- Cultura e Religião de um País
“A cultura da paz, da democracia e dos
direitos humanos constitui um todo evidentemente indivisível, assim como os
direitos civis, políticos e os direitos econômicos, sociais e culturais”. Javier
P. de Cuellar 1982 - 1991 - Secretário Geral das Nações Unidas[1]
O termo etnia segundo o Dicionário do
Aurélio refere-se às populações ou grupos de pessoas que apresentam relativa
homogeneidade cultural e linguística, compartilhando história e origem comuns
e, em alguns casos, religião. Neste sentido, passou a ser usado a partir do
início do séc. XX, em substituição a termos como nação, povo e raça, para designar as sociedades e
grupos até então ditos primitivos.
Ainda, segundo o Aurélio pode ser utilizado no sentido de um grupo com relativa
homogeneidade cultural, considerado como unidade dentro de um contexto de
relações entre grupos similares ou do mesmo tipo e cuja identidade é definida
por contraste em relação a estes. Ou seja, para identificar um grupo étnico
utiliza-se a comparação entre grupos mais ou menos similares e, através de suas
diferenças, ele é identificado.
O termo religioso, segundo o mesmo
dicionário, significa crença na existência de uma ou mais forças sobrenaturais,
consideradas como criadoras do Universo, e que como tal devem ser adoradas e
obedecidas ou, ainda, a manifestação de tal crença por meio de doutrina e
ritual próprios, que envolvem, em geral, preceitos éticos. Significa ainda,
reverência às coisas sagradas, crença fervorosa; devoção, piedade. Também
significa crença numa religião determinada; ter uma fé ou seguir um culto.
Por tudo que foi dito acima, vemos que
tratar da temática da discriminação étnica e religiosa é tratar da identidade e
autonomia, de um povo: das suas diferenças individuais e de grupos, de seus
valores, tradições e símbolos. Trata-se também de conhecer as fronteiras entre
as raças que formam um país e entre os seus diferentes grupos sociais. Portanto, tratar da discriminação étnica e
religiosa no Brasil é verificar os fatos que acontecem e que contradizem o
respeito que devemos ter pela diversidade dos grupos que formam a sociedade
brasileira.
Um país não pode ser considerado
desenvolvido se não aliar a educação à cultura e a compreensão e o usufruto desta
cultura por todos os cidadãos. A cultura de um país se desenvolve em todas as
atividades. Muitos consideram a cultura de um país em seu sentido menor de
artes e literatura. A cultura, na verdade, engloba valores, significados e
símbolos que definem e consolidam grupos étnicos e religiosos.
A cultura de um país é o reflexo de suas
atividades e costumes, ou seja, é a soma de todas as culturas de todos grupos
étnicos e de todas as camadas sociais que nele vivem. Assim influem sobre ela o conhecimento
gerado, sejam eles científicos, artísticos, religiosos ou populares. Esse
conhecimento, sobretudo o popular, configura a forma e os recursos que um povo
tem para viver. Apenas como exemplo, o grupo étnico afro descendente é o que maior
influência exerceu sobre a formação da cultura brasileira. No entanto, não foi
o único. Temos os grupos étnicos português, eslavo, alemão, italiano, japonês e
outros que também ajudaram a conformar a cultura brasileira. Essa cultura,
evidentemente, vai sendo formada e adquirida aos poucos, através dos séculos.
Cultura, como podemos entender do acima descrito, diz respeito ao modo de ser e
de viver dos diferentes grupos sociais existentes no país. Assim, a língua, as
regras de convívio, o que se come, o que se bebe, o que se veste, tudo isto vai
formando aquilo que é próprio daquele povo. E a cultura de um país é o
somatório de todas essas culturas existentes dentro desse Estado Nacional. É
aquilo que alguns autores chamaram de "caldo cultural" tendo em vista
a mistura da qual é formada.
Em um país como o Brasil, de tão grande
extensão territorial, com uma variada forma de viver e de ser, com tantas
expressões religiosas, com tantas raças e etnias conformando aquilo que podemos
chamar de etnia brasileira, com tantos e tão diferentes costumes, é possível
falar de uma cultura, mas também de várias subculturas que possuem traços
comuns à cultura, mas, também, traços específicos que as distinguem. Pensemos, com respeito aos nossos costumes e manifestações culturais, nas nações indígenas que fizeram e fazem parte de nossa população; lembremos das
mais diversas nações africanas que vieram para o Brasil, advindas de três
grandes grupos africanos, os sudaneses, os guineanos-sudaneses, os muçulmanos e os bantos, que se destacaram, pela quantidade de escravos que aqui chegaram, os Angola, os Congo, os Moçambique, os Iorubá,
os Mandinga, os Fula e os Tapas. E os muitos povos europeus ou
asiáticos que formaram nossa etnia, como por exemplo, os italianos, os alemães,
os franceses, os holandeses, iugoslavos, os poloneses, os turcos, os libanês os
japoneses, os chineses, os coreanos e outros, cada um com suas tradições,
línguas, expressões, jeito de ser e crer. Todos que vieram para cá e que se
misturaram aos diferentes povos indígenas e africanos, ajudaram a formar um
país de muitas culturas. Como, portanto, falar de que uma tradição, seja ela de que cunho for, está certa e outra errada?