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terça-feira, 24 de setembro de 2019

RELIGIÕES DO RIO 1904 Terceira Parte

   
·        As Macumbas

    As entidades que chegavam nas Macumbas trabalhavam sempre da mesma forma e os métodos que utilizavam eram ditados pelos espíritos vinculados aos níveis mais baixos do mundo astral, que foram as responsáveis pela introdução desses ritos, visando fazer o mal.

  Segundo Leal de Souza “a Macumba se distinguia pelo uso de batuques, tambores e outros instrumentos de origem africana”.  Segundo o mesmo autor os batuques eram irregulares, diferentes dos toques usados nos Candomblés, e serviam para influenciar os trabalhos que estavam sendo feitos, de maneira a dar-lhes o resultado desejado.  Por outro lado, caracterizavam-se pelo tempo que esses trabalhos levavam, muitas vezes indo até o amanhecer.

   As reuniões aconteciam em lugares ermos para evitar a repressão policial e eram dirigidas, normalmente, por um espírito que se dizia um Negro, mas havia também aquelas que eram comandadas por um espírito que se dizia um Caboclo.  Esses espíritos eram obedecidos cegamente, sem nenhuma hesitação e, muitas vezes, quando chegavam todos se colocavam de joelhos e a entidade lhes dava vinho e bolos com palmatórias. Como forma de impressionar, aos frequentadores das reuniões, muitas vezes queimavam pólvora nas palmas das mãos pisavam em cacos de vidros e “engoliam” fogo. Elas tiveram seu auge no Brasil, nas primeiras décadas do século XX, antes da extremada urbanização pela qual passou nosso País, principalmente a partir da década de 50 do século passado.

·        O Satanismo

   Este culto apareceu na Europa e era praticado como uma contraposição à igreja, com a adoração de Lúcifer. Teve sua origem nas evocações do Papa Aviano em 1745. Na verdade, esse Papa não existiu. Havia um frei chamado Aviano que era peregrino e praticava milagres e teria feito o exorcismo daqueles que não seguiam a fé cristã.

   Esse culto ao Diabo sempre existiu. Nos documentos dos satanistas foram encontrados, pelos pesquisadores do tema envultamentos e malefícios anteriores aos feitiços dos negros e a Dom Pedro I. No Brasil, os apóstatas, como se diz de Aviano, não foram comuns e, apesar do desejo de fortuna e de satisfações mundanas, é difícil se encontrar um caso de apostasia na história do clero brasileiro. Eram considerados apóstatas todos aqueles que renegavam a fé em Cristo.

   Os satanistas ao contrário, no Brasil, foram muitos. Sempre souberam que Satã é, segundo a Igreja Católica, o proscrito, o infame, o mal, o pervertido, no entanto, mantinham sua participação nesse culto.  Suas cerimônias eram cópias invertidas dos rituais da Igreja e eram praticantes e usuários de forças ocultas vinculadas segundo eles a Lúcifer. O número de crentes convictos sempre foi mínimo. Podemos ver isto, hoje, em determinadas religiões que em seus cultos mais falam do demônio do que de Deus.

   Esta figura lendária, nascida da crença católica, no Brasil e no Mundo, nunca deixou de ser adorada e ou temida. No início dos séculos, na idade média ou nos tempos modernos, os cultos e os incultos veneravam-no como a encarnação dos deuses pagãos, com o poder de buscar almas, como o renegado, fazendo milagres a troco dessas almas.

·        Fisiolatria

   Os fisiólatras eram monistas, ou seja, consideravam que Deus estava em todas as coisas por ele criadas. Assim, consideravam que Deus estava em toda natureza e que a obrigação de todos era a formação de uma cultura mental que levasse todos respeitarem à criação Divina.

  O termo Fisiolatria é uma composição de duas outras palavras: Fisio – que significa produção, formação, natureza física e moral e o termo latria que significa Adoração devida a Deus, culto.  Eram, portanto, seguidores de uma doutrina filosófica e consideravam sua religião mais que um culto, mas uma cultura mental; a sistematização racional do processo de educação dos seres vivos, donde resultariam todas as aptidões adquiridas, mesmo as físicas e fisiológicas. A Fisiolatria baseava-se, como toda a reforma socioeconômica e cultural, que através da libertação de todo o povo poderia ser construída uma sociedade mais justa. A religião também era chamada Ortolatria, ou verdadeira cultura.

   Os fisiólatras pretendiam fazer uma remodelação de todas as coisas humanas, não limitando a sua ação à modificação dos conceitos. Essa reforma abrangeria as opiniões, os costumes, o Homem e a própria Terra. Pode-se dizer que foram os primeiros seguidores de uma doutrina que procurava harmonizar o homem com a natureza, deixando o homem de ser senhor da natureza, mas parceiro da mesma.

   Hoje temos a figura da deusa Gaia, utilizada nos meios de defesa ecológica, como o símbolo da terra. Na ficção científica, principalmente de Isaac Asimov, professor da Universidade de Harvard, no último livro de sua trilogia – que na verdade teve cinco livros – mostra Gaia como um planeta onde se unem os animais, as plantas, os minerais e os seres humanos para defender-se da ameaça externa, fazendo surgir uma força invencível naquele que luta em defesa do Planeta.