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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

OS MANDAMENTOS DE DEUS




Na verdade, a vinda de Jesus, o Cristo, incomodava muito aos doutores da Lei, sacerdotes e fariseus. Isto se devia ao fato de Cristo vir, ao longo de suas peregrinações pelas terras de Israel, pregando ensinamentos que deixavam de lado a justiça do “olho por olho, dente por dente” (Lei de Talião) trazendo, em seu lugar, uma mensagem de puro AMOR. Além disso, ele começava a questionar os procedimentos daqueles que eram responsáveis pela conservação do respeito às Escrituras Sagradas, o Antigo Testamento. Eles, na verdade, criaram, ao longo dos tempos, como uma forma de contornar as Escrituras, que eram prejudiciais à sua busca do poder e da riqueza, regras de tradição, visando contornar os ensinamentos da Torá. Essa elite, somente  respeitava as Escrituras de fachada, sendo conhecidos pelos hábitos dissolutos e falsos. Quando Jesus é questionado pelos fariseus a respeito da tradição de lavar as mãos, antes de se sentarem à mesa, que não havia sido cumprida pelos seus apóstolos, ele lhes diz:

“Porque vocês desobedecem ao mandamento de Deus em nome da tradição de vocês? Pois Deus disse ‘Honre seu pai e sua mãe’. E ainda, ‘Quem amaldiçoa o pai ou a mãe, deve morrer’. E, no entanto, vocês ensinam que alguém pode dizer ao seu pai e à sua mãe: ‘O sustento que vocês poderiam receber de mim é consagrado a Deus’. E essa pessoa fica dispensada de honrar seu pai e sua mãe. Assim, vocês esvaziaram a palavra de Deus com a tradição de vocês”.

Assim como vemos, a Lei a que esses privilegiados seguiam não era aquela contida nos livros que compunham a Torá, mas, na verdade, referiam-se aos ensinamentos da tradição, que eram mais flexíveis e mais a seu caráter. A Torá é formada pelos livros do Gênesis, do Êxodo, do Levítico, dos Números e do Deuteronômio. Estes livros falam sobre a origem do povo de Israel, sobre a criação do mundo, da origem da humanidade, do pacto de Deus com Abraão e seus filhos, a libertação dos filhos de Israel do Egito, sua peregrinação durante quarenta anos até chegarem à terra prometida, além de outros ensinamentos. Um dos ensinamentos, ali contidos, foram os mandamentos e leis  dadas, por Deus, a Moisés para que as entregasse e as ensinasse ao povo de Israel: os Dez Mandamentos, ou Tábuas da Lei, ou Decálogo. Esses mandamentos são a Lei de Deus.  São eles, segundo o Antigo Testamento, no livro Exodus, cap.20:

    1. Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei do Egito, da casa da servidão.       Não terás em minha presença deuses estranhos. Não farás para ti imagem de escultura, nem figura alguma de tudo que há no alto do Céu, ou em baixo na terra, ou o que está debaixo da terra nas águas. Não as adorarás e nem lhes dará culto soberano, pois eu Javé, teu Deus, sou ciumento: quando me odeiam, castigo a culpa dos pais nos filhos, nos netos e nos bisnetos; mas, quando me amam e guardam meus mandamentos eu os amarei por mil gerações. (Ex. cap.20 v1 a 6)

