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sábado, 24 de setembro de 2011

CONCEITOS NECESSÁRIOS PARA O ENTENDIMENTO DA DOUTRINA UMBANDISTA II



7. O Inferno
Não existe para nós essa concepção de castigo, e, ainda mais,  sem perdão.  Deus é fonte de todo Amor e fonte de todas as qualidades desejáveis no ser humano por isso mesmo Deus nunca condena. 

             “Deus é tão bom que mesmo aquele que não acredita em Deus um dia verá a Deus”. 

Estas palavras de, se não me engano, de Papus, refletem, claramente, a verdadeira essência da relação do ser humano com Deus. Ele nos ama e quer toda a felicidade para nós, neste mundo, e nos dá todas as chances necessárias para nossa plena evolução. Assim, como podemos imaginar um caminho sem volta? Uma condenação eterna?                     

8. O Pecado
Não existe o pecado e, portanto, não existe a culpa. As pessoas não são culpadas pelos seus atos. São responsáveis por eles. Quando um homem pratica um ato prejudicial ao seu irmão configura-se não somente o mal causado por um ao outro, mas a ausência do Amor Fraternal pregado por Jesus o Cristo, portanto a ausência do Bem.  Não se torna necessário sofrer por isso, mas aprender, reconhecendo o mal causado, buscando repará-lo e, ao mesmo tempo mantendo-se firme no propósito de não repetir tal ato não somente com aquele irmão, mas com todos os outros com os quais convive ou venha a conviver. Caso não consiga aprender na encarnação presente, terá a oportunidade de
aprender, nas suas outras encarnações, o Amor em Cristo, a solidariedade, a compaixão e a caridade, tão pregadas por nosso Pai.  Esse aprendizado vem através de uma vida na qual o ser humano se dedica a atos que configurem a presença do Bem. Devemos lembrar sempre das palavras de Cristo “daqui você não sairá enquanto não pagar até o último centavo”. O sentido de pagar aqui não é o punitivo que na maioria das vezes é dado ao Evangelho, mas o do aprendizado que teremos de ter ao longo das nossas reencarnações.

9. O Livre Arbítrio
N Umbanda, o carma é um caminho de aprendizado, necessário para que o espírito chegue à luz e é decidido por ele mesmo. Não é um caminho de sofrimento e de punição por ações passadas. Os sofrimentos pelos quais passa o ser humano em nosso mundo nada mais são que o resultado de suas próprias ações e das decisões e ações da sociedade em que ele vive.  A sociedade, que é o coletivo dos indivíduos tem enorme responsabilidade nas dificuldades que os indivíduos passam na terra.
Mas, por outro lado, pelo seu livre arbítrio ele decide o seu caminho de evolução.  É um caminho de decisões positivas que engrandece o espírito e não um caminho de sofrimento e resgate.  É uma decisão de seguir as virtudes inscritas no Evangelho de Cristo responsabilizando-se por sua própria evolução. O sofrimento, normalmente, vem da decisão de se afastar daquelas virtudes; por exemplo, o desejo insano por coisas materiais leva ao sofrimento do não ter ou ao sofrimento pela perda.
Além disso, o livre arbítrio, de acordo com nossa visão, não é uma decisão imutável. O espírito tem dois momentos especiais de exercício seu livre arbítrio:

 o primeiro quando, ainda desencarnado,  planeja a vida que vai levar a partir do momento em que encarnar;

o segundo, quando já encarnado, sob influência da matéria e do mundo, toma a decisão de cumprir ou não a programação feita para aquela encarnação.


Em momentos especiais de vida oportunidades são apresentadas, onde pelo menos parte do planejamento pode ser cumprida, como o ouvir a um irmão, demonstrar solidariedade, ajudar ao próximo em dificuldades, estar atento ao mundo, e a si, visando contribuir para a sua melhoria enquanto espírito e enquanto sociedade.
O Espírito, no segundo momento de livre arbítrio, é refém do Ego já que eles se dão através da mente e no plano físico. 


Devemos nos lembrar, sempre, que o nosso momento de evolução é aquele no qual decidirmos voltar ao caminho programado de evolução. Como na parábola dos trabalhadores da última hora, o Senhor está sempre disposto a nos receber. A decisão é nossa.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

CONCEITOS NECESSÁRIOS PARA O ENTENDIMENTO DA DOUTRINA UMBANDISTA I

Alguns conceitos, independente de seu significado em outras religiões ou filosofias, necessitam ser compreendidos no âmbito da Umbanda. Abaixo, os principais conceitos, do ponto de vista de nossa religião.

