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segunda-feira, 25 de novembro de 2019

HISTÓRIA DA UMBANDA 2





HISTÓRIA DA UMBANDA 2

No dia seguinte, na casa da família Moraes, na rua Floriano Peixoto, número 30, ao se aproximar a hora marcada, 20:00 h, lá já estavam reunidos os membros da Federação Espírita, que queriam comprovar a veracidade do que fora declarado na véspera. Estavam presentes também parentes mais próximos, amigos, e vizinhos da família de Zélio e, do lado de fora, uma multidão de desconhecidos que ninguém sabia como tinha chegado até ali.

Às 20:00 h, conforme havia dito, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Declarou que naquele momento se iniciava um novo culto. Nele os espíritos de velhos africanos que haviam servido como escravos e que agora se encontravam desencarnados iriam ter a oportunidade de desenvolver os trabalhos necessários em benefício dos encarnados. Também, os indígenas brasileiros fariam parte dessa nova religião, pois igualmente queriam ajudar aos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo ou a condição social. Entretanto, até aquele momento, essas Almas não encontravam campo de atuação nos rituais remanescentes da cultura negra ou indígena, que haviam sido corrompidas e estavam direcionados, em sua totalidade, para os trabalhos de feitiçaria. Daí a necessidade dessa nova Religião.

O Caboclo estabeleceu as normas em que se processaria o culto. Sessões, assim seriam chamados os períodos de trabalho espiritual, diárias das 20:00 às 22:00 h; os participantes estariam uniformizados de branco e o atendimento seria gratuito. Deu, também, o nome do Movimento Religioso que se iniciava – UMBANDA – que teria como definição a “Manifestação do Espírito para a Caridade”.

A primeira Tenda de Umbanda, para os trabalhos espirituais, que ora se fundava, recebeu o nome de Nossa Senhora da Piedade. O Caboclo das Sete Encruzilhadas explicou que esse era o nome porque assim como Maria acolheu o filho nos braços, também seriam acolhidos como filhos todos os que necessitassem de ajuda ou de conforto.

Tão logo o Caboclo das Sete Encruzilhadas deixou seu aparelho, chegou uma nova entidade, que não quis se sentar na mesa e aceitou um toco que lhe foi oferecido. Perguntado sobre o que ele precisava pediu apenas um cachimbo e o fumo. Era Pai Antônio, o primeiro Preto Velho a chegar na Umbanda. Assim como o Caboclo definiu algumas normas básicas sobre como deveria ser a Umbanda, Pai Antônio ditou regras claras e rígidas para a nova religião.

·        Não haveria sacrifícios;
·        não haveria cobrança pelos atendimentos;
·        não se usaria os atabaques;
·        todos deveriam vestir branco,
·        todos deveriam, e estar com os pés no chão.

Esses princípios todos tinham uma razão concreta.

Não haveria sacrifícios, pois, a partir do sacrifício de Jesus todos os rituais cristãos deveriam ser incruentos ou seja, sem sangue. Além disso, a vibração proveniente do sacrifício de animais e do sangue deles retirado, atrairia entidades de baixa evolução, incompatíveis com a proposta da nova religião de trabalhar pela caridade.

Não haveria cobrança por que o trabalho seria das Entidades e não do médium que é apenas um aparelho para a sua manifestação, e, também, por que o trabalho seria feito para caridade pura e simples.

Devemos lembrar que após vinte anos da libertação dos escravos, os negros libertos que viviam nas cidades, sem nenhum meio de subsistência, e sobreviviam, desde então, fazendo trabalhos de adivinhação, previsão do futuro, leitura de mãos, curas, feitiços, etc. Daí a necessidade de deixar claro essa questão da cobrança.

Todos os médiuns e cambonos que estivessem dentro do Terreiro usariam o branco, assim como todos estariam com os pés no chão, para exprimir a igualdade dos irmãos que iriam trabalhar no novo culto simbolizando, portanto, a humildade.

Não seriam usados os atabaques. Esta condição, de ordem absolutamente prática, teria como finalidade evitar que a polícia localizasse as Casas onde se praticaria a Umbanda, pois naquela época todo e qualquer ritual que não fosse católico era reprimido violentamente pela polícia, com a destruição do local e prisão de seus participantes.

Apenas como um adendo, que corrobora, através do Plano Espiritual, a história da origem da Umbanda. Em 1972, em mensagem psicografada por Omolubá comunicada pelo poeta Ângelo de Lys, esse espírito confirmou que a origem da Umbanda no Brasil se deu realmente através do médium Zélio de Moraes.

