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sexta-feira, 22 de julho de 2011

BEM AVENTURADOS OS QUE TÊM FOME E SEDE DE JUSTIÇA


1.       Justiça terrena versus Justiça Divina
Do ponto de vista terreno, é aguardar a resposta da justiça humana, em face de determinada ação injusta que sofreu.  A justiça terrena é temporal, é resultado de convenções e leis elaboradas por seres humanos, de acordo com o interesse e o tempo daqueles que estão no poder.  Quando essa justiça falha, o homem passa a esperar uma justiça divina que puna o responsável pelos seus sofrimentos. Imagina uma justiça divina que se caracteriza pela ira de Deus, que pune o pecador ainda nessa vida ou após sua morte. Ditos como: O castigo de Deus é maior / Do castigo de Deus ele não escapa /  Deus tarda, mas não falha. Se algo de ruim acontece ao responsável por aquilo que sofremos já dizemos, Viu? Deus já o está castigando / Ele não sabe que isso ainda não é nada, etc. Acredita-se que a justiça de Deus é aquilo que representa a justiça do homem, ou mesmo, que ela é suplementar à do homem, pois quando esta falha a de Deus vem para corrigir o erro. Na esteira desse conceito, temos o conceito de Céu e de Inferno, que seriam os lugares onde Deus faria a sua justiça, quando o homem morresse.

2.       Dever e Justiça
Quando o homem se preocupa mais com seus direitos que com seus deveres, passa a ter um comportamento egoísta. A voz da consciência não é ouvida por ele; apenas seus interesses materiais são importantes; apenas a justiça que lhe reponha o que pretensamente lhe foi tirado é o que importa. A justiça para este homem é conseguir tudo o que ele acha que tem direito, não importando o direito dos outros, chegando mesmo a negar o direito de outros, em função do seu interesse. Por isso, na maioria das vezes, por essa falta de medidas o direito torna-se um enorme egoísmo; o cumprimento do dever é sempre o amor. Aqui não falamos, simplesmente, do dever material, mas também do dever espiritual, que vem do Evangelho de Cristo. A maior justiça se faz pelo amor e não pela punição.

3.       Julgamento
O julgamento maior, aquele que pode nos levar à evolução é o julgamento que nós mesmos fazemos a respeito de nossos atos, de nossos sentimentos, de nossas palavras, de nossas falhas. Por isso, nele nós acusamos nossos erros, nossas faltas, nossas intolerâncias, nossos egoísmos, etc. Esse é o Julgamento Divino que devemos esperar, pois outro não haverá, já que Deus está em nós. Somos nós que nos julgamos, tanto em vida como após a morte. Na busca da evolução saberemos o quanto já caminhamos e o quanto perdemos de tempo nesta e em outras existências. Esse julgamento não se dá, portanto, como um julgamento terreno que se dá dentro dos trâmites da justiça, na dependência daquilo que acham outros homens, de sua interpretação da lei. Ela se dá em nossa consciência, na compreensão de que somos filhos de Deus e que em nosso interior existe uma Centelha Divina que deverá, ao longo de nosso processo de evolução deve crescer até que sejamos plenamente luminosos, como o foi Jesus e como deve ser um Filho de Deus.
4.       Os que têm fome e sede de Justiça
Colocadas as premissas, o que chamamos então de “os que têm fome e sede de justiça”?
Temos dois tipos de homens que “têm fome e sede de justiça”:
a.       o primeiro é aquele que tendo despertada recentemente sua consciência a respeito das coisas do espírito, começa a se questionar sobre:
·         a forma de construir sua existência,
·         o valor das buscas e vitórias materiais,
·          o tipo de vida que leva, sem se importar com seu lado espiritual,
·         sua qualidade de vida,
·         seus atos e suas obras
·         etc.
Tendo iniciado esses questionamentos segue em frente buscando cada vez mais o caminho da evolução, abandonando a procura do ter e passa a buscar o ser.
b.      O segundo, é aquele que já de há muito conhece e labuta sobre sua evolução espiritual, tendo sempre a preocupação de avaliar sua relação com seu Deus Interior, com sua Centelha e busca a perfeição.

O primeiro começa, com esse novo posicionamento perante a vida, em especial, com sua aceitação da necessidade de dedicar-se mais à vida espiritual, a aproximar-se da virtude e tornar-se virtuoso.  Antes ele buscava parecer (ou não) religioso, apresentar-se como um homem bom, até praticando o bem, mas não se preocupando de fato com sua evolução. Agora, no entanto, sua postura frente à vida é diferente. Ele sabe que agora tem de evoluir e que não deve contrariar a finalidade de sua existência neste mundo e, por isso, se vigia para não incorrer nos erros grosseiros que cometia antes.
Já o segundo, ultrapassou esse estágio e agora é um homem sábio, faz, sem dificuldade, tudo aquilo que pode contribuir para sua completa iluminação. Sua bondade não é forçada, é natural.
O primeiro tem fome e sede de justiça porque despertada sua consciência quer agora consertar os seus erros, reparar seus atos maus ou vis. A justiça para ele é o resgate, ainda em vida, desses erros e atos, censurando, agora, nos outros que os cometem, e censura a si mesmo por haver incorrido nesses atos.
O segundo busca seu caminho para a sabedoria, já não praticava tais atos, não censura outros porque sabe que cada um tem sua hora e vez de caminhar, que o tempo da evolução de cada um é diferente, mas que todos chegaremos a Deus, após muitas encarnações.
O primeiro tem fome e sede da justiça, no sentido de redimir-se; o segundo porque busca cada vez mais a retidão de seus atos. No primeiro o sentido é de justiça no sentido exato da palavra. Busca redimir-se, aceita as penas para seus erros,pede a Deus que o fortaleça, e começa a compreender a importância do Evangelho em sua vida.. No segundo o sentido de justiça refere-se à justeza de seu comportamento, à retidão de seus atos, à certeza de que está, de há muito, no caminho certo. Não necessita mais aprender que seguir o Evangelho é o único caminho que o leva a Deus, ele já o sabe.


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