Para entender esse mandamento devemos remontar aos anos em que foram recebidos por Moisés. O povo hebreu era constituído de tribos, que muitas vezes lutavam entre si, adoravam deuses diferentes e viviam em desarmonia.  Além disso, convém lembrar que o povo hebreu estava já há séculos sob o domínio dos gregos, ou dos egípcios ou dos romanos.  Assim, os sacerdotes hebreus, que sempre aceitavam passivamente as imposições dos povos que os escravizavam já começavam a aceitar que deuses pagãos entrassem em suas sinagogas e lá lhes prestassem culto e adoração. Com isso, ficava ameaçado o monoteísmo que era a base fundamental da religião judaica.  Essa passividade dos sacerdotes, doutores da Lei e fariseus, se devia à necessidade que tinham de continuar nas chefias e mandos que ocupavam. Por isso, procuravam não criar problemas com os que lhes escravizavam, para manter sua posição social. 
Os considerados deuses pagãos eram aqueles deuses cultuados pelos dominadores, que tinham ação vinculada à natureza. Por exemplo, Pan, pelo lado romano era o deus das festas. Mas, por que das festas?  Porque seus seguidores faziam as festas da colheita, e era a ele que agradeciam pelo bom resultado da sua agricultura, de seu rebanho. Pagão significa, na verdade, tudo que é vinculado à natureza. Os judeus consideravam pagãos   aqueles que não foram batizados de acordo com as normas que a religião hebraica impunha. 
A não confecção de estátuas, esculturas, de tudo que há no Céu, em baixo, na Terra, e debaixo da Terra e sob as águas, era uma forma de impedir que, embora aceitando o monoteísmo, os judeus começassem a fazer homenagens a deuses com formas que lembrassem os deuses pagãos. Se o fizessem, seria um passo enorme para logo em seguida passar a adorá-los e cultuá-los, soberanamente, como o Deus. Para que isso não acontecesse Deus é apresentado como um Deus ciumento e punitivo que castiga gerações pelos erros dos ancestrais.
Resta, portanto, desse mandamento, para nosso momento histórico, para nós, como principal recomendação o monoteísmo, ou seja, a crença em um só Deus e essa é a crença da Umbanda. Temos um só Deus, Olorum ou Zambi, que é aquele que não teve princípio e não terá fim; aquele que é onipotente, ou seja, que tudo pode, onisciente, ou seja, aquele que tudo conhece; que é a fonte de todas as pessoas e coisas, que está nelas e a elas transcende. É a Energia Universal que a tudo e a todos perpassa e vivifica.

    2. Não pronuncies o nome de Javé, seu deus, em vão, porque Javé não dei-xará sem castigo aquele que pronunciar o nome dele em vão. (Ex. cap.20 v. 7)

Àquela época o chamar aos deuses como testemunhas de sua sinceridade, era comum entre os pagãos e mesmo entre os judeus. Mesmo naquelas situações em que o indivíduo mentia deslavadamente.  Assim, esses testemunhos acabavam vulgarizando e tornando mentirosas as promessas aos deuses, no caso dos pagãos, e ao Deus único, no caso dos judeus. Também nós não devemos falar, por qualquer coisa, o nome de Olorum.  Tampouco devemos usar o nome das entidades de luz, que conosco trabalham, para justificar nossas ações, nossas palavras e atos. Somos filhos de Olorum, tendo em nosso interior a Centelha Divina que um dia se abrasará e nos tornará seres luminosos e sábios. 

      3. Lembre-se do dia de sábado, para santificá-lo.  Trabalhe durante seis dias e faça todas as suas tarefas. O sétimo dia, porém, é o sábado de Javé, seu Deus. (Ex. cap.20 v8 a 10)

Este mandamento tinha como finalidade lembrar aos judeus a necessidade de pelo menos uma vez por semana estar à disposição de Deus. Era uma forma de fazer com que, liberados dos trabalhos estafantes da semana, que incluíam os da lavoura, pecuária e outros que demandavam muito esforço físico, os judeus dedicassem, pelo menos uma parte do seu tempo ao ritual religioso e à meditação sobre os ensinamentos de Deus. As tribos de Israel naquele tempo, ainda primitivas, precisavam, pelo menos uma vez por semana, estarem voltadas para o aprendizado da Lei de Deus, na busca da evolução espiritual.
Sabemos que, na verdade, ser religioso não é estar uma vez na semana no templo ou em um ritual da religião, mas estar atento, todos os dias, em todos nossos atos, pensamentos e palavras, para que não descumpramos nenhum dos ensinamentos de Cristo. Este é o espírito que norteia os Evangelhos de Cristo. Não somos perfeitos, mas se estivermos atentos conseguiremos diminuir nossos erros e caminharemos passo a passo em nossa evolução.  Assim, devemos cultivar nossas boas qualidades todo o tempo possível e superar nossos erros ao longo de nossa vida.
A partir deste terceiro mandamento, veremos que os mandamentos seguintes, são, na verdade, um código de comportamento social, que tinha como finalidade preservar a família, a propriedade e as tribos.

  4. Honre seu pai e sua mãe, desse modo, você prolongará sua vida, na terra que Javé deu a você.

  5. Não mate

  6. Não cometa adultério.

  7. Não roube.

  8. Não apresente testemunho falso contra seu próximo.

  9. Não cobiçarás a mulher do seu próximo.

 10.Não cobice a casa do seu próximo, nem o escravo, nem a escrava, nem o boi, nem o jumento, nem coisa alguma que pertença a seu próximo.