Como podemos ver as duas entidades que tomaram a frente, desde a origem da Umbanda, são o Preto Velho e o Caboclo. Por essa razão, as entidades chefes de um terreiro de Umbanda são, normalmente, um Preto Velho, um Caboclo, ou uma entidade de igual ou maior nível de evolução, para que as normas ditadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas e por Pai Antônio sejam seguidas fielmente. Também, por isso, o médium, para seu próprio bem, deverá ter sempre uma destas duas entidades como responsável por ele ou, como é dito, normalmente, ser uma destas duas entidades a dona da sua cabeça.

A partir de 1918, O Caboclo das Sete Encruzilhadas ordenou que começassem a fundar novas Tendas, e, até 1935, sete novas Tendas foram criadas, as quais veremos na tabela a seguir.

TENDAS FUNDADAS SOB AS ORDENS DO CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS

Nome da Tenda
Presidente
Chefe Espiritual e Linha
Ano
Tenda N. Sra. da Conceição
Leal de Souza
Caboclo Corta Vento – Linha de Oxalá
l9l8
Tenda N. Sra. da Guia
Durval Braz
Caboclo Jaguaribe – Linha de Oxóssi
Antes de 1933
Tenda Santa Bárbara
João Salgado
Pai Elias
1933 - 1935
Tenda São Pedro (!)
Gabriela Dionísio Soares
José Meirelles Alves Moreira
Corina da Silva
Caboclo Sapoéba,
Pai Francisco” e “Pai Jobá.
Pai Vicente

Antes de 1927
Tenda Oxalá
Paulo Lavois
Pai Serafim
1933 - 1935
Tenda São Jorge
João Severino Ramos
Guia Espiritual Ogum de Timbiry
15/02/1935
Tenda São Jerônimo
José Álvares Pessoa
Caboclo da Lua – Linha de Xangô
l935

                 (i)    A Tenda de São Pedro teve seguidamente a mudança de presidentes por problemas de saúde ou particulares




segunda-feira, 18 de novembro de 2019

HISTÓRIA DA UMBANDA 1





HISTÓRIA DA UMBANDA   [1]

Primeira Parte

As religiões monoteístas raramente motivaram o ser humano a aproximar-se de Deus voluntariamente. Na maioria delas esta é uma entidade intocável, inalcançável. Quase todas as religiões monoteístas, senão todas, só falam desse Deus inatingível, enquanto a maioria da humanidade vive marginalizada, abandonada e, muitas vezes, até escravizada. Poderemos, nós os Umbandistas, superar essa dificuldade? Somente se reconhecermos que Deus não está longe do ser humano, mas como disse Jesus “o reino de Deus está entre vós. "O reino de Deus não vem com aparência exterior; nem dirão: Ei-lo aqui! ou Ei-lo ali! pois o reino de Deus está dentro de vós. (Lucas 17:20,21)" Somente se reconhecermos que dentro de cada um de nós existe a centelha divina, somente se consideramos que Deus é onipresente, que Ele está em tudo e em todos e não restrito a um local imaginário para onde somente vão alguns poucos escolhidos.

A Umbanda é uma religião brasileira, baseada nos ensinamentos de Cristo, na comunicação com os Espíritos de Luz e na incorporação de Almas em médiuns, com a finalidade de ajudar aos encarnados na sua busca de evolução, de auxiliá-los em seu equilíbrio neste nosso plano, além de oportunidade aos Espíritos que se manifestam de aqui fazerem uma tarefa dignificante, um trabalho para a caridade, o que também lhes ajudará em sua evolução. Apresentamos, a seguir, uma síntese de sua origem.

Em fins de 1908 uma família tradicional de Neves, hoje São Gonçalo, estado do Rio de Janeiro se via envolvida com um problema que não sabia como enfrentar. Zélio Fernandino de Moraes, um jovem familiar de 17 anos que se preparava para seguir carreira militar na Marinha Brasileira, foi tomado de uma paralisia que o prendia na cama[2], além de fazer com que, nos momentos em que se movimentava tomar posições e falar de forma diferente do seu habitual. Já tinham procurado vários médicos que depois de muito examinar o jovem diziam sempre não saber ou não entender o que estava acontecendo com ele. Sua mãe, como um último recurso o levou a uma senhora negra, benzedeira e médium, que recebia um Preto Velho de nome Tio Antônio. Esperava que recebendo um passe conseguiria a sua cura. A Entidade depois de atender o jovem e lhe dar o passe disse que ele melhoraria e receberia uma entidade de sua falange.

