes.

O racionalismo do século XVIII conseguiu explicar muitos mistérios supostamente sobre-humanos, o que também sucedeu, de modo ainda mais intenso, com a descoberta do hipnotismo e da psicologia profunda no século XI. Os exorcismos embora raros, ainda acontecem nos nossos dias.


As Sacerdotisas do Futuro


O final do século XIX e o início do século XX foram períodos em que o esoterismo na Europa estava a pleno vapor. Tarô, cartas ciganas e baralhos comuns, eram os instrumentos usados por essas videntes. Normalmente, as praticantes eram mulheres com maior poder aquisitivo que viajavam e tinham contatos com esotéricos europeus e que se propunham a predizer o futuro. Existiam também cartomantes pobres que faziam de suas adivinhações e predições seu ganha pão.

A crença era de que só os cultores do futuro, podiam modificar a fatalidade, afastar a morte, sacudir o saco de ouro da fortuna, soltar o riso da alegria na tristeza dos séculos. As sacerdotisas do deus futuro infestavam o Rio de Janeiro, tomando conta de todos os bairros, prediziam a sorte aos ricos, compunham um mundo exótico e complexo de cartomantes, adivinhos, sonâmbulas videntes, grafólogas, feiticeiras e bruxas.  Essa gente se propunha a curar, salvar, desfazer as desgraças, erguer o véu da fortuna, e faziam com que, as pessoas, esperassem e acreditassem em seu poder. Eram sacerdotisas que viviam em prédios lindos ou em taperas – eram as pitonisas modernas, os oráculos gregos recriados.

Nesse meio tão variado havia pessoas ignorantes, pessoas cultas, advinhas e cartomantes que viam nas cartas caminhos estreitos e caminhos largos e algumas que não sabiam nem distribuir o baralho, sonâmbulas falsificadas. As sacerdotisas mais cultas estudavam as diversas formas de predição, pois tinham condições financeiras para isso. No entanto, as mais pobres, brancas e mulatas, se apropriavam dos moldes dos africanos, tais como os búzios ou dos baralhos comuns.


Culto ao Mar


Foi uma síntese entre a cultura dos negros, antigos escravos, que já se encontravam libertos do cativeiro, com a dos indígenas brasileiros já que ambas adoravam elementos da natureza e os astros. Esse culto era praticado pelos pescadores.

Era um culto variado, adoravam o cosmo, cultuavam a lua, o mar, as criaturas do mar e alguns elementos divinizados. Existiam três cultos: à Lua, ao Mar e ao Arco-Íris. O do Arco-Íris ocorria em Sepetiba e era a adoração de um deus que se curvava nas nuvens multicolorido, diáfano e luminoso. Era um deus cujas qualidades eram  extremamente  vagas, era a indeterminação, sem precisão no tempo e no espaço – pois ninguém sabia quando iria começar e quando iria acabar e nem onde se situava –quando pensavam que ele chegaria, ele não chegava, quando ao contrário achavam que ele não viria, ele vinha, quando achavam que poderiam se aproximar dele não conseguiam, era como se ele fugisse. Ele se erguia das ondas e desaparecia sem que se soubesse para onde ele ia, infundindo o terror daquilo que se faz e se desfaz, sem que se saiba como.

O culto à Lua e ao Mar era o respeito que tinham à mãe d’água, tendo a longínqua recordação de que ela aparecia vestida de branco seguida de homens barbados de verde. A aparição feminina gritava de repente, apagava as luzes na barca, fazia as cerrações, afastava os peixes, e às vezes cantava. Para aplacar a deusa do mar, ser impalpável e lindo, os pescadores faziam o sacrifício de um carneiro. Matavam o animal à beira do oceano; o sangue caía numa cova aberta na areia. Depois partiam em suas canoas levando seus pedaços como presentes a ela os quais deixavam cair no fundo da baía com uma oração votiva.






[1]Mateus 12:28