Todos esses mandamentos são um código de ética para a vida em comunidade e que todos devemos respeitar, independente da religião professada.


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A PAIXÃO DE CRISTO


A Paixão de Cristo, de acordo com nossa cultura, extremamente influenciada pela visão judaico-católica, representa um dia de tristeza, de ações de “mea culpa”, onde todos, de alguma maneira devem se sentir um pouco ou muito, um Judas, culpado pela morte de Cristo na Cruz. As vertentes religiosas, advindas daquela cultura, nos querem fazer crer que Cristo morreu na cruz para nos redimir dos nossos pecados.  Mas como então podemos ter o pecado original? Não fomos redimidos?
Na verdade a intenção dos defensores dessa estranha idéia é de criar, em todos nós, o sentimento de que somos culpados pelo sofrimento de Cristo, e que por isso devemos nos redimir de nossos pecados perante o Pai para que sejamos perdoados e para que possamos entrar no Reino dos Céus.  Por isso é necessário um Deus vingativo e punitivo; não fazendo o que pregam essas religiões estaremos condenados ao fundo do Inferno.  Como poderíamos imaginar que o sacrifício de Jesus foi uma troca com os nossos pecados?  Como entender que a humanidade, que já vai entrando em seu terceiro milênio, continua tendo resgatados seus pecados, tão mais recentes e diferentes daquilo que eram naquela época?  Se assim fosse, não entraríamos todos no céu? Qual seria o Deus tirânico que pediria a vida de seu filho mais querido em troca da salvação de nossos espíritos, que, segundo essas mesmas crenças, estão tão longe desse mesmo Deus?
Na verdade, o que Jesus veio nos mostrar foi a capacidade de vermos que temos a possibilidade de também desenvolvermos nossa Centelha Divina, atingindo ao final de nossas vidas encarnadas o nosso próprio estado Crístico.  Foi a certeza de que nossas reencarnações, passadas e futuras, serviram e servirão para nossa evolução e que isso está em nossas mãos e não nas mãos de religiões e religiosos. Ele nos trouxe a certeza de que a todos nós nos é dado o poder de evoluir e atingir nossa plena luminosidade ao final de certo número de vidas.
A primeira coisa que devemos lembrar é que na Umbanda não temos a figura do pecado e, portanto,  também não temos a culpa.  O que temos na Umbanda é a responsabilidade pelos nossos atos.  Por isso mesmo é que Cristo ao vir e morrer na cruz em um sacrifício ele veio nos mostrar que o Espírito será reencarnado para a continuidade de seu aprendizado. E isto é o ensinamento maior de Cristo. Morre o corpo denso, mas sobrevive o Espírito que é a forma mais sutil da Energia Vital, do Fluido Universal.  Para compreendermos isso, devemos lembrar que existe uma diferença entre o Jesus histórico e o Cristo. O Jesus histórico foi um ser humano já no final de seu processo de evolução e prestes a se tornar luminoso. O Cristo é a condição atingida por Jesus ao final de sua última encarnação.
Assim, a ressurreição é uma garantia de que, a cada novo reencarnar, nossa evolução estará em um estado de maior elevação espiritual.  Com o aparecimento de Cristo para Madalena e, posteriormente, para seus apóstolos, ele vem nos mostrar a possibilidade de comunicação que temos com Espíritos e a verdade de eles voltarem à vida com a finalidade de dar continuidade ao processo de evolução.  Sempre voltamos em condições de maior nível de evolução.  O simbolismo da Paixão de Cristo é uma forma de demonstrar que a ressurreição do Espírito é inexorável. Quando se diz que Cristo veio para resgatar os pecados do mundo não significa que os pecados do mundo desapareceriam após sua vinda.  Significa, sim, que à medida que nossos espíritos forem aprendendo a sua doutrina, o seu Evangelho, estaremos mais evoluídos.  Cristo, por isso mesmo, veio para nos mostrar que nesse mundo os Espíritos não vêm para sofrer ou pagar, mas para aprender e se reconciliar com suas vidas passadas. É um aprendizado de resignação e de fé.  Teremos assim em vidas futuras a possibilidade de assumir as responsabilidades que geramos em vidas passadas, através do aprendizado, no novo período de vida encarnada,  superando aquelas que eram nossas deficiências espirituais. Nossa vida espiritual é uma espiral ascendente, rumo ao Fluido Universal Infinito, que é nossa Origem e nosso Destino: Deus.
