ALGUMAS QUESTÕES SOBRE A
REENCARNAÇÃO DO PONTO DE VISTA DA UMBANDA.
Sobre a evolução dos Espíritos
1. O
Espírito, desde o seu início, possui todos os seus dons e talentos?
O Espírito vem
se aprimorando aos poucos durante suas diversas vidas, tanto no plano físico
quanto no espiritual. Em suas primeiras vidas passa por um aprendizado
primário, como o passam as crianças em sua tenra idade, quando vão para um
maternal, para uma pré-escola e, a seguir, para o primeiro grau. Após esse
período passa pelos segundo e terceiro graus, aprimorando assim seus talentos e
suas faculdades. De que serviriam as encarnações se os Espíritos viessem já
prontos, evoluídos? De que valeriam as vidas no plano espiritual, onde também
há um processo de aprendizado? Conforme dissemos, na questão 13, ele poderá ou
não os usar em suas encarnações, dependendo do seu planejamento de vida.
2. Qual o estado da Alma na sua primeira encarnação?
Da mesma forma,
passa também por esse processo de aprendizados básicos, já que está em um nível
de evolução muito baixo, comparado aos Espíritos que já passaram por esse
planeta, ou plano, diversas vezes.
3. As
Almas dos povos indígenas ou dos negros escravizados estão em sua infância?
Neste ponto nos
permitimos discordar do Espírito que responde a uma pergunta como essa no Livro
dos Espíritos. Ele afirma que os povos selvagens estão em sua infância
espiritual. Cabe aqui perguntar, o que é a evolução para este Espírito. Será
que a Europa do século XVII, com todos os seus crimes, ou mesmo a nossa
sociedade hoje, com toda sua violência pode ser considerada evoluída? Podemos
medir a evolução espiritual pelos conceitos de desenvolvimento material da
civilização ocidental? Quem é mais evoluído, o homem branco que destrói a
natureza ou o “selvagem” que a preserva? Sabemos que o Caboclo das Sete
Encruzilhadas disse que tinha tido a bênção de ter uma encarnação como indígena
brasileiro, depois de ter sido um jesuíta, Gabriel Malagrida. Sabemos que um
Espírito não pode regredir, como então seu Espírito foi parar no corpo de um
indígena?
Como dissemos
acima, e explicando melhor, na Umbanda temos um testemunho que nos mostra que
nem sempre a Alma de um selvagem é uma Alma com pouco desenvolvimento: o do
Espírito de Gabriel Malagrida que, quando incorporado, em Zélio, na sua
primeira manifestação e, ao ser questionado pela médium, por que razão ele se
apresentava como um indígena, visto que ela via nele restos de uma veste
sacerdotal, ele responde que fora sim um jesuíta em uma encarnação, mas que
depois viera “pela graça de Deus” como um indígena em nossas terras. Na
verdade, ele tinha uma missão que era a de abrir o caminho às manifestações de
Espíritos que, na Terra, quando aqui estiveram tinham sido marginalizados pela
sociedade. Assim, depois de vir como um pregador e um doutrinador para
trabalhar na conversão dos indígenas, foi dada a ele a oportunidade de viver o
outro lado da moeda: a do marginalizado, a do escravizado, a do perseguido,
podendo, com isso, conhecer o outro lado de seu trabalho inicial, a do
“selvagem” a ser convertido. Com essas experiências, pode manifestar-se,
naquela reunião, com total conhecimento daquela marginalização e impor-se, como
Espírito de luz, embora os dirigentes da reunião o considerassem, assim como
aos outros Espíritos, que junto com ele se manifestaram, um Espírito atrasado e
sem permissão de ali chegar.
4. Pode
alguém, por um proceder impecável, na vida atual, transpor todos os degraus da
escala do aperfeiçoamento e tornar-se um espírito puro, sem passar por outros
graus intermediários?
A evolução se
dá de forma demorada. Quando um ser humano evolui ele passa por diversos níveis
de desenvolvimento, não podendo – digamos assim – saltar nenhum passo ou etapa.
Dependendo de sua programação e do cumprimento dela por parte da Alma,
encarnada, dependendo de seu empenho no seu aperfeiçoamento, um Espírito pode
acelerar a sua passagem pelos diversos níveis, mas nunca os saltar.
5. O homem pode, pelo menos, preparar-se, nesta encarnação, para uma
próxima encarnação com menores dificuldades e amarguras?
Já tendo
evoluído nesta encarnação, tendo cumprido, pelo menos uma boa parte de sua
programação para esta vida, poderá não ter de incluir muitas dificuldades em
sua vida futura.
6. Um homem pode, nas suas novas encarnações, descer mais baixo do
que esteja, atualmente?
Um Espírito que
cumpriu algumas das etapas de sua evolução não tem por que voltar a níveis
inferiores onde ele nada aprenderia. Na Umbanda, que praticamos em nossa Casa
Branca de Oxalá, acreditamos que, no tocante às suas necessidades de
aprendizado, o Espírito faz, como já dissemos a sua programação de vida ainda
no plano espiritual, enquanto desencarnado. Caso seja necessário que ele venha
em uma posição social que signifique para ele um nível de vida mais humilde ele
fará essa programação, mas nunca em nível de evolução espiritual inferior.
