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terça-feira, 27 de agosto de 2019

CULTURA E RELIGIÃO DE UM PAÍS







  • Cultura e Religião de um País


“A cultura da paz, da democracia e dos direitos humanos constitui um todo evidentemente indivisível, assim como os direitos civis, políticos e os direitos econômicos, sociais e culturais”. Javier P. de Cuellar 1982 - 1991 - Secretário Geral das Nações Unidas[1]

O termo etnia segundo o Dicionário do Aurélio refere-se às populações ou grupos de pessoas que apresentam relativa homogeneidade cultural e linguística, compartilhando história e origem comuns e, em alguns casos, religião. Neste sentido, passou a ser usado a partir do início do séc. XX, em substituição a termos como nação, povo e raça, para designar as sociedades e grupos até então ditos primitivos. Ainda, segundo o Aurélio pode ser utilizado no sentido de um grupo com relativa homogeneidade cultural, considerado como unidade dentro de um contexto de relações entre grupos similares ou do mesmo tipo e cuja identidade é definida por contraste em relação a estes. Ou seja, para identificar um grupo étnico utiliza-se a comparação entre grupos mais ou menos similares e, através de suas diferenças, ele é identificado.

O termo religioso, segundo o mesmo dicionário, significa crença na existência de uma ou mais forças sobrenaturais, consideradas como criadoras do Universo, e que como tal devem ser adoradas e obedecidas ou, ainda, a manifestação de tal crença por meio de doutrina e ritual próprios, que envolvem, em geral, preceitos éticos. Significa ainda, reverência às coisas sagradas, crença fervorosa; devoção, piedade. Também significa crença numa religião determinada; ter uma fé ou seguir um culto.

Por tudo que foi dito acima, vemos que tratar da temática da discriminação étnica e religiosa é tratar da identidade e autonomia, de um povo: das suas diferenças individuais e de grupos, de seus valores, tradições e símbolos. Trata-se também de conhecer as fronteiras entre as raças que formam um país e entre os seus diferentes grupos sociais.  Portanto, tratar da discriminação étnica e religiosa no Brasil é verificar os fatos que acontecem e que contradizem o respeito que devemos ter pela diversidade dos grupos que formam a sociedade brasileira.


Um país não pode ser considerado desenvolvido se não aliar a educação à cultura e a compreensão e o usufruto desta cultura por todos os cidadãos. A cultura de um país se desenvolve em todas as atividades. Muitos consideram a cultura de um país em seu sentido menor de artes e literatura. A cultura, na verdade, engloba valores, significados e símbolos que definem e consolidam grupos étnicos e religiosos.

A cultura de um país é o reflexo de suas atividades e costumes, ou seja, é a soma de todas as culturas de todos grupos étnicos e de todas as camadas sociais que nele vivem.  Assim influem sobre ela o conhecimento gerado, sejam eles científicos, artísticos, religiosos ou populares. Esse conhecimento, sobretudo o popular, configura a forma e os recursos que um povo tem para viver. Apenas como exemplo, o grupo étnico afro descendente é o que maior influência exerceu sobre a formação da cultura brasileira. No entanto, não foi o único. Temos os grupos étnicos português, eslavo, alemão, italiano, japonês e outros que também ajudaram a conformar a cultura brasileira. Essa cultura, evidentemente, vai sendo formada e adquirida aos poucos, através dos séculos. Cultura, como podemos entender do acima descrito, diz respeito ao modo de ser e de viver dos diferentes grupos sociais existentes no país. Assim, a língua, as regras de convívio, o que se come, o que se bebe, o que se veste, tudo isto vai formando aquilo que é próprio daquele povo. E a cultura de um país é o somatório de todas essas culturas existentes dentro desse Estado Nacional. É aquilo que alguns autores chamaram de "caldo cultural" tendo em vista a mistura da qual é formada.

Em um país como o Brasil, de tão grande extensão territorial, com uma variada forma de viver e de ser, com tantas expressões religiosas, com tantas raças e etnias conformando aquilo que podemos chamar de etnia brasileira, com tantos e tão diferentes costumes, é possível falar de uma cultura, mas também de várias subculturas que possuem traços comuns à cultura, mas, também, traços específicos que as distinguem. Pensemos, com respeito aos nossos costumes e manifestações culturais, nas nações indígenas que fizeram e fazem parte de nossa população; lembremos das mais diversas nações africanas que vieram para o Brasil, advindas de três grandes grupos africanos, os sudaneses, os guineanos-sudaneses, os muçulmanos e os bantos, que se destacaram, pela quantidade de escravos que aqui chegaram, os Angola, os Congo, os Moçambique, os Iorubá, os Mandinga, os Fula e os Tapas. E os muitos povos europeus ou asiáticos que formaram nossa etnia, como por exemplo, os italianos, os alemães, os franceses, os holandeses, iugoslavos, os poloneses, os turcos, os libanês os japoneses, os chineses, os coreanos e outros, cada um com suas tradições, línguas, expressões, jeito de ser e crer. Todos que vieram para cá e que se misturaram aos diferentes povos indígenas e africanos, ajudaram a formar um país de muitas culturas. Como, portanto, falar de que uma tradição, seja ela de que cunho for, está certa e outra errada?





[1] Injustiça – as bases sociais da obediência e da revolta –Moore Jr Barrington – SP, Brasiliense