Total de visualizações de página

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A FÉ

Não há mais como negar que a fé é algo que hoje vem sendo comprovado.  Ela vem sendo  constatada inclusive pela ciência.  A fé não pode nascer da ansiedade.  Muitos dizem ter fé, mas na verdade estão ansiosos.  Quantos nessa ansiedade emitem conceitos negativos que vão para o espaço, plasmando formas pensamentos que se tornam realidade a partir da falta de fé e da ansiedade que temos em resolver nossos problemas pessoais.  Quantas vezes uma mulher engravida depois de adotar uma criança?  A Fé é um caminho de ida em nossa vida, jamais volta.  Aquele que realmente tem fé treme, mas não cai: ”Filho de Umbanda balança, mas não cai”.  Essa frase de um ponto histórico, conhecido por, provavelmente, todos os Terreiros existentes no Brasil, dá uma demonstração do que significa a fé para um Umbandista.  Mesmo nas horas mais difíceis da vida ele se agarra ao Preto Velho, ao Caboclo, ao Exu, à Criança e quando percebe já ultrapassou aqueles momentos que considerava impossíveis de superar.
Quantas pessoas entram em desespero ao se defrontarem com as vicissitudes que enfrentamos no nosso dia a dia e não contam com o refrigério da Fé para ajudá-las na superação das dificuldades. Essa nossa Fé não é aquela Fé cega que as crianças têm perante as habilidades de um mago.  Não esperamos que como em um passe de mágica nossos problemas vão desaparecer só porque me sentei aos pés de uma entidade de Luz, de um Preto Velho ou um Caboclo. Nossa Fé é aquela que sabe que temos nossa responsabilidade e nosso livre arbítrio como governantes maiores de nossos caminhos. Nossa Fé deve abranger todos os aspectos de nossa Religião.  Se tivermos Fé saberemos que, se hoje o momento pelo qual passamos é difícil, será melhor amanhã.  Saberemos que o que estamos aprendendo neste mundo com as dificuldades que temos de vencer será, amanhã, em outra existência estarei melhorado, mais luminoso e sem a necessidade de continuar aprendendo uma lição na qual já fomos aprovados.
Como Umbandistas, devemos ter a Fé como suporte para nossas vidas. Temos a bênção de acreditar na comunicação com as Almas, de acreditarmos na vida após a morte, na reencarnação, o que dá outro sentido a essa nossa passagem por essa existência.  Podemos chegar aos pés de um Preto Velho, junto a um Caboclo, a um Exu e a outras entidades de luz que nos ajudam a superar nosso dia a dia, com dignidade, resignação e espiritualidade,  enquanto encarnados, para que após nossa passagem possamos chegar ao Plano Espiritual melhorados, mais evoluídos, com maior luz própria. 
A Fé é, portanto, a principal característica que nós, religiosos, Umbandistas devemos ter. Ela é base de toda nossa religião, como de resto, de qualquer outra religião. A Fé permite que nos liguemos à Energia Primordial, através de nossas orações e de nossos pensamentos.  A Fé permite que sigamos em frente, que caminhemos, em nossa vida, apesar dos percalços. Nela, nós nos fortalecemos. Devemos ter fé em nós, em Deus, nas entidades de luz, enquanto mensageiras do plano astral.  Quando uma dessas entidades nos fala que aquele problema que estamos expondo logo será resolvido, devemos ter a fé de que ele será resolvido, sem, no entanto, querer que num passe de mágica seja tirada de nosso caminho aquela dificuldade.  As entidades não podem influir sobre nossa vida passando sobre o livre arbítrio de nosso espírito.  Aquilo que programamos como nosso aprendizado vai acontecer. Nessa ou em outras encarnações. Pode acontecer conosco em como religiosos e com fé ou não. A diferença pois, é que com a fé teremos o apoio dessas entidades enquanto, sem a fé, estaremos só.  Devemos lembrar sempre daquela frase (se não me engano de Papus): DEUS É TÃO BOM QUE MESMO AQUELES QUE NÃO ACREDITAM EM DEUS UM DIA VERÃO A DEUS.  Essa frase nos diz, nos ensina pelo menos duas situações que são inevitáveis: a primeira é a evolução, pois somente com ela chegaremos à nossa plena luminosidade, e, consequentemente, à visão de Deus; a segunda é que a reencarnação é necessária, pois somente com a pluralidade das vidas chegaremos ao estágio de poder ver a Deus.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

FELIZES OS MISERICORDIOSOS PORQUE ENCONTRARÃO A MISERICÓRDIA



      O que é a misericórdia?
Sentimento de dor e solidariedade causado pela miséria alheia, segundo o Dicionário Aulete.  Vem do latim da palavra misericórdia, que por sua vez é formada pela palavra miserere, que significa tende piedade e de cor, cordis, que significa coração.  Ou seja, “misericórdia é ter piedade no coração” e “misericordioso, aquele que tem piedade no coração”.