O cumprimento da missão de Cristo enquanto filho de Deus, que veio como cordeiro de Deus para sacrificar-se pelo mundo, teve de contar, entre os personagens que participaram direta ou indiretamente de sua vida, com diferentes e importantes papéis entre eles.  Assim, o fato dos sacerdotes hebreus terem tomado a atitude de entregar Jesus nada mais fizeram do que aquilo que estava determinado.  Quando Judas vai e entrega Cristo, está cumprindo uma das partes mais árduas da missão: a de permitir que Cristo fosse preso, na calada da noite, para passar pelo seu Calvário e consumar sua missão e sua iluminação.
Quando Jesus, ao expirar, pronuncia as palavras “Consumatun est” (está finalizado, está consumado)  não está, referindo-se à finalização do sopro da vida naquele corpo denso – de Jesus – mas o caminho de Cristificação de Jesus.  Ali o homem deixa definitivamente de existir para passar a existir somente a Energia Crística, o Cristo.
Assim, a sexta feira da Paixão não pode ser vista como um momento de tristeza, mas de alegria; não de culpa mas de libertação pois foi exemplo maior de Jesus que nos demonstrou que o homem pode chegar até onde ele próprio chegou.  Jesus veio nos ensinar isso, e conseguiu, pois se não o tivesse conseguido sua mensagem não estaria presente por mais de dois milênios e até hoje sem que tenhamos conseguir aprender em toda a profundidade seus ensinamentos. Essa é a nossa alegria que se consuma exatamente na sexta feira da Paixão. 
Cristo nos ensina que teremos condições de superar nossas deficiências espirituais e, plenamente desenvolvidos, seremos luminosos e sábios e nos colocaremos frente a Deus. Ensina que temos salvação sim, que nenhum Espírito se perde nesse mundo, que nos elevaremos ao seu nível, sim.  Então isso que deveríamos comemorar: as oportunidades que Jesus – o Cristo- nos veio mostrar.
É também um momento de alegria porque Cristo nos mostra que o Espírito é imortal, ao se mostrar aos discípulos com forma de Jesus (perispírito), apenas aumenta sua materialidade ao mandar que Tomé tocasse suas chagas.  E por que Cristo se mostra sob a forma de Jesus? Porque somente assim os apóstolos poderiam reconhecê-lo.  O que mais queremos para comemorar? Cristo nos mostrou o nível de evolução espiritual que poderemos chegar que é o de essência fluídica extremamente sutil, plenamente luminosos e sábios.
Assim, quando Cristo veio há mais de 2000 anos, não veio apenas no sentido estrito de apagar os pecados da humanidade, pois, como vimos, eles continuam a acontecer, mas veio no sentido amplo de nos mostrar o caminho da nossa evolução.  Demonstremos nosso agradecimento, nossa alegria e nossa compreensão sobre a missão Crística de Jesus na terra.
Na Umbanda podemos demonstrar toda essa compreensão da missão Crística ao compreendermos a missão de nossa Religião na Terra: a manifestação do Espírito para a prática da Caridade.  Pretos Velhos, Caboclos, Exus, Crianças e outras entidades de Luz, que se apresentam para os trabalhos na Umbanda, ajudam-nos a obter essa compreensão através dos seus passes de harmonização, conselhos, de seu apoio nos momentos difíceis e sempre servindo para nós como exemplos de Espíritos em estagio superior de evolução.
“DEUS É TÃO BOM QUE MESMO AQUELES QUE NÃO ACREDITAM EM DEUS UM DIA VERÃO A DEUS”(frase de um autor do século XIX).