1. O Eu
O conceito de EU vincula-se ao espiritual do ser humano: ou seja seu espírito, sua alma.  A preponderância do Eu se dá no momento em que, por sua sabedoria, pela compreensão verdadeira da mensagem de Cristo o desejo de evolução espiritual supera as ansiedades pela obtenção dos bens materiais.  É O SER

2. O Ego
Esse conceito vincula-se ao mental do homem; sua mente que comanda suas ações durante suas encarnações.  É através do Ego que temos nossas maiores derrotas, decepções, invejas, intolerâncias, falta de amor ao próximo, enfim, todos os sentimentos e vibrações negativas que o ser humano pode ter.  É O TER.

3. Espírito e Alma
O Espírito, ou a alma, tem o mesmo significado. A individualidade do ser humano continua após sua passagem, assim como seus defeitos e virtudes.  Ao longo das reencarnações as virtudes vão, pouco a pouco, superando os defeitos até sua plena daquele indivíduo espiritual. No Kardecismo, espírito e alma têm um sentido diferente, onde a alma é o espírito quando encarnado e o espírito quando encontra-se na erraticidade.

4. Centelha Divina
É a nossa vinculação com Deus; é aquela força interior que nos impulsiona na direção da nossa evolução espiritual.  É o diamante bruto, ainda sob forma de carvão que temos dentro de nós.

5. Evolução Espiritual 
É o burilamento do carvão bruto que existe em nós para que se transforme em Diamante, para que brilhe intensamente.  Essa busca pela nossa luz interior não se dá pela freqüência  com que vamos aos nossos Templos, Terreiros ou Tendas, embora seja importante para o aprendizado do Evangelho.  Essa transformação se dá pelos nossos atos cristãos em nosso dia a dia.  É a vitória do Ser sobre o Ter, que se dá ao longo de nossas reencarnações pelo nosso aprendizado, não pelo sofrimento.


6.  A Reencarnação
A reencarnação é a volta da alma a um novo corpo físico; é o renascimento do espírito na terra para continuar sua caminhada para a evolução. É a volta do PRINCÍPIO Espiritual a um envoltório físico.
Não se pode fixar o tempo de precedência à volta num corpo material da mesma maneira que não se pode fixar um tempo de vida na terra, ou seja, não sabemos quanto tempo um espírito levará para cumprir seu aprendizado no plano astral para que possa retornar à Terra para continuar sua caminhada de evolução encarnado.
Por outro lado, a duração da vida na terra é um fator que não se pode prever.  Depende de cada um e da vida no plano espiritual antes de voltar à terra. Está vinculada, portanto, a circunstâncias específicas de cada espírito encarnado.  O livre arbítrio é o fator mais importante para a duração da vida em cada plano, tanto no espiritual quando no material.
Antes da reencarnação o ente espiritual consente na perda de toda memória das existências anteriores.  Isto se torna necessário pois evitará que, estando encarnado, ele se recorde de fatos desagradáveis que o envolveram com outro espírito, levando-o a atos que configurem a ausência do Bem.
Há milhares de anos, as religiões, ensinam  em suas iniciações esotéricas a reencarnação. No antigo Egito ensinavam que antes de nascer a criança viveu e a morte nada termina.  A vida é uma volta  semelhante ao dia solar que recomeça; que a vida é um sopro e que quando este sopro se retira, o homem morre e ele volta através da reencarnação. A  morte se manifesta materialmente, já que o corpo físico é o símbolo da encarnação e da reencarnação terrestre.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O REINO DE DEUS


