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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

BASES DOUTRINÁRIAS DA RELIGIÃO DE UMBANDA III

4.  A vida após a morte e a conseqüente comunicação com os Espíritos

A vida após a morte é uma decorrência inevitável da concepção que temos dessa Energia Divina.  Como explicar todas as diferenças existentes nesse mundo, mantendo, ainda assim essa crença em um Deus que é a justiça, a bondade, a tolerância, o amor?   Como explicar que alguns tenham tanto e outros careçam do mínimo para uma subsistência?  Por que alguns vivem tanto e outros morrem ainda na mais tenra idade?  Por que crianças que mal entraram nessa vida já tenham tanto sofrimento a passar?  E as diferenças sociais que testemunhamos todos os dias. Somente a pluralidade das existências pode explicar essas diferenças sem que tenhamos que aceitar a possibilidade de um erro ou uma injustiça divina.  Somente se enxergarmos essa vida como a continuação de outras pode nos dar uma explicação plausível para todas essas diferenças sem que tenhamos de abrir mão de nossa crença em um Deus único e fonte de todas as qualidades existentes em nosso mundo. 

A comunicação com os Espíritos é um ponto que, aparentemente é apenas um objeto de fé, já foi, no entanto, comprovada pela ciência através de filmes, gravações e manifestações presenciadas por cientistas dedicados a estudar tais fatos.  Por outro lado, o mesmo foi comprovado através de médiuns das mais diversas tendências religiosas.  Também, desde a mais remota antiguidade teve, este mundo, inúmeros homens que podiam se comunicar com aqueles que já se foram para o outro plano.  Na Umbanda, quantas vezes somos surpreendidos por revelações, que nos são feitas por Pretos Velhos, Caboclos, Exus e outras entidades,  sobre  fatos que julgávamos conhecidos somente por nós mesmos;  e os avisos que estas mesmas entidade nos dão sobre acontecimentos futuros e que realmente vêm a acontecer?  E a proteção que, inúmeras vezes, sentimos que elas nos dão e o pressentimento de sua presença que, tantas vezes, temos?  A única coisa que nos cabe em tudo isto é, acreditando nelas, contribuir para a elevação dessas comunicações evitando torná-las meros oráculos de predição ou de magia responsáveis por tornarem nossa vida melhor.

A Umbanda não é um pátio de milagres, à nossa disposição, visando atender a todos nossos desejos ou necessidades. Grande parte de nossos problemas é gerada por nós mesmos, através de ações impensadas e, muitas vezes irresponsáveis.  Desta forma a obrigação de vencer os obstáculos é nossa, somente nossa; as entidades nos ajudam nessa caminhada, mas não podem caminhar por nós ou desviar nosso caminho.




5.   A existência do carma como forma de evolução e não de punição

O Ser humano, pelo caráter punitivo e até vingativo de certas culturas religiosas, acostumou-se a  ver o carma como o castigo que recebemos de  Deus  pelos nossos erros em vidas passadas.  Essa visão de um Deus vingativo e punitivo é incompatível com a que nós, os Umbandistas, temos de nosso Deus. Por isso mesmo, o carma tem para nós um sentido diferente.  Na verdade, somos fruto de nossas decisões, de nosso livre arbítrio.  Ele é a forma que temos para evoluir e não significa punição, mas sim aprendizado, não significa sofrer por débitos passados mas sim criar créditos para o nosso futuro.  O carma, que significa, em sânscrito, ação geradora de uma história, ou, simplesmente, história é resultado de nossos atos, emoções e sentimentos ao longo de nossas encarnações. Não nascemos para sofrer. Nosso carma não é, obrigatoriamente, para o sofrimento. Ele pode também nos trazer também a bem-aventurança, dependendo de como encaramos nossos desafios e de como orientamos nossas ações.