      O que é piedade?
Ainda segundo o Aulete, no sentido religioso, é ter devoção, amor e respeito pelos assuntos ou coisas religiosas; é ter religiosidade. No sentido da relação com os outros seres humanos é o sentimento de compaixão pelo sofrimento dos outros.
O Evangelho fala em suas distintas passagens utiliza as duas acepções, seja a da religiosidade, seja a da compaixão. Por exemplo, quando, em Mateus, 6, versículos 5 e 6, Jesus fala sobre a relação com Deus, nos diz:
 “Quando vocês rezarem, não sejam como os hipócritas, que gostam de rezar em pé nas sinagogas e nas esquinas, para serem vistos pelos homens. Eu garanto a vocês: eles já receberam a recompensa” (Versículo 5).
O que quis Jesus dizer aqui com eles já receberam a recompensa? Já que eles buscavam ser vistos pelos homens, eles já o foram e, por isso, não serão vistos por Deus. Mas o que lhes faltou, já que eles rezaram? Na verdade faltou-lhes piedade, religiosidade, respeito por Deus, pois utilizaram a religião para apresentar-se, socialmente, ou seja, para os homens, como se fossem religiosos.
 “Ao contrário, quando você rezar, entre no seu quarto, feche a porta, e reze ao seu Pai, ocultamente; e o seu Pai, que vê o escondido, recompensará você” (Versículo 6).
Como Jesus recomenda que rezemos ao Pai? Em perfeita comunhão com a Energia Divina, com Deus, em particular, dirigindo-nos, exclusivamente, a Ele. Isso é piedade, religiosidade.
Quando, no mesmo Evangelho de Mateus, no capítulo cinco, versículos 39 a 48, nos fala:
“Eu, porém, lhes digo: não se vinguem de quem lhes fez o mal. Pelo contrário, se alguém lhe dá um tapa na face direita, ofereça-lhe também a esquerda” (versículo 39).
“Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos, e rezem por aquele que perseguem vocês” (versículo 45).
“Assim vocês se tornarão filhos do pai que está no Céu, porque ele faz o sol nascer sobre os maus e os bons e cair a chuva sobre os justos e os injustos” (versículo 46).
Aqui, nessas recomendações, cheias de piedade, na segunda acepção da palavra, Jesus nos ensina a misericórdia.
  
      Qual sofrimento podemos dizer que está no Evangelho de Cristo?
O sofrimento, que consciente ou inconscientemente, nosso espírito passa, com a percepção de nossos erros, de nossa falta de amor ao próximo; o sofrimento, presente ou futuro, daqueles que não compreendem a necessidade de evoluir espiritualmente, através da correção de nossos pendores espirituais, mentais e psíquicos. 

      Assim, o que é ser misericordioso?
Ser misericordioso é ter piedade no coração, compreender aos irmãos encarnados e desencarnados, em suas ações que demonstram o desconhecimento de Deus e de seu Deus interior, da sua Centelha Divina. Ações de raiva, de inveja, de grosseria, de ambição, de agressão, de egoísmo, de maldade, etc. Quando compreendemos que os defeitos de nossos irmãos são fruto desse desconhecimento de Deus, de nossa filiação a essa Energia Divina, nós não teremos raiva, mágoas, aborrecimentos, mas, sim, tolerância, amor e caridade para com eles. Não iremos buscar justiça, nem perdoá-los, mas compreendê-los.

