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terça-feira, 8 de outubro de 2019

RELIGIÕES DO RIO 1904 Quinta Parte





·        Os Maronitas

O Patriarcado Maronita remonta aos primeiros séculos depois de Cristo, mais precisamente aos séculos IV e V. Teve sua origem na Antioquia, lugar da primeira sede do Catolicismo, fundada por São Pedro; este fato explica a concessão exclusiva ao Patriarca de acrescentar o nome Pedro ao seu próprio nome. O mosteiro de São Maron, eremita, fundador dessa Igreja, influenciou profundamente hábitos e comportamentos religiosos dos fiéis, fortalecendo a causa para o nascimento da Igreja Maronita durante a ocupação árabe no Oriente Médio; sua língua litúrgica é o aramaico, a mesma que Jesus Cristo falava.

O Imperador Marciano, no século V, ordenou a construção do Mosteiro de São Maron, berço da Igreja Maronita, logo depois do Concílio Ecumênico de Calcedônia, evento que determina a rejeição ao monofisismo Cristão – posição teológica que concedia a Jesus somente a natureza divina – fazendo-se reconhecidas e incontestáveis as naturezas divina e humana de Jesus Cristo.

Convidados pelo bispo D. Sebastião de Paes Leme, chegaram ao Rio e ao Brasil os primeiros padres missionários libaneses maronitas, em19 de junho de 1891, quando então começaram sua atividade religiosa no Brasil. A paróquia Nossa Senhora do Líbano em São Paulo foi a primeira paróquia maronita no Brasil. O primeiro pároco foi o Padre Yacoub Saliba que veio de Miziára, norte do Líbano, e chegou em São Paulo no início dos anos de 1890. A paróquia situava-se então no atual Parque Dom Pedro; foi destruída em função dos planos urbanísticos realizados na região.

Atualmente o bispo maronita no Brasil, e esse é o maior posto hierárquico da Igreja no Brasil, é o Bispo libanês D. Edgard Madi, sagrado na Catedral do Líbano, em 2006(1)Seu líder maior é o Patriarca da Antioquia e de todo o Oriente. Sediado no Líbano, tem, por isto mesmo, seu principal grupo naquele país. Apesar de estar no âmbito da Igreja Católica Apostólica Romana possui um rito e uma liturgia diferentes dela.


·        Igreja Positivista

“O Amor por princípio, a Ordem por base e o Progresso por fim”[2].

A Igreja Positivista do Brasil, fundada em 11 de maio de 1881 - por Miguel de Lemos, na Rua do Carmo, 14, no Centro do Rio de Janeiro. A instituição foi criada a partir da reformulação da Sociedade Positivista que ali funcionava. Em junho do mesmo ano, a Igreja Positivista do Brasil se instalou na Travessa do Ouvidor, 7, também no centro da cidade do Rio de Janeiro. Em 1890, a instituição foi para uma sala na Rua do Lavradio, 126, onde aguardou a construção de sua sede própria, o Templo da Humanidade, na então chamada Rua Santa Isabel, hoje Rua Benjamin Constant, na Glória. Em 1891, a Igreja Positivista do Brasil mudou-se definitivamente para o Templo da Humanidade (1890-1897), ocupando então apenas a parte frontal do prédio, onde foi instalada uma pequena capela. O prédio completo foi finalmente inaugurado no dia 1 de janeiro de 1897.Foi o primeiro edifício construído, no mundo, para difundir a Religião da Humanidade, no dia 08 de Arquimedes do ano 88, - 08 de abril de 1888- de acordo com o calendário Positivista(3).

Surgia a sociedade estabelecida nos padrões da filosofia positivista, passando a denominar-se em 1878, Sociedade Positivista do Rio de Janeiro, filiada à Igreja Positivista da França. Entre as teses do Apostolado Positivista estavam a instalação e imposição da república, a elaboração de um novo projeto constitucional, a separação da Igreja do Estado, uma ampla reforma no ensino e a liberdade como princípio universal, fundamentado no princípio da ordem e do progresso. Os princípios básicos dessa igreja eram: o amor por princípio; a ordem por base e o progresso por fim. Defendia também que se devia agir por afeição e pensar para agir. O positivismo e os positivistas tiveram uma enorme influência na instituição do sistema republicano no Brasil, daí o lema da nossa Bandeira, Ordem e Progresso.

·        Culto aos Mortos

Dentro da cultura de quase todas as raças primitivas, em seus remotíssimos agrupamentos, os cultos aos mortos atingiam proporções espantosas. Inúmeras eram as tribos que se entregavam às  invocações de seus antepassados por meio de encantamentos e de cerimônias de magia. 

0 Egum não é o morto que volta à terra em forma espiritual e visível aos olhos dos vivos. Ele não renasce, mas na verdade ele não parte, ficando vagando em nossa dimensão. Corresponderia àquilo que popularmente chamamos de almas penadas.

