A IMPORTÂNCIA DO RITUAL RELIGIOSO
Segunda parte
Devemos lembrar que para os trabalhos – feitiços, demandas – feitos
para prejudicar, aqueles que o fazem não precisam ter contato físico com as
pessoas a serem prejudicadas. Para desfazê-las, também a magia a ser empregada
pela entidade, para ajudar àquele que pede a proteção, deverá também ser forte
o suficiente para eliminá-los mesmo à distância, sem contato com quem fez
aquilo.
Os rituais religiosos também são importantes para que vejamos que
tudo na nossa vida tem uma ligação externa, que muitas vezes não percebemos.
Numa sociedade onde as pessoas estão cada vez mais isoladas, onde prevalece o
egoísmo, os rituais nos trazem um sentimento de pertencimento, de aconchego, de
proximidade com algo que, além de nós, seres humanos, existe e que não sabemos
o que é; alguém, alguma energia, que não sabemos quem é nem de onde vem; descobrimos
que não temos uma compreensão plena de quem somos, do que é a vida, de onde ela
vem e para que serve. Será a vida somente para batalharmos nossas vitórias
materiais ou devemos buscar coisas mais sutis como a espiritualidade?
Na Umbanda, os rituais, até pela presença dos Orixás, como forças
da natureza, nos mostram que somos parte de algo muito mais importante do que
um ego ou mesmo um aglomerado humano. Percebemos, que nossa presença no mundo
não nos foi dada para que fôssemos donos da natureza, mas parte dela. Pela
presença das Almas, com quem nos comunicamos em nossos rituais, sentimos que
somos mais do que a matéria visível e que a nossa parte mais importante é invisível,
como o são as Almas que trabalham para o nosso bem na Umbanda. Enfim, começamos
a perceber que no nosso dia a dia somos mais do que nossos rituais laicos nos
mostram, que o sagrado está sempre presente em nossas vidas, não importando o
lugar onde nos encontremos.
A prática dos rituais religiosos, nos
abre a possibilidade de perceber que temos capacidade de nos ligarmos ao Alto,
ao Universo, à Energia Divina. Estas palavras, Alto, Universo e Energia Divina,
estão longe de representar, fielmente, Deus. A palavra teologia em si já traz
em si uma certa prepotência do homem já que se a analisarmos, etimologicamente,
significa estudo de Deus. Estamos acostumados a conhecer o homem sempre em
relação a alguma coisa material ou à natureza. No entanto, Deus está acima de
tudo isso. Podemos até falar sobre Ele, mas Ele está acima de qualquer coisa, da
natureza e, por isso, não podemos estudá-lo. Deus é onipotente, onisciente,
onipresente. Enquanto o homem se encontra em um patamar de finitude, Deus é
Infinito. Como pode o finito compreender o infinito? Estamos muito acostumados
a usar palavras como finito e infinito, máximo e mínimo, mas não pensamos o que
elas representam de verdade. O máximo, por exemplo, o que é? Estamos
acostumados a dizer: fiz o máximo para resolver isso ou aquilo; mas eu me
esqueço que eu sou finito, imperfeito, então esse máximo é somente uma
expressão coloquial. O verdadeiro sentido de máximo é o de plenitude, ou seja,
algo ao qual, em nenhuma hipótese se pode acrescentar algo. O infinito, por sua
vez, é algo transcendental, pois está fora da compreensão do homem,
finito. Um cardeal, teólogo e filósofo
alemão, Nicolau de Cusa[1], ficou famoso pelo que se convencionou chamar
de “teologia negativa”[2]. Essa teologia, em contraposição à teologia
romana, ia na contramão do misticismo, que coloca o Deus antropomorfizado presente
o suficiente para que os humanos falassem com ele. Ela se baseava no fato de
que não podemos compreender ou conhecer Deus, pois Ele se encontra muito além
da nossa inteligência, ele é incompreensível e supera totalmente a nossa
razão. Somente podemos perceber Deus se
o aceitarmos como a causa universal de todas as coisas criadas.
Entretanto,
ainda assim, não o conheceremos, mas poderemos nos contatar com a Energia que
dele provém: a Energia Divina. Os
rituais religiosos nos mostram que, na medida em que os praticamos e neles
mergulhamos com a mente e o coração, podemos ser melhores do que somos. A
espiritualidade nos modifica e nos infunde novos valores. Quando mergulhamos, a
fundo nos nossos rituais religiosos, começamos a perceber o que eles, realmente,
nos querem mostrar. Nosso caminho de evolução vai se tornando mais claro e mais
fácil de ser trilhado, pois estamos fazendo algo que nos fala ao espírito, estamos
seguindo a nossa fé, estamos cultuando a Energia que nos vivifica.
[1]Nicolau de Cusa[1]1401 d.C., Cusa - Alemanha - 1464 d.C., Úmbria
- Itália
[2]A teologia negativa ou apofática tem o seu nome
proveniente dos termos (apofatico – catafático) adotados de Aristóteles em sua
lógica, indicando, respectivamente a negação e a afirmação no interior do
enunciado do discurso. A teologia apofática é o modo de pensar Deus e falar-lhe
através da negação: Deus está colocado além da criação e por isso, nenhuma
definição pode ser dada adequadamente sobre a Divindade. www3.unisi.it/ricerca/prog/fil-med.../teologia_negativa.htm
Muito bom.
ResponderExcluirAdorei ler e estou compreendendo nós como seres humanos temos que ter e ser uma pessoa de fé e caridade sempre.
SUA BENÇÃO.COMO O SR JÁ DISSE,O RITUAL É MUITO IMPORTANTE,POIS É UMA CHAVE PARA ABRIRMOS O CANAL COM O PLANO ESPIRITUAL. NESTE CAPÍTULO FICA CLARO QUE NÃO PRECISAMOS DO CONTATO FI´SICO COM DEUS PARA TER CERTEZA QUE SUA ENERGIA SE FAZ PRESENTE EM TODO RITUAL.A
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