      Mas a justiça se fará?
À misericórdia não interessa se a justiça será feita, simplesmente porque ela se preocupa somente com a justiça de Deus, que é diferente da justiça dos homens. Não toma o misericordioso em suas mãos o fazer a justiça, deixa àqueles que têm isso por ofício; ele não julga, ele não condena, ele não perdoa. Ele apenas se apieda dos seus irmãos, sem superioridade, consciente, que é, de seus próprios defeitos. Ele sabe que o momento de evolução de cada irmão é individual e solitário. Ele tem compaixão por aquele que ainda incorre nos mesmos erros que ele incorria em passado próximo. Mas tem também esperança, pois sabe que no seu tempo, também aquele irmão irá despertar do seu sono e abrir seus olhos para o alvorecer do espírito.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A PALAVRA QUE REVELA DEUS AOS HOMENS


        I.      
No começo a palavra já existia: a Palavra estava voltada para Deus e a Palavra era Deus. Tudo foi feito por meio dela e de tudo o que existe, nada foi feito sem ela. Nela estava a Vida e a Vida era a Luz dos homens. Essa Luz brilha nas trevas e as trevas não conseguiram apagá-la (João, 1, 1 a 5). E a Palavra se fez homem e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade (João, 1, 14).  Porque da sua plenitude todos nós recebemos, e um amor que corresponde ao seu amor. Porque a Lei foi dada por Moisés, mas o amor e a fidelidade vieram através de Jesus Cristo (João, 1, 16 a 17).
Todo esse trecho do Evangelho de João remete-se ao conceito de Logos, aqui traduzida como Palavra. Logos, em grego, era a palavra escrita ou falada. Para os filósofos, Logos passou a ser algo assim como razão, como racionalidade, princípio da Ordem Universal, da Beleza Universal.
Deus não é um homem, como figurado em outras religiões cristãs; Deus é Indizível, e Inominável, é Infinito, é Desconhecido.  Como diz João, ninguém jamais viu Deus e quem nos revelou Deus, foi o Filho único que está junto ao Pai. Deus é fonte de todas as boas qualidades e bons sentimentos. Ele é a fonte de onde vem a Energia que nos vivifica, por isso, tudo veio através de seu mensageiro, seu Filho. Essa Energia é a Luz Crística que a tudo e todos envolve no Universo. Tudo e todos foram criados através dessa Energia. Ela é como “o vento que sopra, nós o escutamos, mas não sabemos de onde vem, nem para onde vai (João, 3, 8)”.
Traduzido por João como Palavra, ele dá a essa Palavra toda a capacidade de ser a Luz dos Homens, a Luz que brilha nas trevas.
Jesus, o Jesus histórico, é o espírito totalmente evoluído que será a perfeita encarnação de Deus. A perfeita Luz Divina, Luz Crística, que representa tudo aquilo que todos os filhos de Deus podem ser e serão em alguma das suas encarnações.
Jesus chega ao mundo, como um espírito plenamente evoluído, com sua Luz interior no ápice do que pode um ser humano ter. Ninguém, antes ou depois Dele, conseguiu tal nível de luminosidade. Ele não era iluminado, era luminoso, possuía Luz própria, e por isso foi chamado o Filho Unigênito de Deus, ou Filho Único de Deus. Também, por isso, João diz que o Logos estava voltado para Deus, e que a Palavra era Deus, e que tudo foi feito por meio Dela. Jesus, ao atingir a plena luminosidade passa a ser um enviado de Deus, o Filho de Deus. Essa Palavra de Deus ao qual João se refere, provinha do Cristo interior de Jesus. A Luz que brilha nas trevas e que as trevas não conseguiram apagar eram seus ensinamentos, seus atos, que vinham para nos dar a evolução espiritual; já as trevas, simbolicamente, representam o momento da humanidade, ainda iniciando sua  espiritualização.
Ao dizer que na Luz estava a Vida e que a Vida era a Luz dos homens, fala dessa Centelha Divina, dessa Chama em evolução que temos dentro de nós e que nos vivifica, fala de nosso Espírito, tornando-nos capazes de alçar vôos mais elevados na espiritualidade. O próprio Jesus, o Cristo, nos diz que somos a Luz do Mundo (Mateus, 5, 14). Nós também somos filhos de Deus (Mateus, 5, 16). Isto nos dá a oportunidade de um crescimento espiritual; não podemos e não devemos ficar parados no tempo; devemos aproveitar as vidas, que nos são dadas, para avançar na senda da espiritualidade. Jesus é o Espírito, plenamente evoluído, que deveremos ter como exemplo, como sinal de que poderemos também chegar ao nível máximo da espiritualização. Como Jesus disse, poderemos também dizer, Eu e o meu Pai. Quando João fala de Jesus, o Cristo, cheio de amor e fidelidade, refere-se não só ao Pai, como também a nós, seus irmãos, no caminho da evolução e desenvolvimento de nosso próprio Cristo interior.  
A Lei veio através de Moisés. Na sua viagem pelo deserto, levando as doze tribos de Israel, Moisés necessitava regras de procedimentos para evitar o desmantelamento de toda a organização, familiar, econômica e moral. Já Jesus nos traz o amor; nosso Deus, que ele representa, já não é um Deus tirânico, vingativo, que coloca seus filhos sempre à prova, como se vê no Antigo Testamento; é um Deus de amor, que nos ajuda, nos momentos em que mais precisamos; é um Deus que não nos condena; ao contrário, nos dá oportunidades atrás de oportunidades para caminharmos o caminho que nos leva para próximo dele.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

