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terça-feira, 15 de outubro de 2019

RELIGIÕES DO RIO 1904 Sexta Parte


·        O Espiritismo

O Iluminismo é, em essência, o fim do período em que o homem viveu sem perceber que não só ele podia, como devia buscar o seu próprio eu. Até então, o homem era voltado somente para seu ego, ou seja, sua parte material.  O cuidado com seu espírito, sua alma e seu corpo não era uma incumbência dele. De certa maneira, ele se beneficiava com isso, já que ser responsável por si implica uma grande parcela de riscos e muito trabalho. O espiritismo vem colocar essa questão em outro patamar: nós somos responsáveis por nosso processo evolutivo.

O iluminismo, conhecido como século das Luzes, apareceu entre os pensadores europeus, em meados do século XVII e teve uma vida prolongada até início do século XIX. Esse movimento propunha reformar a sociedade, levando o homem a um maior conhecimento e interação com a natureza. Defendia o intercâmbio cultural e posicionava-se contra as intolerâncias da Igreja e do Estado. Um de seus iniciadores, Baruch Spinoza (1632-1677), tem uma concepção de Deus que mostra com clareza a liberdade desejada pelo Iluminismo para os homens. O Iluminismo vem colocar em cheque o que se chamava a idade das trevas. Foi na esteira deste movimento político e cultural que veio à luz o Espiritismo, através das obras de Kardec.

O espiritismo teve como precursor mais importante, conforme dissemos anteriormente, Emanuel Swedenborg, sábio, cientista e médium sueco, nascido em Estocolmo, em 1688  e falecido em Londres, em 1772. Foi seguramente um dos maiores médiuns de todos os tempos, pois, além de clarividência, vidência e audiência, possuía também a de efeitos físicos.

Em 1846 nasceu Leon Denis, aquele que é considerado o filósofo da doutrina espírita, escritor com várias obras a respeito do espiritismo.

Em 1857 foi lançado O Livro dos Espíritos, primeira obra em que se estabelecem os princípios do Espiritismo. Em 1861 veio à luz O Livro dos Médiuns que traz explicações necessárias para esses fenômenos, àquela época, novos para o mundo. Em 1864 foi a vez da humanidade conhecer O Evangelho segundo o Espiritismo, livro baseado na Bíblia, com a finalidade de definir os padrões morais do Espiritismo. Dentre as obras, mais importantes dessa doutrina, vem a público, em 1865, O Céu e o Inferno,  onde Kardec analisa criticamente a visão da doutrina católica sobre o plano a que chegariam os espíritos quando desencarnados. Finalmente, em 1868 foi publicada A Gênese, uma obra em três partes, que trata da Gênese, da formação dos mundos e da criação dos seres animados e inanimados em sua primeira parte; na sua segunda parte trata dos milagres de Jesus e como podem ser explicados, à luz da doutrina espírita; a terceira parte explica como e porque podem se dar as previsões de coisas futuras, os pressentimentos, as intuições, e outros fatos relacionados aos assunto.
O primeiro Centro Espírita no Brasil foi criado em 17 de setembro de 1865, na Bahia, por Luís Olímpio Telles de Menezes. No Rio de Janeiro, o primeiro Centro Espírita fundado foi a Sociedade de Estudos Espiríticos – Grupo Confúcio, em 2 de agosto de 1873. Em 01 de janeiro de 1884 foi criada no Brasil, a Federação Espírita Brasileira e eleita sua primeira diretoria. Seu primeiro presidente foi o major Francisco Raimundo Ewerton Quadros.

Como adiantamos ao início desses textos, que postamos a respeito do livro Religiões do Rio, de João do Rio, em nenhum momento o autor encontrou qualquer ritual que fosse parecido ou tivesse o nome de Umbanda. Muitos confundem o mediunismo, que, obviamente, era praticado naquela época, anterior a 1908, e em épocas muito mais remotas da humanidade, com o Culto de Umbanda. O mediunismo existe desde os primórdios da humanidade, mas sempre foi usado com outras finalidades que não a da Umbanda: A Manifestação do Espírito para a Caridade.