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quarta-feira, 17 de julho de 2019

LIBERDADE RELIGIOSA O que é? Segunda Parte




          Liberdade Religiosa

“Seria negar a Deus os atributos de inteligência e justiça admitirmos que o Criador fosse capaz de desprezar ou punir as suas criaturas porque não o amam do mesmo modo, orando com as mesmas palavras, seguindo os mesmos ritos. - Leal de Souza[1] 

A fé religiosa é inerente ao ser humano e traz consigo um grande poder de humanização.  Várias experiências foram feitas cientificamente que demonstraram, por exemplo, que a fé e a oração são alguns dos elementos curadores mais importantes. Por outro lado, a fé, sem o fanatismo dos fundamentalistas, faz com que as pessoas desenvolvam maior senso de justiça, mais amor e mais tolerância. Já a oração com fé nos conecta com o plano espiritual, levando nossas necessidades e dificuldades para que de lá venham a intuição e a força para as superarmos. Em nossas vidas poucas são as coisas que podemos definir como milagres. As Entidades, os Santos, o Cristo, nos ajudam dando-nos força, intuição e persistência para superarmos os obstáculos, mas não podem mudar nossas vidas. Somente uma pessoa pode mudar nossas vidas, nós mesmos.

Se nos propomos falar sobre liberdade religiosa e tolerância, é porque a liberdade está restringida em muitos lugares e a intolerância existe como um problema para comunidades e etnias. Os homens continuam preconceituosos, o que leva às guerras religiosas, em nome de Deus, mas na verdade elas sempre foram fundamentadas em questões ideológicas, políticas e econômicas.  Hoje mesmo, falsamente, em nome de Deus ou em convicções religiosas, se mata cruelmente e massivamente na Europa, na Síria, no Iraque, na Turquia, em Israel, na Palestina, e em muitos outros países e continentes. O terrorismo em nome de Deus continua matando, ferindo ou expulsando inocentes no mundo inteiro.

Assim, como faziam os Templários, com a convicção de que era seu dever defender a verdade católica, como se ela fosse algo superior à dignidade das pessoas que pensam diferente, hoje, os intolerantes religiosos, agridem, ferem e matam aqueles que cultuam ao mesmo Deus, só que de forma diferente. Na época dos Templários o que era importante era encher o erário, o tesouro do rei da França e de sua casta religiosa. Isto mesmo é feito hoje pelos fundamentalistas que servem muito a interesses econômicos e à sede de poder de determinadas castas e elites. A ironia de tudo isto é o fato de esses conflitos acontecerem com tanta virulência pois supõe-se que as religiões devem centrar-se no desenvolvimento de valores espirituais como o amor e o respeito aos irmãos, enfim, a todos os seres humanos e à natureza.

Não nos esqueçamos que todos os textos sagrados, inclusive o Evangelho de Cristo, apareceram em sociedades totalmente diferentes das atuais, com estágios diferentes de desenvolvimento espiritual e com diferentes níveis de conhecimento e cultura. Mas, mesmo assim, Jesus sempre pregou o amor, a caridade e a tolerância. Desta, a tolerância, o exemplo maior dado por Cristo foi o caso da mulher pega em adultério (João 8,1-11).

No que concerne à nossa religião, vemos que as religiões mais antigas se consideram proprietárias de Cristo, e o que é pior, nem as outras religiões e, muitas vezes, nem Igrejas da mesma confissão são respeitadas, pois seus condutores falam que somente a “sua” Igreja é a certa. Ou seja, nestes casos, a Igreja, o Templo, o Terreiro, não seriam para cultuar Cristo, mas o pastor, o sacerdote, o pai de terreiro e outros que, pela sua pretensa sabedoria e pela sua perfeição, já que assim se apresentam, tornar-se-iam os supostos melhores mensageiros de Cristo.



[1]Leal de Souza - No mundo dos Espíritos, 1932 Ed.  Liceu de Artes e Ofícios – RJ