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domingo, 1 de julho de 2012

PERDOAI OS VOSSOS INIMIGOS


No Evangelho de Mateus, quando Jesus ensina como rezar, dando aos seus discípulos a oração que deveriam rezar, o Pai Nosso, Ele lhes diz:
“De fato, se vocês perdoarem aos homens os males que eles fizeram o Pai de vocês que está no céu também perdoará a vocês. Mas, se vocês não perdoarem aos homens, o Pai de vocês não perdoará os males que vocês tiverem feito” (Mateus, 6:14 e 15).
Em outros momentos, Jesus também fala sobre o perdão e a tolerância com nossos irmãos. Por exemplo:
“Se o seu irmão pecar, vá e mostre o erro dele, mas em particular, só entre vocês dois. Se ele der ouvido, você terá ganho o seu irmão” (Mateus, 18:15).
Pedro se aproxima de Jesus e lhe pergunta: “Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes? Não lhe digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mateus 18:21 e 22).
Seguindo a essa afirmação, Jesus compara o Reino do Céu com um rei que depois de perdoar a dívida de um de seus empregados, fica sabendo que ao sair dali, esse mesmo empregado, mandara um homem que lhe devia para a prisão. Mandando buscá-lo, repreendeu seu comportamento e o castigou também com a prisão por sua dívida.
Também, após o sermão da montanha, Jesus ensina que devemos amar como o Pai ama. Refere-se em primeiro lugar à famosa lei, do Antigo Testamento, sobre amar aos amigos e odiar aos inimigos. Expressou-se da forma a seguir.
“Vocês ouviram que foi dito – ame o seu próximo e odeie o seu inimigo. Eu, porem lhes digo: amem os seus inimigos e rezem por aqueles que perseguem vocês! Assim vocês se tornarão filhos do Pai que está no céu, porque ele faz o sol nascer sobre os maus e os bons e a chuva cair sobre os justos e os injustos” (Mateus 5:43 a 45).
Ainda em Mateus, lemos:
“Vocês ouviram – olho por olho, dente por dente. Eu, porém lhes digo, não se vinguem de quem fez o mal a vocês. Pelo contrário: se alguém lhe dá um tapa na face direita, ofereça também a esquerda. Se alguém faz um processo para de você tomar a túnica, deixa também o manto. Se alguém obriga você a andar um quilômetro, caminhe dois quilômetros com ele” Mateus 5:38 a 41).

Na nossa sociedade o perdão é visto, na maioria das vezes, como fraqueza por parte daquele que perdoa. É visto também como falta de auto-estima, pois não se sentiu ofendido.

Devemos, antes de qualquer coisa, para entender as passagens do Evangelho, saber o que é o perdão preconizado por Cristo.

O perdão, por ele pregado, não é ser omisso perante aquilo que tem de ser mudado; não é apoiar comportamentos que nos prejudicam e nos machucam ou prejudicam e machucam à sociedade como um todo.
Isso, quando o fazemos, é apatia, é indiferença, é egoísmo.

O perdão preconizado por Cristo é compreensão para com os defeitos de nossos irmãos, é tolerância, é uma postura que se inicia no nosso íntimo, se prolonga nos nossos atos e retorna ao nosso íntimo, para que o véu do verdadeiro esquecimento caia sobre o acontecido e este nunca mais volte à luz.

Visto isso, o que quer dizer Jesus quando nos pede que amemos aos nossos inimigos? Na verdade, Jesus propõe, aqui, uma contradição. Se eu amo alguém, eu não o considero como inimigo. É exatamente isso que ele quer nos dizer: não devemos ter inimigos, considerar alguém como inimigo, porque senão tudo que falarmos ou fizermos será falso. Como amar alguém contra o qual temos algo em nossa mente e em nosso coração? O próprio Jesus nos legou o ensinamento de que:
“Portanto, se você estiver apresentando sua oferta diante do altar e ali se lembrar de que seu irmão tem algo contra você, deixe sua oferta ali, diante do altar, e vá primeiro reconciliar-se com seu irmão; depois volte e apresente sua oferta” (Mateus 5.23-24).

A oferta, que aqui se refere Jesus, são nossas preces e nosso amor ao próximo. Portanto, antes de dizer que amamos nossos inimigos, antes de rezar por eles, amemos a nós mesmos, rezando por nós, para que tenhamos a evolução espiritual que nos permita, realmente, amar a todos nossos irmãos, sem a falsidade daquele que diz: perdoar eu perdôo,mas não esquecerei, jamais.


Esta é uma declaração de perdão que, como diz uma comunicação do espírito de Paulo, inscrita no Evangelho segundo o Espiritismo (ESE 10:15), “um perdão dos lábios” e “não um perdão do coração”. Essa comunicação inicia dizendo: “perdoar os inimigos é pedir perdão para si mesmo”. 


Se amarmos nossos irmãos como a nós mesmos, saberemos perdoar àqueles que de alguma forma nos atingem ou atingiram. Não importa como eles nos consideram, importa como nós os consideramos. Se para eles somos seus inimigos, terão, por isso mesmo, que aprender, nessa ou em outras encarnações, a tirar a raiva, a mágoa, a inveja, a intolerância e outros sentimentos desse quilate de seu coração. Como nos ensinou Jesus, não deixaremos a rotina de nascer, morrer e reencarnar, enquanto não tivermos pagado o último ceitil, purificado nosso espírito e enquanto não tivermos nosso espírito plenamente luminoso.





Todas as citações aqui feitas foram tiradas da Bíblia Católica – Edição Pastoral – Ed. Paulus – 15ª Ed. e do Evangelho segundo o Espiritismo, de Alan Kardec, 2ª Ed -  2010 -  Ed. Besourobox