7. É
possível que um Espírito de um homem de bem, venha em uma encarnação seguinte
um bandido?
Impossível, se
esse homem de bem se refere a uma Alma que aprendeu em suas encarnações valores
éticos e morais cristãos e os praticou, ele sempre voltará como um humano
melhor e com mais disposição para aprender, se aprimorar e evoluir. Não pode,
portanto, piorar seu caráter de uma vida encarnada para a outra.
8. A alma de um homem de baixo nível de evolução, mau mesmo, pode
voltar como um homem de bem?
Não sem outras
encarnações na terra. Pode voltar mais evoluído se no espaço trabalhou para
isso e buscou libertar-se de, pelo menos, alguns erros e traços de caráter que
o levaram, na existência anterior, ter um comportamento mau e de pouca
evolução. No entanto, no espaço não se pode aprender tudo para nos liberar de
nossos defeitos; é necessária sempre a reencarnação para que a evolução do
Espírito se dê. Assim, dificilmente um Espírito que teve um nível de evolução
baixíssimo, voltará como um homem de bem na encarnação seguinte. Poderá vir
melhorado, mas ainda muito longe de ser um homem de bem.
No plano
espiritual, como já vimos nas obras de André Luiz, psicografadas por Chico
Xavier, existem possibilidades de trabalho e aprendizado que permitem também o
aperfeiçoamento do Espírito no espaço, mas sem a escola encarnada não se
consegue mudar de uma encarnação para outra desta forma.
9. A possibilidade de melhorarem em outras encarnações, pode levar
alguns Espíritos continuarem com seus atos maus, pensando em corrigir-se em uma
próxima encarnação?
Na verdade, não
acreditamos nisso. Se uma pessoa já acredita firmemente na
reencarnação ele já tem um nível de evolução que lhe permitirá buscar sua
evolução na encarnação onde se encontra. O Espírito que pensa desta maneira na
verdade não crê nos ensinamentos de Jesus e muito menos na reencarnação; não
acredita no inferno dos católicos e nem em qualquer coisa que possa significar
vida após a morte. Assim, na Umbanda, acreditamos que uma pessoa,
que saiba da existência e acredite em reencarnação, não teria, provavelmente,
esse raciocínio, pois ele buscaria aperfeiçoar-se para que sua reencarnação
futura seja melhor que a atual. Uma pessoa que permanece no erro e na maldade,
com certeza, não crê em reencarnação e, possivelmente, nem em Deus.
10. Não
podendo o homem evoluir a não ser por meio do aprendizado na existência
corpórea, a vida material faria o papel de purificadora do Espírito?
Conforme já
dissemos, a vida encarnada para nós, os umbandistas, é uma escola onde vamos
aprender valores e comportamentos que promovem sua evolução. Desta forma, não
usaríamos a palavra purificadora, pois dá a ideia de que o Espírito se encontra
sujo, com pecados. Na verdade, o Espírito em evolução, em suas primeiras
encarnações, podemos dizer que ele tem uma ignorância dos verdadeiros valores
do bem, dos valores cristãos. Assim, ele vem aprender esses valores e a colocá-los
em prática. Também acreditamos naquilo que diz André Luiz, que também no espaço
o Espírito tem possibilidade de trabalhos que farão com que evolua; aquelas
Almas que ficam, no entanto, presas às emoções e aos desejos terrenos, presas à
matéria, sem aceitar a transição, estas, enquanto não se livrarem dessas
prisões, não conseguirão evoluir no espaço.
11. É o corpo que influi no Espírito para que ele melhore ou, ao contrário,
é a Alma que influi sobre o corpo?
Ora se imortal
é o Espírito, a Alma, como poderia o corpo que é passageiro influir naquilo que
é eterno? O plano físico é passageiro, em algum momento, mesmo que distante,
vamos deixá-lo, o Espírito, a Alma é o que, verdadeiramente, existe. Assim, na
medida em que o Espírito evolui ele atua para que, quando encarnado na matéria,
possa continuar seu processo de evolução.
Pai Solano e Mãe Maria, a sua bênção. Gostaria de fazer uma pergunta referente à esse texto publicado.
ResponderExcluirComo sabemos, as entidades do terreiro são muito mais evoluídas que nós e moram em outros mundos. Mas quando elas vêm trabalhar aqui conosco, que somos seres em prova e precisando evoluir, elas não sofrem alguma mudança em seu "plano fisico"? Porque penso que para virem à um planeta de expiação, deve ter que ter alguma mudança ja que nossa energia é mais densa.
Muito obrigada.
Da sua filha Anna Clara
Cara filha, a primeira coisa que quero lhe dizer é que não sabemos onde elas estão. Pode ser em um outro mundo ou em um outro plano, aqui mesmo em nosso planeta. Quanto à sua pergunta, sob mudança física, devemos lembrar que a incorporação se dá através de um contato energético entre as entidades e o médium. Assim como a mediunidade da psicofonia - o médium que fala as mensagens dos espíritos - a psicografia, a intuição, a vidência, a psicopictografia - mediunidade de médiuns que pintam - a incorporação também é uma forma de aproximação energética dos Espíritos ou Almas. A incorporação é feita através do contato energético com os chacras do médium. A postura que o médium incorporado toma é uma forma da entidade se identificar e de mostrar ao médium a sua incorporação.
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