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quarta-feira, 14 de agosto de 2019

LIBERDADE RELIGIOSA NO BRASIL Terceira Parte






     
Liberdade Religiosa no Brasil

Um exemplo recente de discriminação no Brasil foi quando um Bispo de uma Igreja neo pentecostal chutou uma imagem católica de Nossa Senhora, em seu programa de TV, dizendo que aquilo era apenas barro. Outro exemplo foi dado por um pastor de outra Igreja neo pentecostal, em Belo Horizonte, que atacou, juntamente com alguns de seus seguidores, com fins difamatórios e de destruição, “na praça do Preto Velho”, uma imagem representativa dessa Entidade. Um terceiro exemplo, se deu em Santo André, São Paulo, foi o de um espírita que após reclamar do barulho do culto foi agredido pelos frequentadores do culto, depois que eles descobriram que a vítima era espírita. Finalmente, o caso do grupo de Candomblé que foi apedrejado no Rio de Janeiro, quando saía de uma de suas reuniões. Nossa Casa Branca de Oxalá também foi objeto de atentado ao ser invadida e iniciados alguns focos de incêndios. No período de 2011 até o final de 2015, foram registrados quase 700 casos de intolerância religiosa no Brasil, a maior parte em Minas Gerais, Rio e S. Paulo. Podemos imaginar que os casos de crime foram muitos mais do que isso, já que nem todos são denunciados à polícia. Aqueles que não foram registrados, obviamente, não estão incluídos nesse número.

Na sociedade civil existem inúmeras demonstrações de preconceitos, discriminações, intolerâncias e agressões a pessoas por sua fé religiosa; um exemplo claro disto foi dado por uma empresa, cujos donos contratavam somente aquelas pessoas que fossem de sua religião. Fatos como esse não vêm à público e são de difícil comprovação. Se isto acontece hoje, imaginemos como seria nossa realidade algumas décadas atrás. Por exemplo, nas décadas de 1950/60, no Rio de Janeiro, um frei de nome Boaventura juntava-se a delegados para perseguir umbandistas, invadindo terreiros, prendendo praticantes e fiéis e quebrando Congás e imagens. Além disso, não nos esqueçamos também que o, recém falecido, cardeal dom Luciano Mendes de Almeida, numa tentativa de consertar uma infeliz declaração de João Paulo II alegou que, quando ele criticava outras religiões, ele estaria se referindo às religiões espiritualistas e afro descendentes do Brasil. Vejamos abaixo um texto que se encontra na internet em um site.[1] Os comentários mais antigos sobre essa postagem são de no máximo um ano atrás. Este texto foi escrito pelo tristemente famoso Frei Boaventura, especialista em acompanhar a polícia para destruís terreiros de Umbanda e Candomblé.

Segundo uma publicação oficial da Confederação Espírita Umbandista, existem na área do Distrito Federal e do Estado do Rio, cerca de trinta mil tendas, centros e terreiros” (Doutrina e Ritual de Umbanda, Rio 1951, p. 152). Cremos haver exagero na estimativa.  É porem, inegável a proliferação verdadeiramente espantosa desses centros de superstição, leviandade, depravação, degradação moral e loucura, em que se misturam práticas fetichistas e ritos católicos, deuses africanos e santos nossos, doutrinas espíritas e ensinamentos católicos, num sincretismo bárbaro de necromancia, magia, politeísmo, demonolatria e heresia. O comissário Rui A. Tenório, chefe da secção de Tóxicos e Mistificações da Delegacia de Costumes e Diversões do Rio de Janeiro, declarou no dia 8 de abril de 1953 à Tribuna da Imprensa que aquela seção já registrara até aquela data umas sete mil tendas espíritas. Acentuamos: trata-se de 7.000 tendas registradas e apenas na maravilhosa cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro! É certo que existem também muitos terreiros não registrados, mas funcionando publicamente e outros muitos clandestinos. As cidades fluminenses de Caxias, São João de Meriti, Nova Iguaçu e outros subúrbios do Rio, possuem cada uma, como sabemos por informações pessoais, não dezenas, mas centenas de centros de Umbanda. E não só no Rio. Estivemos no Sul, em Porto Alegre, Pelotas, Rio Grande e outras cidades, onde o problema é exatamente o mesmo e em quase idênticas proporções. Coisa igual se poderá dizer do Norte, de Pernambuco, da Baia e de outros Estados da Federação. E não julguemos que se trata de um movimento apenas entre a gente de cor. A absoluta maioria dos “chefes de terreiros" são brancos e as tendas também são frequentadas por pessoas que vão até lá em carros de luxo ou com chapa branca”[2]

Cabe destacar que este texto é de 1951 e a Umbanda já havia sido descriminalizada desde 1944, durante o governo Vargas. 

Também é bom lembrar que, em pleno século 21, mais precisamente, em janeiro de 2011, um terreiro de Candomblé foi invadido, por uma tenente, com fuzil na mão, sob a acusação de estar recolhendo menores.  Foram profanados inclusive os locais mais sagrados dessa religião como por exemplo a Camarinha, local de recolhimento de filhos em obrigação.  Destaque-se que a denúncia que levou a essa ação claramente ditatorial, ao arrepio dos direitos do cidadão e da justiça, foi uma denúncia anônima. Gostaria de ver essa mesma tenente invadindo uma casa paroquial, uma igreja ou um templo protestante após uma denúncia anônima a respeito de abuso de menores.



[1]http://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/apologetica/espiritismo/753-posicao-catolica-perante-a-umbanda. Este texto pertence ao Frei Boaventura, publicado pela Editora Vozes, em 1957
[2] Para saber mais do pensamento de frei Boaventura a respeito do espiritismo, ver na internet, entre outros, documento de Michelle Cartolano de Castro Ribeiro.