CRISTO NA UMBANDA


CRISTO NA UMBANDA

Muitas vezes já fomos questionados sobre o porquê de cultuarmos o Cristo na Umbanda. Responderemos primeiro do ponto de vista histórico, depois do ponto de vista doutrinário. 

Do ponto de vista histórico, não podemos nos esquecer que nossa Religião foi anunciada em seu primeiro dia -15/11/1908 – através da manifestação das entidades que comporiam a Umbanda em uma mesa Kardecista.  Rechaçadas, pelo preconceito que antes reinava até nas mais inteligentes cabeças do Espiritismo, as entidades se propuseram, através do Caboclo das Sete Encruzilhadas, a lançar a religião de Umbanda no dia seguinte, na casa do aparelho daquela entidade, Zélio Fernandino de Moraes.

A segunda razão histórica está no fato de o Caboclo das Sete Encruzilhadas ter confirmado que havia sido um Padre Jesuíta de nome Gabriel Malagrida. Por que as entidades escolheriam um Padre Jesuíta, queimado na fogueira da Inquisição para ser seu porta-voz? Ainda mais se considerarmos que esse jesuíta foi queimado vivo por ter se oposto a ações do Marquês de Pombal, as quais prejudicavam o povo e beneficiavam somente a um grupo próximo a ele.  Acreditamos que essa foi a razão mais forte para sua escolha, pois a Umbanda, enquanto a Manifestação do Espírito para a Caridade, já nasceu com o intuito de atender a todos Irmãos, igualmente, sem discriminação.

Finalmente, a terceira foi a comunicação que o Caboclo das Sete Encruzilhadas fez, a respeito da chegada desse grupo de entidades para o trabalho da caridade na Umbanda, de que eles tinham vindo em nome de Santo Agostinho (lembremo-nos que a origem deste santo é africana, da região onde hoje é a Argélia).

Do ponto de vista religioso, não podemos esquecer que no ocidente nosso Governante maior é Cristo. Se estivéssemos no oriente, provavelmente teríamos outro.  Assim, doutrinariamente, devemos tomar os ensinamentos de Cristo como balizadores de nosso comportamento. Esse compromisso com o Evangelho de Cristo se dá em nossas ações do dia a dia, não se limitando ao Templo.
A grande pregação de Cristo, se baseava em apenas um palavra: Amor!!!
Amor ao próximo, visto como nosso irmão em Cristo, amor à natureza, como resultado da energia divina que nos envolve, perpassa e nos fortalece no enfrentamento com nosso cotidiano.

Devemos lembrar que a prática da caridade ao nosso próximo é o amor de Cristo em ação.  Caridade no seu sentido lato.  Não apenas a doação de bens materiais, tão confundida com a real caridade pregada por Jesus Cristo.  Essa caridade vai muito além daquela restrita à doação material. Ela é a tolerância, é a compreensão, é a disposição de ouvir àquele que necessita falar, é o saber falar com aquele que precisa ouvir, é o alegrar-se pelas vitórias dos irmãos, é não se deixar levar pelo egoísmo, é ser pacífico e apaziguador, enfim é cumprir em todos os momentos aquilo que nos foi ensinado há mais de 2000 anos.  Para cumprir seu objetivo a Umbanda preconiza a pratica do bem do amor e da caridade, ou seja, tem por objetivo principal a evolução espiritual de toda a humanidade.
Quando o Caboclo das Sete Encruzilhadas anunciou a Umbanda nos ensinou também que, tal como Nossa Senhora da Piedade recebeu o seu Filho em seus braços, a Umbanda estaria de braços abertos a todos aqueles que necessitassem da caridade por ela pregada.  Na primeira carta de Paulo aos Coríntios, a caridade é considerada a mais importante de todas as virtudes.  “Agora, portanto, permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade. A maior delas, porém é esta última: a caridade (Cor.13; 13)”.
Portanto, a base fundamental da Umbanda é o amor que Cristo veio nos ensinar, é o amor em ação, ou seja, é a pratica da caridade.