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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A RESPEITO DA TRINDADE NAS RELIGIÕES TRINITÁRIAS


Tornaram-se, a compreensão e a explicação da Santíssima Trindade pela Igreja Católica, problemas insolúveis, a ponto de Santo Agostinho, um dos maiores teólogos daquela Igreja, afirmar que somente alcançaremos a compreensão da Santíssima Trindade, quando após nossa morte encontrarmos, no céu, com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Devemos lembrar que ele chegou a essa conclusão após escrever uma obra de cerca de setecentas páginas.

Por outro lado, São Tomás de Aquino, que não admitiu ser incompreensível a Trindade como formulada disse:
“A fé católica consiste em venerar um só Deus na trindade, e a trindade na unidade, sem confundir as pessoas, nem separar a substância; pois uma é a pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo; mas uma é a divindade, igual a glória, coeterna a majestade do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Qual o Pai, tal o Filho, tal o Espírito Santo; incriado é o Pai, incriado o Filho, incriado o Espírito Santo; eterno é o Pai, eterno o Filho, eterno o Espírito Santo; e, no entanto, não há três eternos, mas um só eterno; como não há três incriados, nem três imensos, mas um só incriado e um só imenso; assim também o Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é onipotente; e, no entanto, não há três onipotentes, mas um só onipotente.
Como o Pai é Deus, assim o Filho é Deus, e o Espírito Santo é Deus, e, no entanto, não há três deuses, mas um só Deus.”

Como vemos, aqui, não há nessa explicação de São Tomás um esclarecimento, mas, simplesmente, a repetição daquilo que ele propõe explicar como se a sua repetição fosse suficiente para que, talvez por cansaço, pudéssemos compreender. Sua explicação não passa de uma definição daquilo que deve ser definido por ele próprio. Ou seja ele recai, em sua tentativa de explicação, naquilo que se chama uma tautologia. 

Na verdade, a Igreja Católica retirou das religiões antigas do oriente, várias de suas colunas estruturadoras; a Trindade é uma delas, pois já existia, por exemplo, no Antigo Egito e na Índia. No Egito, os formadores dessa trindade , mas também era una, eram  Osiris, Isis e Horus. Na Índia, as componentes da trindade eram:  Durga, aquela que gerava, Lakshmi, a responsável pela preservação e, finalmente, Kali a que destruía. Ou seja, cobria-se o ciclo da vida, nascer, viver e morrer. Também nas civilizações grega, babilônica e na romana existiram sempre três deuses que seriam, na verdade, um. Ou seja, a Trindade, não foi uma invenção da Igreja Católica. 


Mas, pelo fato de existir nas antigas civilizações isso a tornaria, a Trindade, fantasiosa, mentirosa ou demoníaca, como querem alguns cristãos unicistas, em especial evangélicos? Ou podemos dizer que foi a interpretação dada, forçadamente, para justificar passagens bíblicas e necessidades da Igreja Católica, que foi concebida de maneira errada?

Ao tentar mostrar que o Pai, incriado e eterno, é uno com o Filho, encarnado em um homem, histórico, nascido, criado e morto na terra e, ainda, com o Espírito Santo, entidade incorpórea e sem uma definição clara do que é, a Igreja viu-se enredada com a impossibilidade de dar estas explicações. 

Em Santo Agostinho temos diversas passagens onde ele se aproxima da solução desse problema. Numa delas ele fala a respeito da transformação da substância do Filho na substância do Pai, mas ressalva que isso pode ser aceito somente se considerarmos que isso se dá depois da ascensão, já que antes Cristo diz que “o Pai é maior que Eu”, o que retira dele a condição de ser Deus.

Aqui, portanto ele faz uma diferença crucial entre o Jesus e o Cristo (enquanto Energia Crística ou Divina). Ora, após a morte, que é quando se dá a ascensão de Cristo, o que se desprende é o Espírito. Portanto, o que ascende e se funde a essa Energia Divina, após a morte de Jesus, é seu Espírito plenamente evoluído, iluminado, mais do que isso, luminoso.

Ora, a Igreja jamais aceitaria essa interpretação, pois ela levaria a diversas outras que desembocariam, inevitavelmente, na questão da vida após a morte.

Giordano Bruno, julgado e condenado, pela Inquisição, por suas idéias, vislumbrou essa solução quando definiu que Deus está em todas as coisas que são sua criação