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

CONCEITOS NECESSÁRIOS PARA O ENTENDIMENTO DA DOUTRINA UMBANDISTA III

10. O Carma

O carma é formado ações, comportamentos e valores que trazemos de outras vidas; fatos decisivos que marcaram nossas vidas passadas vêm condicionando nossas vidas seguintes.  São como diz Patrick Druot “o DNA do nosso espírito”.  Marcam nossa trajetória durante todas as nossas vidas até que tomando conhecimento deles em uma vida terrena possamos superá-los.  Essa trajetória do espírito é que chamamos de linha  cármica.  Essa linha cármica é comum a todas as vidas e vamos mudando-a na medida em que nosso aprendizado torne desnecessárias novas experiências como as que vivemos até aquele momento. Por exemplo, se em uma vida passada o espírito passou por situações que geraram fortes sentimentos de impotência, ou de incapacidade de realizar seus objetivos e esses sentimentos prevaleceram durante sua passagem, em todas as outras vidas esses fatos se repetirão de maneira diferente, mas com o mesmo resultado.  Se o sentimento foi de impotência perante a realidade do mundo, ou de incapacidade para atingir seus objetivos, como citado, os mesmos sentimentos acompanharão aquele espírito nas vidas seguintes, até que ele perceba isso e os supere.  Por outro lado, os sofrimentos são gerados por nós mesmos durante as vidas presentes, ou seja, aquelas que estamos vivendo. Na medida em que não nos harmonizamos com a Energia Divina estaremos vivendo uma vida de ambições materiais, de sentimentos inferiores e de ações egoístas, o que nos leva ao sofrimento. A ausência do Bem em nossas outras encarnações gera a programação atual com o intuito de aprendizado, de evolução e da prática do Bem.  Nada do que passamos é em virtude de males passados, mas da ausência do Bem em  nossas vidas passadas e na vida presente.  Nossos atos errôneos do passado nos trazem necessidade de aprimoramento espiritual e não de sofrimento. Como explicar a evolução de um espírito que em uma encarnação foi responsável pela morte de milhares de pessoas? Caso aceitemos que deverá pagar com o sofrimento e a morte da mesma maneira estaremos criando um círculo vicioso de falta de amor, pois alguém terá de ser responsável por cada morte que ele terá em cada vida.  Um criminoso de guerra que matou meio milhão de pessoas em câmara de gás deverá voltar o mesmo número de  para pagar seu carma? Deus não nos quer sofredores ou vítimas, mas sim nos quer alegres e responsáveis; nossa evolução não tem de, necessariamente, passar pelos sofrimentos de resgate. A nossa evolução se dá através de atos positivos, de amor e caridade e não de castigos.
A evolução espiritual é como o trabalho de um lapidador com a pedra bruta. Ele lapida aquela pedra até que dela saia um brilhante maravilhoso. Se vivermos com o amor fraterno ensinado pelo Cristo, iremos burilando nossa pedra interior para que em um certo número de encarnações se transforme na mais linda e mais brilhante pedra que existe.  O fator importante para cumprirmos esse caminho de iluminação é a capacidade de estarmos atentos às oportunidades que nos são dadas para praticar o bem e desenvolver o nosso espírito.   

11. Carma Coletivo
Com o sistema econômico vigente, com o desenvolvimento científico, e com a necessidade acumuladora que tomou conta da humanidade o Ter se tornou mais importante do que o SER. O Ser nada mais é que nosso espírito.  Assim, a Centelha Divina que habita em nós foi abandonada e sua substituída pelas aparências materiais: intelectuais e físicas. Isso levou não só a ausência do Bem nos conceitos, valores e ações da humanidade como a gerar sistemas sociais injustos, onde predominam as guerras, o egoísmo, a intolerância, a falta de caridade, enfim, tudo aquilo que é contrário ao que nos é ensinado no Evangelho de Cristo. Vemos, ao longo dos anos e em todo mundo, ações belicosas disfarçadas de ações para algum tipo de bem, mas, que , na verdade, escondem interesses econômicos de pequenos grupos. As guerras santas, as invasões de territórios independentes, usam os soldados e o povo como massa de manobra para conquistar esses interesses mesquinhos de grupos econômicos disfarçados de defensores da liberdade ou da palavra de Deus. Isso gera um carma coletivo que passa de geração a geração, em cada país, em cada canto do mundo. Esse carma coletivo sim, pode se transformar em dificuldades, das mais variadas intensidades, que em determinado momento atingem sociedades, países ou grupos étnicos inteiros. Incluem-se nessas dificuldades os grandes acidentes e os cataclismos. Somente com mudanças radicais em nosso modo de vida e nos valores de nossas sociedades esses fatos deixarão de acontecer.