No dia 14 de novembro desse mesmo ano, a família foi surpreendida por uma ocorrência inexplicável. O jovem Zélio sentou-se na cama, e com uma voz que não era a dele, segundo testemunhas, falou: "Amanhã meu aparelho estará curado". No dia seguinte levantou-se normalmente e começou a andar, como se nada tivesse acontecido. A família, que já havia buscado ajuda para sua melhora, com vários médicos e religiosos, não soube explicar o que tinha ocorrido. Um amigo da família, sugeriu então, uma visita à Federação Espírita do Rio de Janeiro, situada em Niterói. Foram a uma reunião presidida por José de Souza, naquele mesmo dia, 15 de novembro de 1908. O dirigente dos trabalhos determinou que ele ocupasse um lugar à mesa, fato raro para aquela época, pois somente tomavam assento em uma mesa kardecista pessoas antigas nos Centros e já mais velhos. Zélio, posteriormente, narrou seu desconforto por estar no meio de pessoas tão conhecedoras do Kardecismo e muito mais velhas que ele.

Transcrevemos, abaixo parte de uma entrevista de Zélio de Moraes, a Lilia Ribeiro, jornalista e fundadora da Tenda de Umbanda Luz, Esperança e Fé.
“Zélio relembrou sua ida à Federação Espírita (de Niterói) em 15 de novembro de 1908:

- Eu estava paralítico, desenganado pelos médicos. Certo dia, para surpresa de minha família, sentei-me na cama e disse que no dia seguinte estaria curado. Isto foi no dia 14 de novembro de 1908. Eu tinha 17 anos. No dia seguinte, eu amanheci bom. Meus pais, que eram católicos, diante dessa cura inexplicável, resolveram que eu iria à Federação Espírita, em Niterói. O presidente era José de Souza. Foi ele mesmo quem me mandou ocupar um lugar na mesa, à sua direita”. A íntegra dessa entrevista está anexa ao final deste livro.

Quando o chefe dos trabalhos deu início à sessão, Zélio tomado por uma força, segundo ele estranha e que ele não conhecia, contrariando as normas que impediam o afastamento de qualquer membro da mesa, e as admoestações que lhe foram feitas, o jovem levantou-se e disse: "Aqui, está faltando uma flor!". Levantou-se, retirou-se da sala. Pouco depois, voltou trazendo uma rosa branca, que depositou no centro da mesa. Essa atitude insólita causou um início de tumulto.

Restabelecida a corrente começaram a se manifestar espíritos que se diziam negros escravos, índios, caboclos, em diversos médiuns. Esses espíritos foram convidados a se retirar pelo presidente dos trabalhos em virtude, dizia ele, de seu estado de atraso espiritual[3]. A insistência dos dirigentes da mesa, para que esses espíritos não perturbassem a sessão, levou a que Zélio, tomado de um espírito, que se dizia de um Caboclo, tomasse a palavra.

A entidade incorporada em Zélio questionava por que eles não poderiam ali trabalhar para ajudar aos encarnados. Uma médium da mesa, perguntou ao espírito que estava incorporado em Zélio:" Porque o irmão, fala nestes termos, pretendendo que esta mesa aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados, são claramente atrasados? E, qual teu nome irmão?" A entidade respondeu que era um Caboclo e que para ele não fazia diferença um nome, mas que poderiam chamá-lo de Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para ele não haveria caminhos fechados.

A Alma incorporada em Zélio acrescentou: "Se julgam atrasados esses espíritos dos pretos, índios, caboclos, devo dizer que amanhã estarei em casa desse aparelho para dar início a um culto onde esses negros e esses índios poderão dar a sua mensagem e, assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados”.

A médium insistiu: Por que você se diz um Caboclo, se vejo em você restos de uma veste sacerdotal? A entidade então lhe respondeu: O que você vê em mim, são restos de uma existência anterior. Fui padre e o meu nome era Gabriel Malagrida. Acusado de bruxaria fui sacrificado na fogueira da Inquisição em Lisboa, no ano de 1761, mas em minha última existência física Deus concedeu-me o privilégio de nascer como um caboclo brasileiro.

O vidente retrucou: Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto?  Perguntou com ironia. E o espírito disse: “Levarei daqui uma semente e dela nascerá uma frondosa árvore. Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã terá início”. Perguntado que culto seria aquele, a entidade respondeu: será um culto em que todos serão bem-vindos e se chamará Umbanda.