Isaías disse que viria a voz daquele que anunciaria a nova estrada: “preparem o caminho do Senhor”.  Esse, que foi anunciado por Isaias, foi João Batista bradando no deserto: Convertam-se porque o Reino do Céu está próximo.
A Umbanda, como todas as religiões espiritualistas, vê esse chamado Reino do Céu, como a plena e total iluminação do ser humano.  É o incendiar da Centelha Divina que existe em cada ser humano, levando-o ao fim de suas existências encarnadas a uma perfeita harmonia com a Energia Espiritual Primordial, ou seja, com Deus.
 No entanto Jesus veio e o mundo continuou o mesmo.  Todos os erros e acertos que eram cometidos continuam sendo.  O Reino do Céu portanto é mais que um simples cumprimento do ritual e dos sacramentos de uma religião. Mais do que isso, é uma evolução no dia a dia.  Ele, segundo os ensinamentos de Cristo, está em nós.  O próprio João Batista quando vê os fariseus e os saduceus chegarem para o batismo lhes disse: “Raça de cobras venenosas (...) façam coisas que provem que vocês se converteram” e ainda, “Toda árvore que não der bons frutos, será cortada e jogada no fogo”.  A árvore deve ser vista do ponto de vista espiritual e não material. A árvore simboliza o homem e os frutos suas ações. Também somos responsáveis pelo nosso inferno pois o mal não existe por si só.  O mal é a ausência do bem; assim como o não é a ausência do sim, a escuridão é a ausência da luz, o negro a ausência de cores.  Desta forma, temos em nossa vida, a partir do nosso livre arbítrio, a afirmação do bem ou a sua ausência.  A afirmação do bem é o caminho para nossa evolução. Nossa encarnações são para isso, evoluir. Não podemos estagnar em nossa caminhada de evolução espiritual.   Assim, podemos dizer que um espírito luminoso já chegou ao seu o céu enquanto um espírito sem luz ainda se encontra em seu inferno. Neste último caso,  nossas responsabilidades em futuras encarnações são mantidas intactas, por nós mesmos.
Quando Jesus é batizado, recebe com toda a intensidade a força de Deus, simbolizada nos Evangelhos por uma pomba branca, representando o Espírito Santo.  Naquele momento o Jesus homem, histórico, inicia sua caminhada crística ou  de CRISTO.
Devemos nos lembrar a forma que Jesus, o Cristo, se utilizava para proceder ao ensinamento daqueles que o ouviam, era sob a forma de parábolas ou símbolos, como forma de fazer com que fosse entendida somente pelos que tinham “Olhos para ver e ouvidos para ouvir” (Mateus XII, 16).  Porém, todas as parábolas e simbolismos apresentados por Jesus em sua pregação se encaminham para dois pontos que ao fim se unificam: o abandono do ego e seus desejos materiais e o amor aos nossos próximos, todos filhos de Deus. O  Sermão da Montanha nos mostra, se buscarmos a Verdade nele contida, que a superação do Ego pelo Eu é a única forma que temos de “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmo”.  Enquanto nosso ego comandar nossas ações, escravizando nosso Eu, teremos  inveja, intolerância, falta de compaixão, agressividade, cobiça,imperfeições mentais e de coração não conseguiremos trilhar, com perseverança, o caminho da nossa evolução;
Jesus, repetindo João Batista, começa pregando “convertam-se porque o Reino do Céu está próximo”.  Como vimos o Reino do Céu representa nosso pleno desenvolvimento espiritual; quando Jesus dizia que ele estava próximo é porque estava dentro de nós, como Ele próprio Cristo diria posteriormente: “o Reino do Céus está em cada um de vocês”.  É a centelha divina plenamente desenvolvida e nosso espírito luminoso.
Quando Jesus arrebanha seus apóstolos entre homens simples e rudes como Pedro, outros como Mateus, intimamente vinculado ao símbolo maior da materialidade (o dinheiro), implacável  cobrador de impostos, mandava uma mensagem a toda a humanidade de que todos poderiam chegar à sua iluminação e ainda, Judas Iscariotes aceito como discípulo embora tenha sido o paradigma da falta de amor, da falsidade, do egoísmo, da busca pelo poder, da violência. Foi ao mesmo tempo aquele que teve a mais dolorosa função, a de entregar Cristo a seus perseguidores para que se consumasse a vida crística de Jesus. Tanto isso é verdade que Cristo quando está com seus apóstolos na Última Ceia diz a Judas: “Vai e faz o que tem de ser feito”, e Judas vai e o entrega aos sacerdotes judeus; também mostra isso a última frase de Jesus na cruz: “Consumatun est” , ou seja, “está consumado” ou ainda “está realizado”. Naquele momento, Jesus não se referia à sua morte, mas a  plena realização do Reino do Céu, nele. Ou seja à sua total iluminação, enquanto ser humano, enquanto Jesus. A condição Crística anterior, recebida no momento do seu batismo por João Batista é substituída pelo seu próprio estado Crístico.  Essa foi a contribuição maior de Jesus, ou seja, mostrar que qualquer ser humano poderá a assumir sua condição crística, pois também é filho de Deus.