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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O REINO DE DEUS


Isaías disse que viria a voz daquele que anunciaria a nova estrada: “preparem o caminho do Senhor”.  Esse, que foi anunciado por Isaias, foi João Batista bradando no deserto: Convertam-se porque o Reino do Céu está próximo.
A Umbanda, como todas as religiões espiritualistas, vê esse chamado Reino do Céu, como a plena e total iluminação do ser humano.  É o incendiar da Centelha Divina que existe em cada ser humano, levando-o ao fim de suas existências encarnadas a uma perfeita harmonia com a Energia Espiritual Primordial, ou seja, com Deus.
 No entanto Jesus veio e o mundo continuou o mesmo.  Todos os erros e acertos que eram cometidos continuam sendo.  O Reino do Céu portanto é mais que um simples cumprimento do ritual e dos sacramentos de uma religião. Mais do que isso, é uma evolução no dia a dia.  Ele, segundo os ensinamentos de Cristo, está em nós.  O próprio João Batista quando vê os fariseus e os saduceus chegarem para o batismo lhes disse: “Raça de cobras venenosas (...) façam coisas que provem que vocês se converteram” e ainda, “Toda árvore que não der bons frutos, será cortada e jogada no fogo”.  A árvore deve ser vista do ponto de vista espiritual e não material. A árvore simboliza o homem e os frutos suas ações. Também somos responsáveis pelo nosso inferno pois o mal não existe por si só.  O mal é a ausência do bem; assim como o não é a ausência do sim, a escuridão é a ausência da luz, o negro a ausência de cores.  Desta forma, temos em nossa vida, a partir do nosso livre arbítrio, a afirmação do bem ou a sua ausência.  A afirmação do bem é o caminho para nossa evolução. Nossa encarnações são para isso, evoluir. Não podemos estagnar em nossa caminhada de evolução espiritual.   Assim, podemos dizer que um espírito luminoso já chegou ao seu o céu enquanto um espírito sem luz ainda se encontra em seu inferno. Neste último caso,  nossas responsabilidades em futuras encarnações são mantidas intactas, por nós mesmos.
Quando Jesus é batizado, recebe com toda a intensidade a força de Deus, simbolizada nos Evangelhos por uma pomba branca, representando o Espírito Santo.  Naquele momento o Jesus homem, histórico, inicia sua caminhada crística ou  de CRISTO.
Devemos nos lembrar a forma que Jesus, o Cristo, se utilizava para proceder ao ensinamento daqueles que o ouviam, era sob a forma de parábolas ou símbolos, como forma de fazer com que fosse entendida somente pelos que tinham “Olhos para ver e ouvidos para ouvir” (Mateus XII, 16).  Porém, todas as parábolas e simbolismos apresentados por Jesus em sua pregação se encaminham para dois pontos que ao fim se unificam: o abandono do ego e seus desejos materiais e o amor aos nossos próximos, todos filhos de Deus. O  Sermão da Montanha nos mostra, se buscarmos a Verdade nele contida, que a superação do Ego pelo Eu é a única forma que temos de “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmo”.  Enquanto nosso ego comandar nossas ações, escravizando nosso Eu, teremos  inveja, intolerância, falta de compaixão, agressividade, cobiça,imperfeições mentais e de coração não conseguiremos trilhar, com perseverança, o caminho da nossa evolução;
Jesus, repetindo João Batista, começa pregando “convertam-se porque o Reino do Céu está próximo”.  Como vimos o Reino do Céu representa nosso pleno desenvolvimento espiritual; quando Jesus dizia que ele estava próximo é porque estava dentro de nós, como Ele próprio Cristo diria posteriormente: “o Reino do Céus está em cada um de vocês”.  É a centelha divina plenamente desenvolvida e nosso espírito luminoso.
Quando Jesus arrebanha seus apóstolos entre homens simples e rudes como Pedro, outros como Mateus, intimamente vinculado ao símbolo maior da materialidade (o dinheiro), implacável  cobrador de impostos, mandava uma mensagem a toda a humanidade de que todos poderiam chegar à sua iluminação e ainda, Judas Iscariotes aceito como discípulo embora tenha sido o paradigma da falta de amor, da falsidade, do egoísmo, da busca pelo poder, da violência. Foi ao mesmo tempo aquele que teve a mais dolorosa função, a de entregar Cristo a seus perseguidores para que se consumasse a vida crística de Jesus. Tanto isso é verdade que Cristo quando está com seus apóstolos na Última Ceia diz a Judas: “Vai e faz o que tem de ser feito”, e Judas vai e o entrega aos sacerdotes judeus; também mostra isso a última frase de Jesus na cruz: “Consumatun est” , ou seja, “está consumado” ou ainda “está realizado”. Naquele momento, Jesus não se referia à sua morte, mas a  plena realização do Reino do Céu, nele. Ou seja à sua total iluminação, enquanto ser humano, enquanto Jesus. A condição Crística anterior, recebida no momento do seu batismo por João Batista é substituída pelo seu próprio estado Crístico.  Essa foi a contribuição maior de Jesus, ou seja, mostrar que qualquer ser humano poderá a assumir sua condição crística, pois também é filho de Deus.