[1] A História da Umbanda chegou até nós, sacerdotes da Casa Branca de Oxalá, através da Jornalista Lilia Ribeiro. Ela que foi a fundadora e chefe da Tenda de Umbanda Luz, Esperança e Fé até sua morte, forneceu-nos todas as fitas cassetes que ela havia gravado com Zélio e ainda vários escritos, dela e de outros chefes de Terreiro, sobre a origem da Umbanda. Nos fez uma única exigência, que somente as divulgaríamos após sua morte. Foi o que fizemos com a autorização da filha de Zélio, Zilméia de Moraes Lacerda. Na verdade, outros Pais de Terreiro já tinham tido esse conhecimento anteriormente, mas foi através do trabalho de Lília Ribeiro divulgado por Mãe Maria de Omolu da Casa Branca de Oxalá, na internet, que se tornou um conhecimento geral, ao alcance de todos, a origem que aqui narramos.
[2] Existem algumas versões diferentes sobre o mal que o acometia; esta que demos, no entanto, faz parte de uma fita gravada que temos onde o próprio Zélio narra esses acontecimentos e foi confirmada em entrevista que fizemos com suas filhas, Zélia e Zilméia.
[3]Fonte: Seleções da Umbanda, em 1975 – Revista editada por Omolubá

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

AINDA A RESPEITO DO PLANO ESPIRITUAL




AINDA A RESPEITO DO PLANO ESPIRITUAL

No tocante à organização e hierarquia no plano espiritual, elas se apresentam da mesma maneira como nos organizamos em nosso plano, independente se trabalham para o Bem ou para o mal. Também lá existe a organização necessária para que cada dimensão atinja aquilo a que se propõe. Existem, nesses planos, pirâmides de mando.

Nos planos superiores, seus níveis mais altos são ocupados pelos Espíritos como nível evolução e este é o valor que legitima os responsáveis pela liderança e comando dos trabalhos. Os grupamentos que ali trabalham, desde o mais baixo e numeroso, até os mais altos, mais evoluídos, e em menor número, têm suas atividades específicas.

Para esclarecer melhor essas pirâmides, podemos compará-las a um exército, onde existe um único comandante em chefe – o espírito com mais luz -  vindo depois o estado maior, formado de oficiais de alta patente – espíritos com muita luz e sabedoria sobre suas atividades –  depois vem os oficiais comandantes de batalhões e, assim, por diante até chegar ao nível dos chamados soldados rasos, que são em número muitíssimo maior. Esta maneira de organização se dá com todas as entidades, Pretos Velhos, Caboclos e Exus. Para dar um exemplo, com os Exus. A forma de trabalho, podemos dizer, seria mais ou menos assim: imaginemos que em um bairro de uma cidade, temos um grupo de soldados cujo comandante é o cabo e que tem como função cuidar daquela comunidade. Em um conjunto de bairros, no qual o primeiro está englobado, existe um destacamento maior onde já temos mais soldados, mais cabos e um sargento, que têm sob seus cuidados aquela comunidade maior. Qualquer coisa que sair do controle naquele primeiro bairro o cabo que comanda os poucos soldados de lá fala diretamente com o sargento, chefe do destacamento do conjunto de bairros, e este lhe orienta e apoia ou se não puder fazê-lo, se vale do mando superior que existe naquela cidade. Este já tem um quartel com oficiais e um agrupamento de soldados maior. E assim por diante, e se for necessário, até chegar à mais alta patente daquela corporação. No caso específico dos Exus, imaginemos um ataque de falanges inferiores, sem luz, a um Centro ou Terreiro de Umbanda.  Caso o Exu Guardião, no caso da nossa Casa Branca o Exu Caveira, sentir que o ataque é mais forte e organizado ele pode se valer do chefe da Casa dos Exus – Exu das Sete Encruzilhadas – e solicitar uma quantidade maior de soldados para enfrentar aquele ataque. No caso dos Pretos Velhos e Caboclos, esta vinculação também se dá, com os Espíritos superiores dessas pirâmides atuando diretamente para o fortalecimento da corrente mediúnica e, também, no auxílio nos trabalhos para os quais as entidades estão sendo solicitadas no momento.