O homem, dentre todos os animais viventes conhecidos, é o único que pode determinar o seu caminho. Os outros seguem o seu instinto. Do ponto de vista material, somos vistos apenas pelos condicionamentos sociais e econômicos vigentes.  Mas, do ponto de vista espiritual, somos mais do que isso.  Somos nós os responsáveis por nossa evolução espiritual.  Nós determinamos nosso caminho. A lei do carma é inseparável da realidade da reencarnação.  Por isso mesmo, a forma de tornar nosso carma positivo é aprender as lições que nos propusemos em nosso plano dessa vida. De tudo o que nos acontecer de relevante devemos aprender a lição que esses acontecimentos encerram. Devemos agir de maneira correta, Cristã, tornando-nos conscientes de nossa condição de filhos de Deus, portadores da Centelha Divina que, um dia, após as reencarnações necessárias, será plenamente luminosa.

Quando terminamos um ciclo de vida terrena nos é dado rever todas nossas existências e, a partir dessa revisão, que fazemos em nossas vidas, temos a capacidade,  por estarmos libertos da matéria  densa, de julgar nossos próprios atos e de traçar caminhos para nossas futuras vidas corpóreas, visando evoluir em direção a essa energia Divina  que é nossa meta, nosso  porto de chegada, após as necessárias reencarnações.  A forma de evoluirmos é termos uma vida baseada na prática dos princípios cristãos, na prática do bem.

Não sofremos por nossas ações passadas, mas pelo presente em que vivemos, pelo abandono individual e coletivo do Eu. Esse abandono no campo individual significa que damos maior importância às coisas materiais que ao Espírito, mais importância ao TER que ao SER.  Isso nos leva a desejos não realizados, invejas, mágoas e toda uma gama de sentimentos negativos, inclusive a falta de amor a nós próprios, os quais, juntos, nos levam ao sofrimento.  A predominância do TER sobre o SER, do ponto de vista coletivo, leva à implantação de sistemas políticos, econômicos e sociais injustos gerando a revolta e a atos incongruentes com a Doutrina Cristã. 

A Umbanda não é uma religião punitiva.  Por isso não existem culpas nem pecados. O que existe é responsabilidade.  Assim somos responsáveis pela forma como conduzimos nossas encarnações; somos também responsáveis por tudo que nos ocorre durante nossa vida no campo material, emocional e de saúde física e mental. Somos ainda responsáveis por nosso comportamento em relação ao nosso próximo, ao nosso irmão em Cristo. 
Assim, quando fizermos nossa passagem, nosso espírito terá a oportunidade de avaliar a existência passada e identificar quais pontos terá de melhorar para cada vez mais seguir na direção da Luz Divina. 


6. O  livre arbítrio
O ser humano tem pelo menos dois momentos cruciais de livre arbítrio.  O primeiro deles é no momento em que prepara sua reencarnação, quando define o caminho que irá trilhar em sua próxima existência.  O segundo momento é quando, já reencarnado, por sua própria decisão,  define-se por cumprir ou não aquele plano de vida a que se propôs.  Também aqui se faz sentir a Bondade, a Tolerância , enfim, em síntese,  a energia Divina.  Não importa quantas vezes o ser humano deixe de cumprir aquilo que foi traçado, por ele mesmo, enquanto estiver nesse ciclo de vida sempre será  tempo  de voltar atrás e começar a cumprir aquilo que ele próprio determinou como objetivo em cada ciclo terreno. Para a evolução não existe o ontem nem o amanhã, existe o hoje. Assim, todo dia é nosso dia de trabalho; é o dia certo para transformarmos nossa vida e a colocarmos no caminho da evolução.

   7.   A reencarnação
Tudo que foi anteriormente visto,  não se pode compreender se não aceitarmos a reencarnação. Cada ciclo de vida terrena que iniciamos é, na verdade, mais uma oportunidade que ganhamos para caminharmos em direção à plena harmonia com a Energia Divina. Através de nossas múltiplas existências terrenas é que conseguimos evoluir no caminho que nos determinamos.  Para isso, devemos ter sempre presente, em nossos atos, a palavra de Cristo, seguindo a senda espiritual do amor a Deus, ao próximo e a si mesmo. 

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