Na matriz africana, normalmente, aqueles que cultuam os espíritos dos mais velhos de diversas formas, o fazem de acordo com a hierarquia que tiveram dentro da comunidade e com a sua atuação em prol da preservação e da transmissão dos valores culturais. Só os espíritos especialmente preparados para serem invocados e materializados é que recebem o nome de Egungun, Babá Egun ou simplesmente Babá (pai), sendo objeto desse culto todo especial. Na África, alguns Orixás já viveram na terra, como Xangô, Oyá, Ogum, Oxossi e outros, e são provenientes da ancestralidade de cada tribo, vila, cidade ou mesmo país, e como tal são cultuados. Do culto a Xangô nasceu o culto aos Egungun, na África, e que até hoje é praticado na Ilha de Itaparica, na Bahia.

O objetivo principal do   cultos aos Eguns, no início do século XIX, era tornar visível os espíritos dos ancestrais, agindo como uma ponte, um veículo, um elo entre os vivos e seus antepassados. E, ao mesmo tempo que mantinha a continuidade entre a vida e a morte; o culto também mantinha estrito controle das relações entre os vivos e mortos, estabelecendo uma distinção bem clara entre os dois mundos, o dos vivos e o dos mortos – ou seja, os dois níveis da existência.

Assim, os Babás, desse culto, trazem para seus descendentes e fiéis suas bênçãos e seus conselhos, mas não podem ser tocados, e ficam sempre isolados dos vivos. Sua presença é rigorosamente controlada pelos Ojés - sacerdotes do culto – e ninguém pode se aproximar deles.

·        Nova Jerusalém

Dante Alighieri escreve na Divina Comédia que todos aqueles que cometem pecados iriam para o inferno.  Swedenborg foi o primeiro a contestar esse conceito que era próprio das religiões judaico-católicas.  Ele afirmava que Deus queria a salvação de todos e não condenava ninguém ao inferno.

Criada no Brasil em 1898, em Lamim, Minas Gerais.  Baseia-se nos ensinamentos de Swedenborg.  Considerado como um dos precursores da filosofia espírita, em suas obras “Céu e Inferno”, “A Nova Jerusalém” e “Arcana Caelestia”. Swedenborg já apresentava em sua infância seus dotes de médium. Foi um dos maiores médiuns entre os videntes, de toda a história do espiritualismo. Pode ser considerado, o pai dos fenômenos supranormais.

O fundador da Nova Jerusalém foi o Sr. de la Fayette, cidadão mineiro, que recebera revelações, em Paris, alguns anos antes. Esse fato tornou-o desejoso de conhecer a verdade espiritual, e, para que a verdade brilhasse, o Sr. de la Fayette observou logo um rigoroso regime de temperança em todas as coisas.

A nova igreja possuía um catecismo que explicava e resumia a Nova Jerusalém e a sua doutrina celeste. Assim o homem foi criado por Deus para amá-lo e fazer o bem ao próximo. O homem, segundo essa Igreja, aprendia a fazer o bem nos dez mandamentos.

O homem devia reconhecer o Senhor, como o único Deus, em que estava encarnada a Santíssima Trindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A Trindade perfazia numa só pessoa a alma, o corpo e o ato da obra. Na Trindade Divina, o Pai é a alma, o Filho o corpo, o Espírito Santo a operação, condensados numa só pessoa – Jesus Cristo. Esta era a sua divergência capital com o Catolicismo já que "Deus não é solitário, Deus é solidariedade! Deus é Pai, é Filho e é Espírito Santo, Deus é família: é Pai e Filho, Ele é o Espírito que existe entre o Pai e o Filho. Deus é Pessoa. A Trindade não é uma composição de três indivíduos, mas de Três Pessoas e uma pessoa somente existe na relação com outra pessoa, ou seja, o Pai é pai porque tem filho, o Filho é filho porque tem Pai e os dois são pai e filho porque tem uma paternidade-filiação garantida pelo Espírito que há entre os dois. Isso é a Santíssima Trindade, uma relação de amor: o Pai é o amante, o Filho é o amado e o Espírito Santo é o amor do Pai e do Filho"[4].

A Nova Jerusalém era o cristianismo primitivo. Os seus membros não tinham ambições e ajudavam-se uns aos outros, praticando a caridade, o único amor capaz de nos desprender de nós mesmos para nos aproximar de Deus. A regeneração vinha da oração. O homem orava só a Jesus, porque o mais é idolatria. Todas as ciências e religiões nada são sem o conhecimento de Deus.



(1)Maiores informações sobre essa Igreja podem ser obtidas em sua página na Internet.
(2) Lema dos positivistas.
[3] Blog da Igreja Positivista do Brasil – IPB
[4]http://noticias.cancaonova.com/brasil/padre-explica-dogma-da-santissima-trindade/ interpretação fornecida pelo Padre João Carlos Almeida (SCJ) ao site acima.