No trabalho dos espíritos, existem grupos, que com uma chefia, se responsabilizam por atividades específicas, como veremos. Cada chefia possui diferentes graus de liberdade para suas decisões, dependendo do seu nível de evolução e em consequência da sua posição na escala hierárquica – lembrem-se do exemplo de uma instituição militar. Um espírito de maior luz poderá descer, em razão de um trabalho, aos níveis inferiores ao seu, mas não poderá chegar, por sua exclusiva vontade ou decisão, a níveis superiores ao seu, pois, nos planos acima do que ele habita e trabalha, somente habitam e trabalham espíritos com nível ou níveis mais altos que aquele que ele possui. Assim se conformam as pirâmides decisórias nos planos superiores.

Nos planos inferiores, essas pirâmides se formam a partir de líderes que conseguem ter maior ascendência sobre os espíritos daqueles planos e, também, pelo seu maior descompromisso com o bem e maior compromisso com o mal. Nesses planos as organizações se dedicam a fazer o mal. Também possuem sua hierarquia e aqueles que por algum motivo não completarem uma tarefa que lhes foi ordenada ou se recusar a fazê-la poderá ser punido com os instrumentos que eles possuem ou serem perseguidos por outros espíritos inferiores. Devemos ter claro, que muitos desses espíritos, com níveis baixíssimos de evolução, fazem o que fazem, apenas por que foram mandados. Desta forma, uma desobediência nesses planos, poderá tornar sua estadia naquele nível pior do que já era. Nesses casos, os que mandam ali podem também se valer de espíritos que foram inimigos na terra, daqueles outros, também desencarnados, tornando-os seus obsessores, os quais de diversas formas buscarão vingar-se deles por possíveis situações em que, quando encarnados o agora obsessor se sentiu prejudicado por aquele a ser obsidiado. Muitas vezes os espíritos de vibração mais baixa se colocam sob a proteção de um líder de uma quadrilha ou de uma horda para evitar serem perseguidos por outros espíritos, também inferiores, com os quais têm dívidas espirituais, que estão em sua mesma dimensão[1].

O número de planos existentes no astral ao qual a Umbanda se vincula ainda não foi determinado ou visto. Por isso, vamos assumir como sete os níveis de evolução e, consequentemente, serão também sete os planos do astral aos quais poderemos nos ligar. Assumimos esse número, por ser este o número mais aceito na maioria das ordens esotéricas ou religiões. Na Teosofia, por exemplo, através de Madame Blavatsky e seus seguidores, em especial Charles Webster Leadbeater e Annie Besant, assim foi determinado. Como a Teosofia e a Umbanda, no tocante à crença na espiritualidade, se aproximam muito, podemos aceitar esse número[2], para que tenhamos uma forma de imaginar e raciocinar o plano espiritual. No livro o Nosso Lar, podemos ler as descrições de André Luís, sobre a chegada de espíritos de paragens superiores com a finalidade de proporcionar ensinamentos aos espíritos daquele plano. Além disso sabemos que o número sete é mágico na Umbanda, já que temos as Sete Linhas de Umbanda, os Sete Raios com os doze Orixás, e pela sabedoria de nossas entidades que normalmente usam esse mesmo número em seus trabalhos, como por exemplo, sete velas a serem usadas, sete banhos a serem tomados, sete rosas a serem ofertadas, etc. A mudança de plano dentro do conjunto espiritual da Umbanda, não é semelhante a uma viagem no espaço. Na verdade, como o que diferencia um plano de outro é o nível vibratório, a simples mudança de frequência vibratória nos abre as portas de outro plano, que não o nosso. Esta mudança vibratória se dá através de nossa evolução espiritual. Cada plano superior se aproxima mais e mais da vibração da Energia Divina.
Apenas como um aprendizado adicional, sugiro a leitura do livro Viagem de uma Alma[3], que nos mostra com muita clareza isso. Voltando, à coleção Nosso Lar, psicografada por Chico Xavier, em especial no primeiro volume, que leva o nome da coleção, nos é narrado um processo de adensamento do perispírito daqueles que viriam em uma missão ao nosso plano, o que nos mostra a diferença de vibração entre os diversos planos.




[1] Os livros psicografados de André Luís e de Manoel Philomeno de Miranda, nos dão uma ideia bem clara disso. Podemos citar Libertação e Loucura e Obsessão, como exemplos.

[2] Já na Antiga Grécia, Platão em sua obra A República definia a cidade ideal, onde somente nela poderia haver justiça para todos, como tendo um máximo de 5048 almas, o que é, na matemática o resultado fatorial de sete.
[3] Viagem de uma Alma - Peter Richelieu