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quarta-feira, 5 de outubro de 2022

 


MOMENTO HISTÓRICO EM QUE SE DEU O ANÚNCIO DA UMBANDA

 

 

“Nós não reconhecemos diferenças nem distinções na família humana: como brasileiros serão tratados por nós o chinês e o luso, o egípcio e o haitiano, o adorador do sol e o de Maomé. Sejamos nós o primeiro povo que apresente o quadro prático dessa paz divinal, dessa concórdia celeste, que deve, um dia, ligar a todo o mundo e fazer de todos os homens uma só família.”[1] 

 

Introdução

 

O texto acima, de José Bonifácio, conhecido como Patriarca da Independência do Brasil, demonstra que, desde aquela época, a vontade prevalecente, pelo menos naqueles que foram os responsáveis pela independência e pela formação do novo País, era de que o Brasil fosse um país de tolerância, amor e fraternidade.

 

Como veremos, ao longo desta obra, também esse é o sonho de nossa Umbanda. Quando o Caboclo da Sete Encruzilhadas chegou pela primeira vez na mesa kardecista, da Aliança Espírita do Rio de Janeiro, no dia 15 de novembro de 1908, ele e as entidades que com ele chegaram não foram aceitos por se identificarem como Caboclos e Pretos Velhos. Então ele anunciou que no dia seguinte, na casa de seu aparelho, seria anunciada por ele uma nova Religião, onde todos espíritos, independente daquilo que haviam sido em encarnações passadas poderiam se manifestar e trabalhar para a caridade. A nossa semente, plantada naquela noite de 15 de novembro de 1908, em Niterói, foi a da igualdade, da fraternidade entre irmãos, da caridade e do amor ao próximo.

 

Ser, hoje, filho de Umbanda é, antes de qualquer coisa, cumprir com todas as determinações daquelas primeiras entidades, enviadas pelo plano espiritual, para dar seguimento a um trabalho cristão, sem preconceitos de qualquer espécie.

 

Ser filho de Umbanda, hoje, é poder dizer, como disse Paulo,

“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”. Timóteo 2 4:7

Mas, o que é o bom combate na Umbanda?

É a prática da caridade, é o amor em ação, é estar disponível sempre para o trabalhos das entidades, é deixar de lado as futilidades de uma sociedade sem Cristo, é respeitar as diferenças entre as pessoas, sejam elas religiosas, de gênero, de classe social; é compreender que não somos, nenhum de nós, melhores que os outros, mas tão somente diferentes; é não querer usufruir de ganhos materiais com um trabalho que não é seu, e sim das entidades; é respeitar a natureza, expressão máxima dos nossos Orixás. Para isso, é necessário ser um bom combatente, mas também sábio e amoroso, pois de nada valeria o filho umbandista que tivesse sabedoria, fosse amoroso, mas não combatesse o bom combate ou que quisesse ser um bom combatente, mas que discriminasse seus irmãos.



[1]José Bonifácio, o Patriarca da Independência”, de Venâncio F. Neiva, Irmãos Pongetti Editores, 305 pp., RJ, 1938, ver p. 278.

 

 


sexta-feira, 26 de agosto de 2022

 


ELES ANTES


LIVRO  DA ESPERANÇA  Chico Xavier, pelo Espírito  Emmanuel 


“Quando deres um festim, não convides teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar e te seja isso recompensado.”    (Lucas, 14: 12)

“Por festins deveis entender, não os repastos propriamente ditos, mas a participação na abundância de que desfrutais.” ( Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. 13, Item 8)


“Quando derdes um festim, disse Jesus, não convideis para ele os vossos amigos, mas os pobres e os estropiados”. Decerto que o Divino Orientador não estabelecia a desistência das relações fraternais, nem o abandono do culto às afinidades do coração. 

Considerando, porém, a Humanidade por família única, induzia­-nos a observar os irmãos menos felizes na categoria de credores principais de nossa atenção, à maneira de enfermos queridos, que esperam no lar a prioridade de assistência por parte daqueles que lhes comungam o mesmo sangue. 

Nas celebrações da alegria, é inútil convocar os entes amados, de vez que todos eles se encontram automaticamente dentro delas. Recorda os que vivem no mundo, sob as algemas de austeras privações e partilha com eles as vantagens que te felicitam a vida. 

Se exerces autoridade, é natural te disponhas à sustentação dos companheiros honestos que te apoiam a luta. Antes deles, no entanto, pensa no amparo que deves a todos os que padecem aflição e injustiça. 

Obtiveste merecimentos sociais elevados pelos títulos de competência que granjeaste a preço de trabalho e de estudo, e, com semelhantes valores, é razoável te empenhes no reconforto, a benefício dos que viajam no carro de tuas facilidades terrestres. Antes deles, contudo, atende à cooperação em favor dos que jazem cansados nas provas sem remédio. 

Desfrutas extensa possibilidade econômica, na qual é compreensível te devotes a obsequiar os amigos do teu nível doméstico. Antes deles, toda via, socorre os que esmorecem de fadiga e penúria, para quem, muitas vezes, a felicidade reside num sorriso amistoso ou num prato de pão. 

Amealhaste conhecimento e, nos tesouros culturais que adquiriste, é justo te aprazas nos torneios verbais de salão, enriquecendo o cérebro dos ouvintes que te respiram as normas superiores. Antes deles, porém, divide a luz que te clareia o mundo mental com os irmãos do caminho, que se debatem ainda, na noite da ignorância. 

Jesus não te pede a deserção dos círculos afetivos. Ele próprio, certa feita, asseverou aos companheiros de apostolado: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o meu senhor; chamo-­vos amigos, porque vos revelei tudo quanto ouvi de meu. Pai”. Com os amigos, entretanto, consagrou-­se primeiramente a aliviar a carga de todos os sofredores, como a dizer-­nos que todos podemos cultivar afeições preciosas que nos alentem as energias, mas à frente dos que choram, nos transes de dolorosas necessidades, é preciso, adotar a legenda “eles antes”.